Osman...
Eu estava na academia quando percebi Taya se aproximando. Ela estava linda, com seus longos cabelos loiros balançando ao vento, e o vestido parecia feito para ela. Fingi não notar e continuei com meus exercícios. Pelo espelho à minha frente, vi quando ela se escondeu e começou a me observar. Será que ela se sente atraída por mim? E por que diabos estou me perguntando isso?
Deixei que ela me observasse por um tempo. Seus lábios estavam entreabertos, o que a tornava ainda mais atraente. Mas eu não podia seguir por esse caminho. Essa mulher chegou aqui ontem, está desorientada, e eu com esses pensamentos absurdos!
— Vai entrar ou vai ficar aí me vigiando escondida? — perguntei, adorando a expressão dela ao ser pega em flagrante.
— Bom dia! — Ela disse, sem graça.
— Bom dia, princesa!
— Eu não tive a intenção de vigia-lo. Fiquei com vergonha de atrapalhar você — ela respondeu, mas evitou me encarar.
— Assuma que estava me vigiando — provoquei.
— Eu não estava vigiando você — ela diz, parecendo irritada.
— Tudo bem, não precisa ficar brava, eu sei que você estava me vigiando — digo em tom de brincadeira, tentando aliviar o clima. Ela me lança um olhar feroz e sai sem dizer nada.
Fico observando enquanto ela se afasta, e um sentimento estranho começa a se formar dentro de mim. O que há nela que me faz sentir assim? Estou apenas tentando ajudar, mas sinto como se estivesse me envolvendo mais do que deveria.
Estava terminando meu treino quando meu celular começou a tocar. Era o investigador. Espero que eles tenham boas notícias.
— Oi, já descobriu alguma coisa? — pergunto, com um pouco de ansiedade.
— Sinto muito, senhor Osman, mas nada. Mandamos as fotos dela para outros países, e essa moça não existe no banco de dados. Não tem nada sobre ela — ele responde.
As palavras dele ecoam na minha mente. "Ela não existe no banco de dados." Sinceramente, após ouvir isso, estou realmente começando a achar que essa moça veio de outro mundo. A ideia parece absurda, mas então, quem é ela? Como alguém simplesmente não existe?
— Certo, ela precisa de documentos. Como podemos providenciar? — pergunto, tentando manter a objetividade.
— Vou resolver isso. Basta registrar ela como uma pessoa sem identificação, encontrada em situação vulnerável. Com esse registro e com a comprovação de que não há nem um registro de alguém procurando por ela, solicitarei ao governo a emissão de novos documentos — ele diz, me trazendo um pouco de alívio.
— Ótimo, faça isso o mais rápido possível.
Desligo o telefone, mas a inquietação permanece. Eu estava realmente preso a uma mulher que eu não tinha nem sequer beijado. O que eu ia fazer? Me sinto totalmente responsável por ela, e a ideia de entregá-la às autoridades, como eu inicialmente considerei, agora me parece impossível. Não seria justo, não com alguém que já perdeu tanto, mesmo que não se lembre.
Além disso, para minha surpresa, estou começando a gostar da companhia dela. Sua presença, apesar de enigmática e muitas vezes irritante, trouxe algo novo para minha vida. Talvez seja a sensação de que preciso protegê-la. O que quer que seja, sei que não posso simplesmente ignorar.
Um mês depois...
Ainda não acredito que estou fazendo isso! Como fui me deixar levar assim?
— Estou dirigindo! Osman, olha, estou conseguindo! — ela diz animada, soltando as mãos do volante para bater palmas.
— Não solte o volante! — digo rapidamente, e ela o segura novamente. Fico com medo de que algo possa acontecer, mas ver a alegria dela me faz entender por que aceitei isso.
— Obrigada, Osman!
— Não precisa agradecer. Mas chega de dirigir por hoje — digo, enquanto ela faz um bico, fingindo estar triste.
— Fazer essa carinha não vai adiantar — digo.
— Você é difícil de convencer às vezes — ela responde, saindo do carro.
Antes de deixá-la entrar no carro, dou um passo à frente e, num impulso, seguro seu braço, puxando-a para mais perto. Aproximo meus lábios de seu ouvido, sentindo sua respiração se acelerar.
— Você é a primeira pessoa que me faz fazer coisas que eu nunca faço. É a primeira que me faz dizer 'sim' toda vez que me pede algo, então não reclame e agradeça por me deixar ser influenciado por você — sussurro no ouvido dela, observando sua pele se arrepiar. Gosto disso.
