onis gêmeos

Harua sabia que, para empurrar Aki além de seus limites e realmente testar o que ele era capaz, precisaria colocar o jovem prodígio em uma situação extrema. Derrotar os espadachins do clã com tanta facilidade não era um teste adequado para alguém como Aki. Ele precisava enfrentar oponentes que realmente o forçassem a pensar, lutar e sobreviver.

Foi por isso que Harua decidiu chamar os gêmeos Kin e Shin, conhecidos como Oni Branco e Oni Negro. Eles eram os espadachins mais habilidosos da Yakuza, apenas superados por Harua. Além disso, sua sincronia era lendária, como se compartilhassem uma única mente em dois corpos. Ninguém jamais havia vencido os dois em combate, exceto Harua. Se Aki queria aprender a verdadeira arte da espada, teria que enfrentar esses dois monstros.

"Aki," começou Harua, enquanto os gêmeos se aproximavam. Kin, o Oni Branco, com cabelos brancos como a neve e uma máscara de oni, trajava um kimono branco impecável. Shin, o Oni Negro, usava um kimono negro como a noite, seus cabelos e máscara iguais aos do irmão. Ambos carregavam duas espadas de madeira, uma em cada mão, e seus movimentos eram precisos, quase silenciosos. "Você vai enfrentar Kin e Shin. Eles não vão pegar leve, e se você subestimá-los, poderá até morrer."

Aki, com seu rosto inexpressivo, apenas assentiu. Ele não se deixava intimidar, mesmo sabendo da fama dos dois. Para ele, era apenas mais uma batalha para aprimorar suas habilidades e se tornar mais forte.

Harua deu um passo para trás, deixando o centro do dojo livre para a luta. Os gêmeos se entreolharam, trocando um olhar que não precisou de palavras. Em seguida, viraram-se para Aki, suas presenças avassaladoras.

"Nós somos Oni Branco e Oni Negro," disse Kin, com sua voz calma, porém carregada de um perigo implícito. "Aqueles que enfrentam nossas lâminas raramente saem vivos."

"Estamos ansiosos para testar você," completou Shin, a voz grave e ameaçadora.

Harua, observando de perto, cruzou os braços. Ele sabia que Aki estava prestes a enfrentar um desafio sem precedentes, mesmo para ele. "Vamos ver do que você é feito, garoto."

A luta começou de maneira explosiva. Os gêmeos avançaram ao mesmo tempo, movendo-se com uma sincronia assustadora. Suas espadas de madeira cortavam o ar em padrões complexos, atacando Aki por todos os ângulos. Kin, o Oni Branco, atacava pela esquerda com um golpe alto, enquanto Shin, o Oni Negro, vinha pela direita, mirando as pernas de Aki.

Aki, no entanto, se movia com a mesma calma que exibia em todos os seus combates. Seus reflexos sobre-humanos permitiam que ele bloqueasse os ataques simultâneos com precisão. As espadas de madeira se chocavam contra as suas, o som dos impactos ecoando pelo dojo. Mas, como Harua logo percebeu, algo estava diferente. Aki não estava apenas reagindo aos ataques — ele estava estudando os padrões dos dois irmãos.

"Ele está apenas se defendendo," Harua pensou, seus olhos estreitando-se enquanto analisava o combate. "Mas ele está aguentando. Isso é impressionante... quatro lâminas atacando de forma coordenada, e ele está bloqueando tudo."

Kin e Shin atacavam com fúria, sem dar espaço para Aki contra-atacar. Suas espadas de madeira eram rápidas, precisas e implacáveis. Cada golpe parecia desenhado para deixar Aki sem alternativas. Eles se moviam como sombras ao redor dele, suas espadas sempre em movimento. A sincronia dos gêmeos era perfeita, como se fossem uma extensão um do outro. Era um verdadeiro espetáculo de coordenação e habilidade.

Por um tempo, Aki apenas defendia, recuando com calma, seus olhos fixos nos dois oponentes. Ele bloqueava, desviava e evitava ser encurralado, mas não revidava. Harua percebeu que Aki estava aguardando o momento certo.

"Esses dois não vão dar-lhe uma abertura," pensou Harua, suas sobrancelhas franzidas em concentração. "A menos que... Aki esteja estudando o padrão deles."

E então, de repente, Aki mudou sua abordagem. Seus olhos brilharam com uma nova intensidade enquanto ele ajustava sua postura. Ele parou de recuar e, ao invés disso, começou a avançar.

Os gêmeos notaram a mudança, mas continuaram seus ataques implacáveis. No entanto, Aki começou a antecipar os golpes com uma precisão assustadora. Quando Kin atacou com uma estocada alta, Aki desviou para a esquerda, passando a espada de madeira por baixo da lâmina do Oni Branco e empurrando-o para fora de equilíbrio. No mesmo instante, Shin tentou cortar as pernas de Aki, mas ele já estava fora de alcance, desviando para o lado e golpeando a espada de Shin com tanta força que quase a arrancou de suas mãos.

"Ele está começando a superá-los," pensou Harua, impressionado. "Mas como... tão rápido?"

Kin e Shin intensificaram os ataques, mas Aki agora estava à frente deles. Ele não apenas bloqueava; ele os manipulava. Seus movimentos se tornaram mais agressivos, mais calculados. Ele estudou o padrão de ataque dos gêmeos e agora estava um passo à frente. Cada vez que eles atacavam, Aki não apenas se defendia, mas também atacava de volta, desarmando seus oponentes psicologicamente.

Em um momento de pura habilidade, Aki desviou de um ataque duplo dos irmãos, girando seu corpo para evitar as lâminas, e em um único movimento rápido, desferiu dois golpes precisos nas espadas de madeira deles. As lâminas de madeira dos gêmeos se partiram ao meio com um som estridente.

O dojo ficou em silêncio por um momento. Kin e Shin pararam, olhando para as espadas quebradas em suas mãos. Suas máscaras de oni, que nunca haviam sido tocadas em combate, estavam em frangalhos, rachadas pelo impacto dos golpes de Aki. Eles se entreolharam, ainda ofegantes, antes de olharem para Aki, que permanecia de pé, calmo e imperturbável.

"Nós... fomos derrotados," disse Kin, sua voz pesada com a realização.

"Por um garoto," completou Shin, com um suspiro, antes de deixarem as espadas quebradas caírem ao chão.

Harua descruzou os braços e deu alguns passos à frente. Ele olhou para os irmãos Oni com um leve aceno de cabeça, antes de se voltar para Aki.

"Incrível," disse Harua, em um tom que quase parecia admirado. "Você conseguiu superar Kin e Shin. Ninguém faz isso... além de mim."

Aki permaneceu em silêncio, ainda segurando sua espada de madeira. Ele estava satisfeito com o resultado, mas não deixou isso transparecer. Para ele, era apenas mais um passo em direção ao seu objetivo.

Harua se aproximou de Aki, seus olhos avaliando o jovem mais uma vez. "Você é diferente, Aki. Há algo em você que nem mesmo eu consigo entender completamente. Mas uma coisa é certa..."

Ele fez uma pausa, observando o dojo silencioso, onde espadachins quebrados e cansados se recuperavam.

"Você vai se tornar uma força que o mundo nunca viu antes."

Aki olhou para Harua, seus olhos brilhando com determinação.

"Esse é o plano," respondeu ele, simplesmente.

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