Com Tyler mais calmo e o sorvete terminado, Aki decidiu levá-lo para ver um pouco mais da cidade. A noite já começava a cair sobre Tóquio, e as luzes vibrantes da cidade refletiam nos olhos de Tyler, que parecia redescobrir a curiosidade e a admiração, emoções que havia deixado para trás com seu passado sombrio.
Os dois caminharam pelas ruas iluminadas, e Tyler não pôde deixar de comentar:
"Esse lugar… parece que é de outro mundo."
Aki assentiu, observando as expressões do garoto, cada sorriso tímido e cada olhar de espanto. "Isso tudo também pode ser seu mundo, Tyler. Desde que você saiba o que quer, o resto é uma questão de força e de persistência."
Os olhos de Tyler brilharam com determinação renovada ao ouvir as palavras de Aki. Agora ele sabia que tinha um propósito, algo pelo qual viver e lutar. Ele olhou para Aki com respeito e perguntou:
"Você realmente vai me ajudar a acabar com a gangue que destruiu minha família, certo?"
Aki fez um leve aceno de cabeça. "Eu prometi. Mas você terá que se tornar forte. Eles não são o tipo de inimigo que pode ser derrotado facilmente. Precisaremos de tempo e preparo, mas eu te ensinarei tudo o que precisar saber."
Quando voltaram para a residência Yamazaki, alguns dos membros que viram Aki retornar estavam novamente espantados. Sua presença já era intimidadora, mas com Tyler ao seu lado, ele parecia assumir um papel quase paternal. A notícia da missão de Aki e da aniquilação do Clã do Dragão já havia se espalhado entre os membros da Yakuza, e muitos deles viam agora o garoto ao seu lado com respeito, reconhecendo o futuro que ele representava.
Alguns dias depois, Aki deu início ao treinamento de Tyler. Ele sabia que o garoto precisava ser forte para obter a vingança que tanto buscava. Começaram com a disciplina básica: treinamento físico, fortalecimento da resistência mental, e, com o tempo, Aki começou a introduzir Tyler nas técnicas de combate. Sabia que, como ele, Tyler teria que aprender a não se distrair com a dor ou hesitar em combate.
Entre os intervalos de treino, Aki observava como Tyler assimilava cada lição. Em muitos aspectos, o garoto lembrava Aki de si mesmo — determinado, mas marcado por experiências traumáticas. Aki sabia que havia um longo caminho pela frente, mas acreditava que poderia moldar Tyler em um guerreiro implacável, alguém capaz de caminhar pelo submundo sem ser engolido por ele.
Enquanto Tyler praticava, Aki refletia sobre os desafios que ainda teria que enfrentar para alcançar seus objetivos. A aniquilação do Clã do Dragão foi apenas o primeiro passo em sua jornada para conquistar o submundo, e ele sabia que teria que enfrentar inimigos cada vez mais poderosos para ascender dentro da Yakuza.
Foi então que ele ouviu passos se aproximando. Seichiro, o tio que ele mal conhecia, apareceu à porta, observando Tyler treinando. Ele olhou para Aki com uma expressão pensativa e comentou:
"Vejo que você está treinando o garoto. Quer transformá-lo em um soldado, ou isso é apenas parte do seu plano para o futuro?"
Aki o encarou, mantendo o olhar frio de sempre. "Tyler tem um desejo de vingança. Eu apenas o estou preparando para sobreviver e lutar no mundo que o espera. Ele será uma peça importante naquilo que estou construindo."
Seichiro sorriu de maneira enigmática. "Interessante… Só não se esqueça, Aki, que o submundo é um lugar de ambição, mas também de lealdade. Se ele for leal a você, não o trate como apenas uma ferramenta. Isso poderia custar caro."
"Eu sei," Aki respondeu, mas sem desviar o olhar. Sabia que a lealdade era algo que muitos consideravam sagrado na Yakuza, mas, para ele, tudo se resumia a objetivos. Tyler era valioso porque compartilhou do mesmo sofrimento e, por isso, também sabia o que significava carregar o peso de uma promessa.
