Momento Perfeito

Eu não sei se esse tal namoro de mentira vai dar certo, mas já estou pensando em várias coisas que vou pedir a Osman em troca desse favor. Ele realmente é incrível, toda essa gente veio aqui para prestigiá-lo, e aquela tal de Berna não para de me olhar. Como uma serpente peçonhenta, ela me cerca.

— Boa noite! Ainda não fomos apresentadas, mas estava ansiosa para conhecer a mulher que roubou o meu lugar no coração de Osman. Prazer, sou Berna, ex-noiva de Osman — diz ela. Eu tenho um ótimo instinto para reconhecer pessoas ruins, e essa está destilando maldade.

— Prazer, Taya, a futura noiva de Osman — respondo, interpretando meu papel como se estivesse no teatro de Sardônica.

— Osman às vezes é difícil, né? Lembro que, quando namorávamos, era complicado convencê-lo a fazer as coisas do meu jeito. Com você ele é assim também? — ela pergunta.

— Sabe que não? Ele sempre faz as minhas vontades. Na verdade, é difícil ele me convencer. Foi um prazer falar com você, querida, mas agora preciso ir prestigiar meu lindo — digo, adorando ver sua expressão como se tivesse comido algo estragado.

— Vai lá — ela responde, acenando para mim.

Essa mulher parece perigosa. Não gostei nada dela. Como Osman, sendo tão inteligente, foi namorar uma serpente dessas?

Burak faz seu discurso e, em seguida, Osman. Fico hipnotizada pela maneira como ele fala, pelo jeito que gesticula com as mãos, o que lhe confere uma aura de poder, como se fosse um líder, um chefe da guarda ou até mesmo um rei. Em tão pouco tempo, ele fez nascer algo novo e desconhecido dentro de mim. Ainda não sei ao certo o que é, mas sinto uma estranha vontade de abraçá-lo. Quando estamos muito próximos e ele sorri, é como se seus lábios me convidassem para um beijo, como aquele casal que vimos. Será que estou apaixonada? Assim como a Fatma é pelo motorista? Outro dia, vi como ela reagiu quando ele entrou na cozinha, como suas mãos se tocaram e ela sorriu disfarçadamente para ele.

Ele termina seu discurso e é aplaudido por todos. Ele me lança um olhar e pisca. Por um momento, penso que é algo especial, mas logo ele desvia o olhar para onde Berna está, e os convidados vão até ele. Um fotógrafo se aproxima de mim — um homem bonito, com traços ruivos e olhos azuis.

— Boa noite! Posso tirar uma foto sua? — ele pergunta, sorrindo.

— Boa noite! Claro — respondo, meio surpresa.

— Fique nessa posição e, devagar, olhe na minha direção — ele orienta, e eu sigo suas instruções.

— Perfeito. Já pensou em trabalhar como modelo? — ele pergunta. Não faço ideia do que ele está falando, mas é trabalho, e seria bom ter uma ocupação para não depender do dinheiro de Osman.

— Nunca pensei nisso — digo, sem deixar transparecer minha ignorância.

— Aqui está meu cartão, sou Kerem. Meu chefe é conhecido por transformar jovens mulheres em modelos famosas — ele diz, me entregando um cartão, e eu aceito com um sorriso educado.

Nesse momento, Osman se aproxima, me abraça e deposita um beijo suave no meu rosto.

— Tudo bem por aqui, meu amor? — ele pergunta, lançando um olhar atento para Kerem.

— Sim, ele só pediu para tirar uma foto minha — explico.

— Boa noite, senhor Osman. É uma honra trabalhar para o senhor esta noite — Kerem diz cordialmente.

— Agradeça à minha equipe. Eles cuidam das contratações — Osman responde, indicando com a cabeça o grupo uniformizado perto do púlpito.

— Certo. Posso tirar uma foto do casal? — Kerem sugere.

— Com certeza — Osman concorda, me puxando para mais perto, envolvendo minha cintura e colocando minha mão sobre o peito dele.

