Era uma tarde quente quando Celma chegou ao bairro social. Ela precisava pegar alguns documentos importantes para um caso em que estava trabalhando. O sol já começava a descer no horizonte, pintando o céu com tons alaranjados. Celma sentia um nervosismo inexplicável ao caminhar pelas ruas, uma sensação de que algo ruim estava para acontecer.
Ao chegar à casa de Hugo, sentiu um alívio momentâneo por não encontrá-lo. A casa estava silenciosa, e ela aproveitou a oportunidade para procurar os documentos. Sua mente estava concentrada na tarefa quando ouviu o barulho da porta se abrindo. O coração de Celma disparou. Hugo estava de volta, vindo do mercado.
— Celma, o que você está fazendo aqui? — perguntou Hugo, sua voz carregada de surpresa e desconfiança.
Celma virou-se lentamente, tentando manter a calma. — Eu precisava pegar alguns documentos.
Hugo deixou as sacolas no chão e caminhou em direção a Celma. — Você achou que podia vir aqui e mexer nas minhas coisas sem a minha permissão?
Celma deu um passo para trás, tentando manter a distância. — Hugo, não estou mexendo em nada que não seja meu. Por favor, não comece com isso de novo.
Hugo riu, um som amargo e sem humor. — Começar? Eu nunca terminei, Celma. Você pensa que pode me deixar e seguir em frente como se nada tivesse acontecido? Ainda por cima vens para entra e sai como bem te endendes?
Celma sentiu o medo crescer dentro de si. — Hugo, fica calma e não é bem que tu dizes, a nossa relação acabou. Eu não posso continuar com você. Já te disse isso várias vezes.
Hugo se aproximou mais, sua expressão mudando para algo mais sombrio. — Você acha que pode fugir de mim? Eu vou destruir você e tudo o que você ama.
— Vá se ferrar, Hugo! — gritou Celma, tentando se afastar dele assim que achou a pasta de arquivos.
Mas Hugo a agarrou pelo braço, sua força esmagadora. — Você não vai a lugar nenhum, Celma. Você é minha, e sempre será. Eu fiz você ser mulher, sabes!
Celma tentou se soltar, mas Hugo a puxou com mais força, seu rosto a poucos centímetros do dela. — Hugo, me solta! Isso é loucura! eu já nasci mulher...
— Loucura? — Hugo cuspiu as palavras. — Loucura é o que você me fez sentir. Eu te amava, Celma. Mas você me traiu.
— Você me magoou tantas vezes, Hugo. Me traindo e eu não falava nada, porque confiava nas suas promessas e suas desculpas... Eu não posso continuar assim. — disse Celma, as lágrimas começando a escorrer pelo rosto.
Hugo a puxou para mais perto, seus olhos brilhando com uma intensidade febril. — Eu nunca quis te magoar. Eu só... Voce me ensinou a viver com você, agora eu não sei viver sem você.
Celma sentiu o pânico aumentar. — Hugo, me deixa ir. Por favor.
Hugo a soltou abruptamente, mas não recuou. — Se eu pudesse recuar o tempo, te mostrar como eu te amo, te quero... mas como dói, querer e não poder mais te tocar. A nossa cama sente a sua falta meu amor, seu calor..
Celma deu um passo para trás, sentindo a parede fria contra suas costas. — Hugo, isso não vai resolver nada. Você precisa compreender, para só para nós!
— Eu não posso, Celma. — disse Hugo, a voz embargada de dor. — O mundo é uma prisão sem você. Meus olhos estão loucos pra te ver, minha boca para te beijar.
— Hugo, por favor, me deixa ir. — implorou Celma, a voz fraca.
Hugo avançou novamente, seu rosto agora a centímetros do dela. — Diz-me aonde vais, será que eu posso ir contigo também?
Celma tentou desviar o olhar, mas Hugo segurou seu rosto com força, forçando-a a encará-lo. — Será que eu rezo pra que possas olhar para mim como da primeira vez e que o brilho do nosso amor ti em possa ver? Se eu soubesse que estava perto o nosso fim, eu juro que dava mais de mim. Eu juro.
— Hugo, por favor... — sussurrou Celma, sentindo-se encurralada.
— Olha para mim! — gritou Hugo, suas mãos tremendo. — Eu não sei se vou conseguir ficar sem ti. As pessoas dizem que é fácil esquecer, mas no fundo não é assim.
Celma sentiu um misto de raiva e tristeza. — Hugo, você precisa aceitar. Nosso amor esfriou.
Hugo a segurou pelos ombros, os olhos cheios de desespero. — Vamos esquecê-lo, sei que não valorizei. Mas se me deres uma oportunidade nem que for mais um dia de vida, eu garanto que eu te amaria mais. Eu sorria mais. Me dedicava mais a ti.
Celma tentou se soltar, mas Hugo a segurou com mais força. — Hugo, isso é loucura. Por favor, me deixa ir.
— Eu te faria mais feliz. — continuou Hugo, ignorando suas palavras. — Te dava mais mimo, mais carinho. Olha para mim, Celma!
— Hugo, para! — gritou Celma, tentando se afastar. — Isso não vai resolver nada. Você não pode...
