capítulo 13

O portal de pedra era poderosamente guardado por uma quantidade assustadora de cavaleiros fortemente armados. A pesada folha de madeira estava içada, deixando acesso livre a quem quisesse adentrar e sair dos domínios da cidade da luz. Elizabeth conseguiu avistar uma multidão aglomerada. Eles estavam sendo dispersos pelos guardas para liberar passagem para a extensa comitiva que começava a adentrar no interior da cidade, como um enxame de abelhas.

Os olhos de Elizabeth observavam com grande curiosidade as ruas apinhadas de pessoas, casas de tamanhos e formatos diversos, comércios de uma infinidade sem fim de produtos, tudo colorido, muito movimentado e alegre. Ela estava maravilhada com a imagem agradável diante de si.

Callister guiou o cavalo através da avenida principal, era decorada com canteiros de flores, bancos de madeira e postes de iluminação onde no topo a bandeira do Império tremulava em uma saudação. Tudo era muito gracioso e lindo.

O palácio se localizava no extremo da capital, ficando longe o suficiente da entrada principal e próximo às colinas de topos brancos de neve. Todo aquele percurso durou mais de uma hora, mas Elizabeth não se cansou de observar a quantidade infinita de coisas novas que surgiam à sua frente.

Quando finalmente chegaram na imensidão que era a propriedade palaciana, ela se remexeu inquieta. Estava embasbacada e maravilhada, mas também assustada. Ali seria o seu lar por pelo menos um ano. O que a esperava no interior daqueles muros altos? Que tipo de pessoas conheceria? O que lhe aconteceria? Tantas perguntas começaram a rodar por sua mente, mas logo foram dissipadas quando o portão de grades brancas se abriu. Callister adentrou, iniciando um percurso menor quando comparado ao feito anteriormente até a chegada ao palácio, mas ainda assim longo.

Eles atravessaram os extensos e graciosos jardins, o perfume floral adentrava nas narinas de Elizabeth, como um olá agradável e suave. Havia estátuas de mármore, fontes gigantescas que jorravam uma água pura e cristalina, bancos, árvores mirradas e diligentemente podadas. Tudo era harmonioso e agradável de se olhar, ela poderia passar uma vida caminhando naquele belo lugar.

Por fim, se aproximavam da magnífica construção. O palácio. Parecia ser uma afronta aos deuses em seu tamanho, torres altas tentavam competir com os picos monstruosos que se erguiam ao seu lado, ousando se aproximar o máximo possível do céu.

— Mas é gigante — exclamou, estupefata.

— A morada do sol não pode ser tão próxima à terra — Callister murmurou, como se lembrasse de algo que lhe era recitado por anos a fio.

Ela avistou a entrada do palácio, em frente as escadarias largas, estava um grande número de pessoas para recebê-los. Uma parte ela julgou ser empregada pelas vestes e outras pareciam pertencer à corte palaciana.

Callister puxou as rédeas do cavalo, parando próximo a entrada principal. Ele desmontou do cavalo e em seguida ajudou Elizabeth a descer. Suas mãos permaneceram nas costas da princesa protetoramente.

Um homem de aparente meia idade se aproximou humildemente e se curvou, o restante seguiu o seu gesto.

— Glória e vida eterna ao Imperador Callister, que retorna com a luz para a morada do sol — Elizabeth precisou segurar o riso. Era engraçada a maneira pomposa com a qual o homem se referia a Callister, especialmente ao compará-lo com o sol, justamente ele, que mais parecia o deus da noite do que qualquer outra coisa.

— É um prazer estar de volta — cumprimentou, secamente — preciso que prepare os aposentos da princesa Elizabeth de Guinness, ela ficará no lado sul.

— Lado sul? — o mordomo perguntou em um engasgo. Elizabeth notou a expressão de espanto no restante dos empregados e dos cortesãos. Não sabia se era algo preocupante ou não.

— Sim. Quarto 1517.

— Como quiser, majestade — respondeu, curvando-se elegantemente. Em seguida, virou-se para a princesa num sorriso cordial — acompanhe-me, alteza — Elizabeth se virou para o Imperador, ele acenou para que ela fosse.

—Bem, foi uma viagem bastante agradável. Imagino que não nos veremos com frequência, então adeus — Elizabeth notou um olhar brincalhão em Callister que respondeu, divertido:

— Nos veremos com mais frequência do que imagina, princesa. Agora vá descansar, a viagem foi bastante exaustiva — ela acenou em resposta e então seguiu o mordomo, passando pela comitiva aglomerada para receber o seu governante.

Os palacianos a olhavam de maneira ressabiada e curiosos. Ela se sentiu desconfortável, mas rapidamente se esqueceu do sentimento, pois foi pega desprevenida pelo suntuoso interior da construção.