— É melhor irmos — ela diz, com um leve rubor nas bochechas. Me acomodo no banco do motorista com um sorriso bobo no rosto.
No caminho de volta para casa, ela, que é sempre tão tagarela, ficou em silêncio. De vez em quando, a observava de canto de olho e percebia que, disfarçadamente, ela me encarava. Chegamos em casa e, antes que eu pudesse abrir a porta para ela, Taya saiu do carro e seguiu em silêncio. Será que fui imprudente? Talvez eu tenha sido impulsivo demais; fiz isso apenas para provocá-la. Devo pedir desculpas?
— Senhor Osman, a equipe para cuidar da senhorita Taya já está aqui — informa Eleonor, minha governanta.
— Certo, Eleonor.
— A senhorita Taya não estava sorridente como de costume. Está tudo bem com ela? — ela pergunta.
— Ela deve estar cansada — respondo. O que devo dizer? Que fui um idiota e me aproximei mais do que devia, e por isso ela está assim?
— Deve ser isso. Antes que eu me esqueça, chegou uma encomenda para o senhor. Deixei na sua mesa no escritório — diz ela, e se retira.
Vou para o meu escritório, pego um envelope e o abro. São os documentos de Taya: passaporte e identidade. Agora ficará mais fácil para ela; é uma cidadã turca. Isso me dá uma boa desculpa para ir vê-la. Bato na porta do seu quarto e ela me manda entrar.
— Tenho novidades — digo. Ela está olhando pela janela e passa a mão no rosto antes de me encarar. Seus olhos estão vermelhos; ela chorou. Sinto-me horrível por pensar que isso possa ter sido culpa minha.
— Quais são as novidades? — pergunta ela, sentando-se na cama e soltando um longo suspiro.
— Seus documentos chegaram. Agora você é oficialmente cidadã turca. Pode trabalhar, estudar e fazer tudo o que é permitido por lei — digo, e ela sorri timidamente, desviando o olhar para os documentos em minhas mãos.
— Taya, me perdoe por ter me aproximado de você daquela forma. Não tive a intenção de constrangê-la; fui um imbecil. Notei que estava chorando. Foi por minha causa? Eu a fiz chorar? — pergunto.
Ela ergue o olhar para mim, me encarando, e balança a cabeça em negação.
— Você pode me dizer a verdade. Você estava tão feliz e só depois do que fiz você ficou assim — digo, sentando-me ao lado dela.
— Não foi por sua causa que eu estava chorando, foi por Asnam. Senti saudades dele — ela responde, e, de alguma forma, isso me incomoda.
— Você está apaixonada por ele? — pergunto, já arrependendo-me da pergunta, temendo sua resposta. Ela solta uma gargalhada.
— Não. Eu o amo como um irmão. Foi o único em Sardônica que me deu afeto, além da minha mãe. Ele é um bom amigo, o único que não me via como um objeto descartável — ela diz, com a voz triste e o olhar distante. Sinto pena dela e, a cada dia, fico mais convencido de que esse lugar tem uma profundidade emocional que eu não havia imaginado.
— Quem sabe um dia vocês se reencontram — digo com sinceridade. — Mais uma vez, peço perdão. Prometo que não farei mais o que fiz hoje.
— Não precisa pedir perdão, é que eu senti... — ela começa a falar, mas é interrompida por uma batida na porta.
— Senhorita Taya, tudo está pronto. O pessoal te espera. Assim que estiver pronta, pode descer — diz Eleonor do outro lado da porta.
— Vou tomar banho e já desço, Eleonor. Obrigada — ela responde, e Eleonor se retira.
— Já vou indo. Te encontro mais tarde para irmos — digo.
— Tudo bem. Obrigada por me ensinar a dirigir hoje. Fiquei muito feliz — ela diz, dando-me um beijo no rosto. A sensação do toque de seus lábios sobre minha pele é agradável.
— É um prazer ensinar a você as coisas do meu mundo, Taya — respondo, e me dirijo à porta.
Estou em um dilema. Esta mulher está me deixando confuso quanto aos meus sentimentos. Pela primeira vez, sinto emoções que não sei definir. É melhor ensinar-lhe tudo o mais rápido possível, para que ela possa ganhar sua independência e eu volte a ser o Osman de antes. Se ela já está me deixando assim em apenas um mês, como será nos próximos meses?
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Atualizado até capítulo 46
Comments
AnonymousDayse Melo
O amor começa de vagarinho/Drool/
2025-01-22
0
Adriane Alvarenga
Tomara que ele continue cuidando dela....
2025-01-02
0
Maria José Diniz
tomara que ele não volte pra época dela
2025-02-14
1