Mas Hugo não a ouviu. Ele a empurrou contra a parede, suas mãos começando a arrancar a blusa de Celma. — Só mais uma vez, Celma. Deixa eu te possuir mais uma vez antes de te deixar ir.
— Não! — gritou Celma, lutando contra ele. — Isso não tem cabimento, Hugo. Por favor, para!
Mas Hugo estava desesperado. Ele usou sua força para imobilizar Celma, os olhos cheios de uma loucura faminta. — Eu só quero te ter nos meus braços mais uma vez.
Celma sentiu a blusa ser arrancada, os beijos forçados de Hugo a deixando sem ar. Ela tentou lutar, mas a força de Hugo era maior. As lágrimas escorriam silenciosamente pelo rosto enquanto ela sentia sua resistência se esvaindo.
— Hugo, por favor... — sussurrou Celma, a voz quebrada pela dor e pelo medo.
Mas Hugo não parou. Ele a beijou com uma fome desesperada, seus movimentos bruscos e agressivos. Celma sentiu cada toque como uma queimadura, o peso do corpo de Hugo esmagando sua vontade.
— Eu te amo, Celma. — murmurou Hugo, enquanto a penetrava. — Eu não posso viver sem você.
Celma fechou os olhos, as lágrimas caindo em silêncio. Cada movimento de Hugo era uma tortura, uma lembrança de tudo o que havia perdido. Ela se sentia imóvel, incapaz de lutar, apenas desejando que tudo aquilo acabasse logo.
Quando finalmente terminou, Hugo se afastou, ofegante. Celma permaneceu deitada no chão, sentindo-se vazia e destruída. Ela não conseguia olhar para ele, o horror do que havia acontecido a deixando em choque.
Hugo olhou para ela, a dor e a culpa em seus olhos enquanto fazia subir as suas calças. — Celma, eu...
— Saia daqui. — disse Celma, a voz fria e distante. — Apenas vá embora, Hugo.
Hugo suplicava por perdão, mas Celma não queria ouvi-lo. Sentia nojo, ódio e raiva. Hugo se ajoelhou ao lado dela, suplicando que ela olhasse para ele e o perdoasse. Ele dizia que não queria fazer aquilo, estava desesperado. Pedia para Celma se levantar do chão onde se encontrava deitada.
Celma não respondeu. Permaneceu imóvel, sentindo a escuridão se fechar ao seu redor. As palavras de Hugo ecoavam em sua mente, mas ela sabia que não havia mais nada que ele pudesse fazer para consertar o que havia quebrado.
— Eu juro que assino o divórcio, Celma. Por favor, fala alguma coisa! — Hugo estava desesperado, a voz embargada pelo arrependimento, finalmente sentindo o peso de suas ações egoístas.
Ele andava pela sala como um animal enjaulado, murmurando para si mesmo, quebrando objetos e se condenando pelo ato. — Como eu pude fazer isso? — repetia, enquanto socava a parede com força. Pegou uma garrafa de uísque e começou a beber diretamente, os olhos vidrados de desespero. Entre um gole e outro, se ajoelhava e levantava, alternando entre momentos de profunda auto-reprovação e explosões de fúria, socando o ar e gritando.
Quando o relógio marcava meia-noite, Celma levantou-se do chão, cobrindo-se. Sentou-se no sofá, apoiando-se com os braços trêmulos. Hugo ainda estava de joelhos, chorando feito um bebê desesperado, sua voz um sussurro de desespero. — Celma, por favor, me perdoa... — ele murmurava entre soluços.
— Por que, Hugo? — murmurou Celma, repetindo várias vezes. — Por que você fez isso comigo?
— Celma, eu...
— Você me estuprou. — sussurrou Celma, a voz carregada de dor e amargura.
Hugo se arrastou até ela, as lágrimas misturando-se ao suor em seu rosto. — Celma, por favor... Eu não queria... Eu estava desesperado...
Celma o olhou com olhos frios e vazios, a dor evidente em cada palavra. — Você acabou com o pouco que restava de mim, Hugo. Eu não posso perdoar isso.
Hugo tentou segurar sua mão, mas Celma puxou-a de volta, seu corpo estremecendo de repulsa. — Não toque em mim. Não ouse tocar em mim de novo, seu filho da puta!
Hugo começou a chorar ainda mais alto, murmurando desculpas incoerentes enquanto batia a cabeça contra a parede. — Como eu pude fazer isso? — repetia, a culpa consumindo-o.
Celma não podia ouvir mais. Ela estava exausta, emocionalmente e fisicamente. Sentia-se quebrada, como se uma parte dela tivesse sido arrancada à força.
— Eu te amava, Hugo. Há uma hora atrás eu te amava, deixei de olhar para a razão e segui meu coração — disse Celma, sua voz um sussurro frágil. — Mas o que você fez... isso nunca poderá ser perdoado. Você destruiu tudo. Tudo!
Hugo, ainda de joelhos, bateu no chão com os punhos, a raiva e a culpa consumindo-o. — Eu sei que errei, Celma. Nós ainda podemos consertar isso.
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Atualizado até capítulo 62
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