Conversa

A arena estava se esvaziando quando Samuel, ainda respirando com dificuldade e sentindo o peso da luta nos braços, virou-se para Harua. Com um sorriso meio desajeitado, ele exclamou:

"O que vocês dão pra esse moleque comer? Ele tem mó socão, meu braço quase foi de arrasta!"

Harua, com um sorriso sereno e confiante, respondeu em um tom neutro, mas que trazia um certo peso: "Você teve sorte, Samuel. Aki sequer usou 50% da força verdadeira. Ele estava só acompanhando seu ritmo pra não acabar com seus braços."

Ao ouvir isso, Samuel sentiu um calafrio correr pela espinha. Ele olhou para o juiz, e seu sorriso desapareceu por um instante. "Só 50%?", murmurou, meio incrédulo e meio impressionado. Mesmo com toda sua experiência, Samuel tinha sido completamente dominado, e agora entendia que Aki ainda estava pegando leve.

Enquanto saia da arena, ele não conseguia parar de pensar no quão surreal aquilo tudo parecia. Mesmo assim, o respeito por Aki crescia. Samuel era orgulhoso, mas sempre respeitava aqueles que provavam ter habilidade de verdade. Agora, esse garoto que o havia superado sem esforço estava ali, diante dele, e Samuel, pela primeira vez em anos, chamou alguém pelo nome como sinal de respeito.

Ele encontrou Aki do lado de fora da arena. O jovem estava ajeitando seu kimono roxo, sua postura relaxada como se nada demais tivesse acontecido. Samuel se aproximou, encostando-se a uma das paredes e cruzando os braços. Depois de um breve momento de silêncio, ele finalmente quebrou o gelo:

"Aí, Aki... Qual é o plano pra frente? Que que você tá tramando?"

Aki, com seu olhar penetrante e imperturbável, deu um leve sorriso antes de responder: "Eu preciso de aliados fortes, Samuel. Pessoas que possam ser úteis quando o momento certo chegar. Uma torre vai aparecer no futuro, e será a porta para algo muito maior."

Samuel piscou, tentando processar a informação. "Torre? Que tipo de torre você tá falando?"

Aki apenas o encarou, deixando um ar de mistério no ar. "Você vai ver quando chegar a hora. Só precisa saber que essa oportunidade vai exigir o máximo de quem participar. E eu quero pessoas ao meu lado que estejam dispostas a ir até o fim."

Samuel riu, meio intrigado e meio empolgado. "Parece maluquice, mas... tô dentro. Que que eu faço agora, chefe?"

Aki colocou a mão no ombro de Samuel, sinalizando que estava começando uma nova fase para ambos. "Por enquanto, se prepare. Vou precisar de você em breve, e quero ver do que você realmente é capaz."

Samuel assentiu, e um sorriso divertido surgiu em seu rosto. "Beleza, Aki. Vou fazer valer o seu investimento."

Enquanto caminhavam em direção às arquibancadas, Aki e Samuel continuaram a conversa, o clima entre eles agora mais leve, quase como se estivessem trocando ideias entre amigos.

"Então, Aki, me conta mais sobre esses planos. Você tá montando uma equipe ou algo assim?" perguntou Samuel, curiosidade brilhando em seus olhos.

"Exato. Estou buscando pessoas que sejam não apenas fortes, mas que também saibam como trabalhar em equipe. E, claro, que se empenhem para crescer. Por exemplo, eu tenho um... projeto em mente que pode te interessar."

Samuel arqueou uma sobrancelha. "Que tipo de projeto?"

"Ainda não posso revelar muito, mas você vai ser bem pago. Estou pensando em oferecer 20 mil dólares por mês. Se você se empenhar e demonstrar que pode dar ainda mais, o valor pode subir."

Samuel ficou surpreso, parando de andar por um momento enquanto processava a informação. "20 mil dólares por mês? Isso é muito dinheiro, moleque. Você não tá brincando, tá?"

"Não estou. E esse é só o começo. Se você se destacar, vai valer a pena pra mim e pra você." Aki disse, mantendo seu tom sério.

"Então, se eu entendi certo, você tá me dizendo que eu posso ganhar uma grana boa e ainda ter a chance de fazer parte de algo grande?" Samuel perguntou, voltando a caminhar ao lado de Aki.

"Exatamente. E também quero alguém que não tenha medo de sujar as mãos, se precisar. Esse tipo de trabalho não é para os fracos," Aki respondeu, seu olhar fixo na arena à frente.

"Eu sou a pessoa certa pra isso, então. Pode contar comigo," Samuel disse, um sorriso audacioso se formando em seu rosto. "Só espero que você me pague bem, hein?"

"Eu pago em dia. A questão é: você está disposto a colocar o esforço? Essa vida não é só diversão e dinheiro; é sobre provar seu valor," Aki respondeu, enquanto se sentavam nas arquibancadas, observando as lutas em andamento.

"Pode deixar. A última coisa que quero é ficar parado enquanto você tá subindo. Eu quero crescer junto," Samuel afirmou, determinado.

Enquanto observavam o torneio, Samuel não pôde deixar de perguntar: "E quem é esse tal de Lagarto que você mencionou? Ele é forte?"

"Ele é... complicado. Um lutador muito habilidoso, mas tem seus próprios métodos. Ele pode ser um pouco excêntrico. Mas ele também pode ser um bom ativo se eu conseguir convencê-lo a se juntar a nós," Aki respondeu, pensando no homem que sempre se movia como um réptil, ágil e imprevisível.

"Complicado como? Ele é um maluco?" Samuel perguntou, rindo.

"Em certo sentido, sim. Mas é um maluco que sabe lutar," Aki disse com um leve sorriso. "Ele tem um jeito peculiar de ver o mundo. Às vezes, suas ideias podem parecer estranhas, mas ele é mais do que isso."

"Eu gosto desse tipo de gente. Os melhores malucos são os que têm uma visão diferente, certo?" Samuel comentou.

"Sim. E eles podem se tornar valiosos aliados se você souber como trabalhar com eles," Aki respondeu, olhando para os lutadores no ringue enquanto a luta continuava.

"Beleza, vamos ver se consigo fazer amizade com esse Lagarto. O que mais você tem em mente para a nossa equipe, Aki?" Samuel perguntou, sentindo-se cada vez mais entusiasmado.

"Quero que cada um traga suas habilidades únicas para a mesa. Precisamos de diversidade. Cada um de vocês pode desempenhar um papel crucial," Aki explicou, gesticulando levemente para enfatizar suas palavras.

"Então, você realmente acredita que podemos fazer algo grande, né? Ouvindo você falar, parece que já temos uma equipe antes mesmo de estarmos completos," Samuel disse, sorrindo, e Aki assentiu.

"Exatamente. E essa equipe vai ser forte, unida e determinada. Um verdadeiro exército para o que está por vir," Aki declarou, seu tom sério mas com uma centelha de esperança em seus olhos.

"Eu tô dentro, Aki. Vamos fazer isso acontecer," Samuel respondeu, determinado.

Com isso, eles se acomodaram nas arquibancadas, prontos para assistir às próximas lutas e sonhar com o que estava por vir, unidos por um objetivo maior e pela promessa de um futuro cheio de desafios e oportunidades.

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