Com o tempo, os dias passavam e Tyler se fortalecia, tanto física quanto emocionalmente, com cada lição que recebia de Aki. Ele sentia que sua vida finalmente tinha um propósito, e a promessa de vingança era o que o mantinha firme. Aki, por sua vez, observava a transformação do garoto e sabia que logo estariam prontos para dar o próximo passo em direção ao domínio do submundo e da tão esperada justiça.
Dois dias antes do torneio, Seichiro chamou Aki para uma conversa particular. Em um salão silencioso, iluminado apenas pela luz difusa das lanternas, Seichiro se encostou em uma coluna, observando Aki com seu olhar frio e avaliador. Havia uma tensão no ar, mas Aki se manteve impassível, esperando que seu tio tomasse a iniciativa.
"Você chegou rápido ao topo da nossa hierarquia, garoto. Mas isso não significa que é visto como um de nós," começou Seichiro, sem rodeios. "Para ser um verdadeiro Yamazaki — para ser um verdadeiro yakuza — há mais do que só habilidades em combate. Um yakuza tem princípios. Honra, lealdade… um propósito que é mais do que força ou fama."
Aki continuou a encará-lo, os olhos impenetráveis como sempre. Mas, pela primeira vez, houve um leve brilho de curiosidade. Ele sabia que, embora a força fosse crucial, o submundo da Yakuza tinha uma complexidade que ele ainda estava começando a entender.
"Eu compreendo isso," respondeu Aki, firme, embora não demonstrasse a emoção que talvez esperassem dele. "Para mim, tudo se resume a cumprir meu objetivo. A lealdade que espero de Tyler, a confiança que Shigen e Harua me concederam… tudo faz parte do caminho que tracei."
Seichiro franziu o cenho, demonstrando uma mistura de irritação e admiração.
"Sempre tão prático, não é? Essa frieza… essa falta de emoção. Eu não espero que você mude, mas entenda: em nossa família, você terá que provar o que valoriza, para que possamos confiar completamente em você. Não sou tolo; percebo que, por trás de cada movimento seu, existe um objetivo claro. Mas eu quero saber se, algum dia, estará disposto a lutar não apenas por si, mas por algo maior."
Aki, pela primeira vez, desviou o olhar, ponderando o que o tio acabara de dizer. Ele nunca havia pensado em sua vida como algo que servisse a uma causa além dele mesmo. Mas também sabia que, para Shigen e para muitos outros da Yakuza, essa dedicação ao clã era o que dava sentido a suas ações.
"Eu entendo que minhas ações precisam de algo além do propósito próprio," ele começou, de forma calculada. "A lealdade será demonstrada quando o clã entender que meus atos são por nosso poder… que minha força é uma extensão de nossa família."
Seichiro observou Aki por um momento antes de abrir um leve sorriso, quase imperceptível, mas sincero.
"Você ainda precisa me convencer de tudo isso, Aki. Mas, sabe… apesar de toda essa frieza, há algo em você que é… interessante." Ele deu um passo à frente, colocando a mão no ombro de Aki. "Eu talvez nunca venha a confiar em você da maneira que confio em Harua ou em Shigen. Mas, garoto… espero que você se prove no torneio. Mostre a todos, mas principalmente a mim, que o sangue Yamazaki vale a pena ser confiado em suas veias."
Aki assentiu, sentindo que as palavras de Seichiro tinham um peso diferente. Sabia que, no torneio, cada movimento seria julgado não apenas pela sua técnica ou força, mas pelo que ele representaria para a família Yamazaki.
"Vou me provar, Seichiro," respondeu ele com firmeza. "Não só por mim. Mas por tudo o que estamos construindo juntos."
Com isso, Seichiro deu um leve aceno de aprovação e virou-se, deixando Aki sozinho no salão. O torneio estava próximo, e agora Aki compreendia que, para ser verdadeiramente aceito, precisaria se mostrar digno não apenas como guerreiro, mas como membro leal da família Yamazaki.
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Atualizado até capítulo 129
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