Kerem tira a foto e nos mostra o resultado. Osman olha para a imagem e sorri para mim.

— Formam um belo casal. Boa noite, senhor Osman e... — ele pausa, esperando que eu diga meu nome.

— Taya — respondo.

— Foi um prazer conhecê-la, Taya. Espero sua ligação — ele diz antes de se retirar.

Assim que ele sai, Osman pergunta:

— Por que ele quer que você ligue para ele?

— Ele perguntou se eu tinha interesse em ser modelo e me deu esse cartão para entrar em contato. O que exatamente faz uma modelo? — pergunto, curiosa.

— Uma modelo representa marcas de produtos, como roupas e cosméticos. Elas desfilam, participam de comerciais e fazem ensaios fotográficos.

— Nosso extra-terrestre conseguiu ficar ainda mais linda do que já é — Burak comenta, chegando perto com um sorriso provocador.

— Para de chamá-la de extra-terrestre — Osman responde, franzindo o cenho para Burak.

— Ela não é deste planeta, então é um extra-terrestre. Aliás, Taya, você não tem aquele anel mágico que poderia trazer outra princesa tão linda quanto você? — Burak brinca, arrancando uma expressão irritada de Osman.

— Deixa ele, Osman. Burak, vou fazer melhor — digo, rindo. — Vou desejar que você vá para Sardônica.

Burak leva a mão ao peito, fingindo estar profundamente ofendido.

Burak

Depois, nos acomodamos em uma mesa reservada para os funcionários de Osman. Ríamos das piadas de Burak quando uma música melancólica, que falava de amor, começou a tocar ao fundo. Algumas pessoas já estavam dançando, e então Berna se aproximou.

— Me daria a honra? — ela perguntou a Osman, que estava sentado ao meu lado.

— Sinto muito, Berna, mas acabei de convidar minha namorada para dançar. Burak, você dança com ela, certo? — Osman perguntou, lançando um olhar a Burak, que não teve outra escolha a não ser aceitar. Berna tentou disfarçar, mas o aperto de sua mão revelou a irritação por não ter seu pedido atendido, deixando claro o quão mimada e caprichosa ela era.

— Não vejo problema algum... ou você vê? — Burak perguntou, tentando suavizar a situação. Berna sorriu sem graça e acabou concordando.

Nós nos juntamos aos outros casais. Osman colou seu corpo ao meu, uma de suas mãos pousando suavemente nas minhas costas. Ele levou minha mão ao seu pescoço, e assim dançamos ao som daquela bela canção.

— Seu perfume é delicioso — ele sussurrou em meu ouvido, arrancando de mim uma risada tímida.

— Você tem bom gosto — respondi, lembrando que foi ele quem me deu o perfume.

Aquela música, junto à proximidade de Osman, me trazia uma paz indescritível. Eu não queria que aquele momento acabasse; por um instante, parecia que só existíamos nós dois no mundo.

— Taya, obrigado — Osman disse de repente, e eu não fazia ideia do porquê.

— Pelo quê? Por fingir ser sua namorada? — perguntei, intrigada.

— Não. Um dia eu te conto o motivo — ele respondeu, com um ar misterioso.

— Essa canção é muito bela — comentei.

— No Hay Nadie Más, Sebastian Yatra — ele respondeu, me dizendo o nome da música e do cantor.

Continuamos dançando ao som daquela canção, e então ele começou a cantar baixinho enquanto me conduzia. Sua voz rouca e suave tornava aquele momento quase perfeito, se não fosse tudo um teatro.

Vou cuidar de você à noite

Voy a cuidarte por las noches

Vou te amar sem exigências

Voy a amarte sin reproches

Vou sentir saudade na tempestade

Te voy a extrañar en la tempestad

E mesmo que existam mil motivos para desistir

Y aunque existan mil razones para renunciar

Não existe mais ninguém

No hay nadie más

Não existe mais ninguém

No hay nadie más