Taya de Sardônica

Parecia que Burak estava falando a verdade, mas se não foi ele quem pagou essa mulher para fazer isso, tinha que ser alguém que tem acesso à minha casa, porque, com toda a segurança que tem, é impossível que alguém entre aqui sem ser visto.

Será um de meus inimigos? E se não for nada disso e ela for apenas alguém que perdeu a sanidade mental? E, mesmo assim, como ela entrou aqui? Eram muitas perguntas sem resposta, e o único meio de esclarecer tudo seria olhando as câmeras de segurança da casa.

— Fique aí e não saia daí — digo para ela, que me olha feio, mas obedece.

Sentei-me e busquei toda a gravação desde a primeira hora de ontem. E, após olhar e revisar todas as imagens, não havia sinal dessa mulher nos vídeos, absolutamente nada!

O som é ligado no volume alto, assustando a mim e Burak, e quando vamos para a sala ver o que aconteceu, a maluca está abaixada atrás do sofá e o controle no chão. Quando me vê, ela corre e se esconde atrás de mim.

— Que bicho é esse? — pergunta, assustada.

Burak pega o controle e abaixa o volume da TV.

— Não é nenhum bicho, é só o som do filme que está passando na televisão, bem ali — aponto para a TV.

— Por que diz coisas que não entendo? Como essas pessoas estão dentro desse negócio? — pergunta ela, se aproximando da televisão e olhando com curiosidade.

Estou começando a achar que essa mulher é realmente maluca.

— Elas não estão aí dentro de verdade, isso é uma filmagem.

— Agora entendo menos ainda — diz ela, e estou vendo que vou enlouquecer.

Burak parece estar se divertindo muito com a minha situação.

— Já ficou claro que eu não tenho nada a ver com essa história, então, Osman, meu amigo, fica aí com sua nova amiga, que eu tenho um passeio de iate com mulheres maravilhosas — diz Burak, irônico.

— Não vá, você precisa me ajudar a encontrar os familiares dessa mulher — digo.

— Meu único familiar é meu pai, o rei de Sardônia, e para lá não vou voltar. Pode deixar que me viro — diz ela.

— Depois dessa, eu realmente preciso ir — fala Burak e sai correndo antes que eu possa dizer algo.

Penso se devo ligar para a polícia ou levar essa moça para o hospital. Eu realmente, dessa vez, não sei o que fazer. O que ela diz parece uma completa loucura; primeiro, porque não existe outro lugar além da Terra capaz de sustentar vida.

— Olha, vamos comer alguma coisa e depois veremos o que vamos fazer. O mundo lá fora é perigoso, e não posso deixar que uma moça nas suas condições saia sozinha.

— Que condições?

— Vamos tomar café! — digo, ignorando a pergunta para evitar mais uma discussão com ela.

Enquanto ela comia, observava-a disfarçadamente: a elegância com que pegava o garfo, o jeito delicado de cortar a panqueca e como segurava a xícara, demonstrando ser alguém que foi muito bem ensinada a se comportar à mesa. Parecia que eu estava realmente tomando café com alguém da realeza.

— Você sempre fica observando as pessoas comer? Isso é um tanto indelicado — ela diz.

— Não tenho esse costume, mas é que é estranho ter uma mulher na minha casa, sentada na minha mesa, comendo com tanta delicadeza.

— Aqui não vêm outras mulheres?

— Somente as que trabalham aqui.

— Seu castelo é bem estranho. Na verdade, tudo aqui nesse reino é estranho — lá vem ela com a loucura dela outra vez.

— Não é um castelo, nem um reino. Você está em uma casa, para ser mais exato, uma mansão.

— Entendi, então você é um plebeu — ela diz, e eu não consigo me aguentar e começo a rir. Desisto!

— Não vejo graça em minhas palavras — ela diz, olhando-me séria.

Fico observando e ela é realmente belíssima, parece que estou diante de um filme de época, onde uma princesa está fazendo seu desjejum.

Preciso ajudá-la a encontrar sua família. É uma moça muito bonita, seus cabelos estão bem cuidados e, pelo seu comportamento, com certeza deve ser alguém da alta sociedade.

— Olha, eu não vou te mandar embora, porque sou um cavalheiro e sei que você não tem ideia de como voltar para sua casa. Vou levá-la a um médico, que é um grande amigo meu; ele vai examiná-la.

— Eu não estou doente, estou bem.

— Sei que não está doente. Mas, por estar em outro reino, pode ter pegado algum vírus e ainda não ter apresentado sintomas — digo, fazendo o mesmo que faço com minha mãe quando ela está em seus delírios e preciso convencê-la de algo.

A deixei fazendo seu desjejum e fui ligar para uma amiga personal stylist.

— Silla, mande aqui para minha casa todos os looks nos tamanhos P e M, roupas casuais, vestidos longos e curtos.

— Como quiser. Daqui a uns trinta, quarenta minutos tudo estará aí. Mas só uma curiosidade: para que toda essa roupa feminina, hein?

— É para mim. Me descobri mulher e vou usar essas roupas que provavelmente são três vezes menores que o meu tamanho — falo com sarcasmo.

— Entendi, seu grosso!

— Quero tudo aqui em quarenta minutos.

— Estará aí.

Após encerrar a ligação, volto para a cozinha e vejo uma cena hilária. Taya está tirando e colocando a mão dentro da geladeira.

— E você também nunca viu uma geladeira? — pergunto, e ela se assusta.

— Esse negócio é frio como o inverno de Sardônica. Como consegue guardar o inverno dentro dessa coisa?

Até encontrar a família dessa moça, com certeza estarei tão louco quanto ela.

— O inverno não foi guardado aí. É uma pequena peça e o restante do mecanismo faz com que esse objeto chamado geladeira fique frio como o inverno. A geladeira serve para guardar e conservar alimentos que estragariam com a temperatura ambiente, como carnes, frutas e legumes. Também serve para gelar bebidas, como suco e água.

— A água fica gelada como os lagos no inverno?

— Sim.

Vou até onde ela está, pego uma garrafa de água mineral e dou a ela. Ela bebe a água de uma só vez e depois põe a mão na cabeça, que começa a doer por conta da água estar muito gelada.

— Uau! A geladeira é algo esplêndido! Se Asnam visse a geladeira, ele ia ficar tão surpreso quanto eu.

Confesso que há muito tempo não ria como estou rindo hoje. Pergunto-me o que aconteceu com ela para que tenha se esquecido de tudo assim. Espero descobrir o mais rápido possível. Não estou acostumado a assumir esse tipo de responsabilidade; meu contato com mulheres costuma ser eu tirando a calcinha delas sem compromisso, com encontros que não vão além do momento presente, depois é um tchau e até nunca mais.

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Comments

Gabi Ramos

Gabi Ramos

confesso que quando terminei o Destino de Ane e a autora me indicou essa obra, fiquei receosa por conta de ter fantasia e tal...mas confesso que me arrependi de não ter começado antes a leitura. Eu tô rindo muito e quase me mijando 😂🤣

2025-02-27

1

Elenice Martins

Elenice Martins

é parecido com o filme acho que o nome encantado, bem parecido

2025-03-31

0

Cleo Lemes

Cleo Lemes

que história diferente estou adorando

2025-02-11

2

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