O chão de turmalina azul era polido e brilhante, era como se pisasse na superfície plácida dum lago. As paredes decoradas com entalhes florais eram ricamente adornadas com folhas de ouro. Também havia estátuas de mármore de deuses e ninfas e no teto, afrescos com as estações do ano.

O homem a guiou pela escadaria coberta por um tapete dourado enquanto ela observava tudo maravilhada.

Não importava por quantos corredores atravessavam ou onde quer que olhava, sempre avistava algo novo que a deixava encantada e assombrada.

— Está gostando? — o mordomo perguntou.

— É tudo tão lindo e encantador, não pensei que fosse possível um lugar como esse existir — ele abriu um sorriso.

— Essa construção foi erguida pelo primeiro Imperador. Levou décadas para que ficasse pronta, ele não conseguiu viver o suficiente para ver o Palácio do sol finalizado. Como pode ver, existem alguns pontos em que as paredes são substituídas por janelas, deixando que uma grande quantidade de luz natural adentre no interior do palácio. Quando estiver descansada, irei lhe apresentar os pontos principais — ela anuiu em concordância.

Elizabeth começou a sentir um incômodo terrível em seus pés, a sensação que sentia era de que acabara de andar centenas de quilômetros. Por que Callister a colocou em um lugar tão longe? Provavelmente queria se ver livre dela o quanto antes, ao menos assim pensou.

O mordomo parou frente a uma porta de madeira esmaltada de um azul claro.

— Esse será o seu quarto — ele anunciou

— Agradeço por me guiar gentilmente até aqui, o senhor foi uma companhia muito agradável — disse gentilmente, despedindo-se do mordomo que se curvou elegantemente.

— O prazer foi meu em guiá-la, alteza. Qualquer inconveniente que encontrar, não hesite em me chamar — Elizabeth acenou com a cabeça. Sentia-se exausta demais para fazer qualquer coisa que não fosse se jogar em uma gigantesca cama para adormecer profundamente, contudo todo aquele cansaço se dissipou ao avistar a imensidão do cômodo que acabara de tomar posse.

A princesa adentrou na sala maravilhada. As paredes eram de um rosa perolado com entalhes de rosas brancas de gesso. A lareira que ficava no canto do quarto estava desligada e ao seu redor sofás e poltronas dispersos de cores neutras e cobertos por mantas e almofadas coloridas. Elizabeth caminhou pelo cômodo, observando-o, sem notar, pisou em cima de um tapete tecido à mão. Ela não conseguiu distinguir a imagem que o estampava, mas seus olhos atentos identificaram fios de ouro fazendo parte da composição. Havia mesas de canto decoradas com flores frescas, uma longa e gigantesca escrivaninha abastecida com materiais de escrita, uma estante vazia, pronta para ser enchida de livros diversos e no centro, um piano de cauda branca. Ela passou os dedos sobre a madeira lustrosa. Seus olhos vagaram pela sala e se deparou com uma porta branca. Estava indo para o quarto de dormir, que era tão grande quanto a saleta que deixou atrás de si.

Elizabeth ignorou completamente a decoração que ali havia, focando seus olhos na cama imensa com um teto de dossel onde um tecido translúcido caía em sua lateral.

Ela estava prestes a se jogar na cama convidativa quando se lembrou do suor e sujeira que lhe impregnava. Ansiosa por se banhar, ela procurou por um sinete ou corda que houvesse para chamar por empregados, mas não achou nenhum. Com os cantos dos olhos, avistou duas portas. Uma dava para um closet vazio e imenso. Ela sabia que suas roupas não seriam o suficiente para enchê-lo. A outra porta dava para a saleta de banho que para a sua surpresa tinha uma banheira com água perfumada pronta para recebê-la. Sem pensar duas vezes, retirou as roupas num frenesi e adentrou, sentindo o líquido irrigar por seus cabelos e envolver-lhe o corpo por completo.

A banheira era grande o suficiente para que conseguisse ficar com o corpo esticado e mergulhar. Diligentemente, ela se limpou, retirando qualquer resquício da sujeira e quando terminou, secou-se e deitou-se sobre a cama. Estava quente o suficiente para não considerar colocar uma roupa e a brisa fresca que adentrava através de sua sacada era agradável o suficiente para se preocupar em cobri-lo.

Embalada pelo sopro do vento que lhe acariciava, Elizabeth adormeceu instantaneamente.

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Comments

Rosária 234 Fonseca

Rosária 234 Fonseca

acredito que ele esta perto do quarto

2024-10-08

1

Gelcinete J. Rebouças

Gelcinete J. Rebouças

Um palácio majestoso ♥️

2024-09-13

0

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90 Epílogo
91 Agradecimento
92 Ambição/A filha do Duque
93 A Empregada do Rei
Capítulos

Atualizado até capítulo 93

1
Prólogo
2
capítulo 1
3
Capítulo 2
4
capítulo 3
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6
capítulo 5
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