Projeto 666: a Jornada de um Monstro Vazio.

Um objetivo!

Na manhã seguinte, Aki despertou com a mesma frieza habitual. Ele se levantou da cama e passou as mãos pelo corpo, verificando seus músculos e ossos. Não havia mais dor, nem vestígios dos ferimentos ou das fraturas que havia sofrido no dia anterior. Seu corpo geneticamente modificado havia se regenerado completamente durante a noite, como se a batalha contra Hanzo nunca tivesse acontecido.

O médico da família Yamazaki, um homem experiente em tratar ferimentos brutais, entrou no quarto para examinar Aki. Assim que colocou os olhos no garoto, sua expressão de incredulidade foi instantânea. Ele inspecionou as áreas que deviam estar trincadas e sangrando, mas tudo estava intacto. "Impossível..." murmurou o médico, sem conseguir esconder o espanto.

Aki apenas o observava com um olhar indiferente, sem entender o motivo de tanto alarde. Para ele, curar ferimentos desse tipo em questão de horas era algo natural, uma parte do que ele era. O médico, sem saber como processar aquilo, fez mais algumas perguntas e verificações, mas não conseguiu esconder o fascínio e o desconcerto.

"Seu corpo... está como novo. Isso deveria levar semanas, talvez meses para curar completamente. Como é possível?" o médico indagou, tentando encontrar algum sentido naquilo.

Aki apenas deu de ombros. "Eu sempre fui assim. Não vejo o motivo de tanta surpresa."

Com isso, o médico encerrou sua avaliação, ainda murmurando para si mesmo sobre a estranheza da situação enquanto deixava o quarto. Assim que ficou sozinho, Aki sentou-se na beira da cama, seus olhos fixos no chão enquanto seus pensamentos vagavam. A luta do dia anterior e as palavras de Shigen ecoavam em sua mente. Ele havia perdido pela primeira vez em sua vida, e isso o incomodava, mas não tanto quanto ele esperava. Em vez disso, a derrota o impulsionava a pensar nas inúmeras formas de se tornar mais forte.

"Dominar o submundo...", Aki sussurrou para si mesmo, sentindo a clareza do que precisava ser feito começar a se formar em sua mente. Ele sabia que o tempo era curto. Em dez anos, a Torre dos Demônios Primordiais apareceria, e ele precisava estar preparado. Mas simplesmente se tornar mais forte fisicamente não seria o suficiente. Ele precisava de poder, influência e aliados — e o submundo oferecia exatamente isso.

"Se eu puder controlar o submundo, terei acesso aos recursos e conexões que preciso. A Yakuza é o primeiro passo. Eu preciso me tornar, no mínimo, o vice-chefe desta família... e, eventualmente, quem sabe, assumir o controle."

Sua mente se fixou nesse objetivo, e uma determinação fria e calculada tomou conta dele. Se tornar o vice-chefe da Yakuza seria o primeiro passo para dominar o submundo inteiro. Com a família Yamazaki ao seu lado, isso seria possível.

Enquanto Aki processava seu plano, a porta do quarto se abriu silenciosamente, revelando a figura imponente de Yamazaki Seichiro. Ele, como de costume, estava impecavelmente vestido, sua expressão era séria e seus olhos — de um azul ou verde intenso, dependendo da luz — fitavam Aki com uma mistura de curiosidade e severidade e até ainda, um pouco de raiva.

"Você está se recuperando rápido," disse Seichiro, cruzando os braços ao entrar no quarto. "Mais rápido do que qualquer um que eu já vi. E isso não é pouca coisa, considerando nossa linhagem."

Aki manteve-se sentado, observando Seichiro com sua típica neutralidade. "Sempre fui assim. Para mim, isso é normal."

Seichiro ergueu uma sobrancelha, intrigado com a resposta curta e direta do garoto. "É... está cada vez mais claro que você é diferente. Mas não estou aqui apenas para falar sobre sua regeneração." Ele se aproximou, parando diante de Aki e encarando-o diretamente. "Precisamos conversar sobre o que vem a seguir."

Aki inclinou a cabeça levemente, esperando que Seichiro continuasse. O silêncio entre os dois foi denso por alguns momentos, até que o irmão mais novo de Hayashi suspirou.

"Você já deve ter percebido que, ao entrar nesta família, as coisas não serão fáceis. Não bastará ser forte, Aki. Para chegar onde você quer, precisará navegar pelas complexas dinâmicas de poder dentro da Yakuza. Não é só uma questão de força física. É preciso astúcia, estratégia, e... aliados."

"Eu sei disso," Aki respondeu calmamente. "E é exatamente por isso que vou subir ao topo. Se tornar o vice-chefe da Yakuza é o primeiro passo."

Seichiro estreitou os olhos, avaliando o garoto com mais seriedade. "Vice-chefe, hein? E o que faz você pensar que está pronto para isso?"

Aki levantou-se da cama com um movimento fluido e preciso. Apesar da juventude e da falta de experiência no submundo, sua presença era imponente. Ele olhou diretamente nos olhos de Seichiro, sua voz baixa, mas carregada de convicção.

"Eu vou ser mais forte que qualquer um que você já conheceu. E não só isso. Eu vou dominar o submundo, não apenas pelo poder, mas pela influência. Os Yamazaki têm o poder, e eu tenho o que é necessário para levar isso ainda mais longe. Me tornar vice-chefe é só o começo."

Seichiro o observou por um longo momento, sua expressão impenetrável. Então, ele riu levemente, um som raro vindo de alguém como ele. "Você é ambicioso, garoto. Isso eu respeito. Mas a Yakuza é um ninho de víboras. Para sobreviver e prosperar, você vai precisar de mais do que apenas força bruta e palavras afiadas."

"Eu sei," Aki respondeu, sem hesitar. "E é por isso que vou começar agora. Se quiser testar minha lealdade, se quiser ver do que sou capaz, estou pronto."

Seichiro sorriu levemente, mas havia algo frio e calculista por trás de seus olhos. "Muito bem, então. Vou observar você de perto, Aki. E vamos ver até onde essa sua ambição pode te levar. Mas lembre-se... aqui, traição e fraqueza não são toleradas. Se você falhar, estará por conta própria."

Aki assentiu, aceitando o desafio. Ele sabia que o caminho à frente seria perigoso, mas isso não o intimidava. Pelo contrário, o estimulava. Ele estava pronto para fazer o que fosse necessário para alcançar seus objetivos, mesmo que isso significasse mergulhar ainda mais nas sombras do submundo.

Enquanto Seichiro deixava o quarto, Aki ficou sozinho novamente, mas desta vez sua mente estava mais clara do que nunca. Ele tinha um plano, e sabia que o primeiro passo seria ganhar a confiança — e o respeito — dos Yamazaki. O caminho para o topo estava cheio de riscos, mas Aki estava pronto para enfrentá-los de frente.