Elizabeth guiava o seu cavalo ao lado de Asher e dos outros cavaleiros que naquele momento se tornaram bem próximos. Já faziam alguns dias que o grupo viajava em conjunto, tornando-se próximos o suficiente para terem conversas divertidas. Evidentemente, o cavaleiro Asher foi o principal responsável por deixá-la à vontade com o restante da guarda que se mostraram uma companhia bastante agradável.
— Então você acertou a cabeça de Sir Armand? — Elizabeth disse entre risos.
— Esse pateta me confundiu com o urso que estávamos caçando, sorte que estava bêbado demais para aplicar um golpe decente e então ele fez isso — exclamou apontando para onde em meio a cabeleira havia uma falha e uma cicatriz. Elizabeth teve calafrios.
— Minha nossa, pobrezinho de você! Ainda bem que se recuperou.
— Ele está exagerando. Esse aqui tem a cabeça mais dura que uma rocha, além do mais, como não poderia confundi-lo com um urso? Acho que é mais peludo do que um — outro retorquiu, esfregando gentilmente o punho sobre a cabeça de Armand. Elizabeth riu.
— A princesa usa algum tipo de arma? — Gerard perguntou. Todos ficaram em silêncio, aguardando a resposta de Elizabeth.
— Receio que não.
— Nem um arco e flecha? — Elizabeth negou com a cabeça e complementou:
— Meu pai tinha medo de que saísse atirando nos outros, veja só! Como se eu fizesse algo assim.
— Então precisamos lhe ensinar — todos acenaram em concordância.
— Não sei se Callister será a favor disso… — disse procurando pelo imperador, que estava a longos metros de distância e dificilmente poderia ouvi-los.
— Como se a princesa fosse alguém que seguisse ordens — um deles comentou atraindo risadas entre si. Elizabeth os acompanhou.
— Experimente — um deles lhe entregou a aljava cheia de flechas e o arco.
— De freixo, a melhor madeira que um arco poderia querer.
— Mas querem que eu treine agora? E se acertar alguém?
— É por isso que usamos armadura — Armand disse, batendo sobre o metal que cobria o seu corpo.
— E essas estão sem ponta. O máximo que vão fazer é cegar alguém.
— Estou muito mais tranquila agora — retrucou ironicamente, segurando o arco desajeitadamente. Os cavaleiros olharam entre si.
— Por que não paramos um pouco? Podemos treinar naquela árvore — Asher disse apontando para o que parecia uma macieira. Sem delongas, Elizabeth acompanhou o grupo em direção à macieira. Eles improvisaram um círculo no meio do tronco.
Asher lhe instruiu cuidadosamente, ajeitando o arco em suas mãos e lhe indicando a posição certa.
— Agora relaxe e mire na direção certa. Está ventando um pouco, espere…. Pronto. Respire fundo e solte a corda — Elizabeth seguiu os seus comandos e soltou. A flecha voou para bem longe do tronco. Os cavaleiros riram.
— Vamos princesa, dobre a flecha à sua vontade! — incentivos se iniciaram entre os cavaleiros e Elizabeth sorriu para eles.
Mais uma vez se preparou. Asher a ajudou corrigindo alguns pontos de sua posição. Ela soltou. A flecha quase atingiu o circo.
Elizabeth não se lembrava de quantas vezes repetiu o processo, apenas sabia que foi por tempo o suficiente para seus músculos reclamarem de dor e o cansaço lhe reivindicar. Ao notar o cansaço atingindo a princesa, Asher a interrompeu, recolhendo os materiais e os guardando.
— É o suficiente por hoje princesa, podemos treinar outro dia — o cavaleiro lançou um olhar distante para além do grupo e murmurou uma praga — estamos encrencados rapazes — Elizabeth acompanhou o olhar do grupo e avistou Callister galopando a todo vapor em sua direção. Ela notou que as últimas fileiras estavam distantes e o sol já tinha passado do ponto do meio dia.
— Como o tempo passou tão rápido? — exclamou, abismada.
Callister parou o cavalo. Sua expressão estava ameaçadora e Elizabeth podia sentir os arrepios tomando conta de seu corpo. Ela tinha certeza de que nada de bom surgiria dali. Engolindo em seco, tomou a frente do grupo.
— Eu sinto muito, eu pedi para que…
— Não princesa, não faça isso. Nós somos os únicos responsáveis, queríamos ensinar a princesa a manusear o arco e flecha. Sentimos muito, majestade — os cavaleiros se curvaram humildemente perante Calister que ainda estava com uma expressão sombria em sua face.
— Conversaremos sobre isso mais tarde — disse secamente então virou-se para Elizabeth — a partir de agora viajará em minha companhia — Elizabeth se virou tristemente para os homens gentis que lhe acompanhavam. Eles lançaram-lhe um sorriso e acenaram para ela, que os retribuiu.
A princesa montou em seu cavalo e acompanhou Callister, que estava silencioso. Mesmo com a sua mente gritando para não se aproximar muito e ficar em silêncio, ela não podia ignorar o destino terrível que esperava seus amigos.
— Callister, você não vai punir severamente os cavaleiros, vai? — perguntou timidamente, atraindo sua atenção. Ele suspirou profundamente.
— Eles saíram da formação, lhe deram arco e flecha e lhe treinaram sem minha autorização. Não posso deixá-los impunes.
— Nesse caso, eu preciso de uma punição também — suas palavras o pegaram de surpresa — eu estava com eles, não é justo que sejam os únicos a receber a culpa.
— Você me surpreende cada vez mais — admirou — mas o seu caso é completamente diferente. Você é minha convidada, não deve ter a mesma obediência que meus cavaleiros, principalmente aqueles de alto nível — Elizabeth anuiu, mas não havia desistido.
— Que tipo de punição pretende dar a eles? — Callister a observou pelo canto dos olhos.
— Não deveria se preocupar com isso, eles são treinados para resistir a qualquer adversidade.
— Ainda assim, me sinto culpada e responsável pela punição deles — o Imperador suspirou profundamente — promete que não será cruel com eles?
— Podemos continuar essa conversa mais tarde. Agora, devemos tomar a frente novamente — dito isso, ele deu dois toques na lateral do cavalo com suas botas metálicas e rapidamente o corcel galopava em direção a linha de frente. Elizabeth repetiu o gesto.
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Atualizado até capítulo 93
Comments
Rosária 234 Fonseca
espero que ele a possa ouvir sobre o assunto
2024-10-08
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Rosária 234 Fonseca
kkkk bem reconfortante kkkk
2024-10-08
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