Hugo Santana estava sentado no sofá de sua antiga casa, agora vazia e desolada. As paredes, outrora preenchidas com fotos de momentos felizes, estavam nuas, e o silêncio era interrompido apenas pelo tique-taque constante do relógio na parede. Ele não sabia ao certo quanto tempo havia passado desde que perdera o emprego e a esposa, mas parecia uma eternidade.
Sem rumo, ele se levantou e foi até a cozinha. O café da manhã estava intocado na mesa. Hugo olhou pela janela, observando o movimento na rua. A visão da normalidade do lado de fora parecia zombar de sua situação.
"Ela deve estar feliz agora, longe de mim", pensou ele, amargamente.
Hugo sabia que precisava fazer algo, mas não tinha forças. O desespero e o ressentimento haviam tomado conta de sua vida. Ele sentia a necessidade de confrontar Celma, mas não sabia por onde começar.
Enquanto isso, na casa dos Rodrigues, Celma estava se preparando para mais um dia de trabalho. Apesar das dificuldades, ela estava determinada a seguir em frente. A noite anterior havia sido difícil, com Edgar e seu pai discutindo sobre o que fazer a respeito de Hugo. Ela sabia que Edgar queria protegê-la, mas também sabia que ele poderia piorar a situação.
— Celma, podemos conversar? — perguntou Edgar, entrando no quarto da irmã.
Celma olhou para ele, sabendo que não tinha como evitar aquela conversa.
— Claro, Edgar. O que foi?
Edgar se sentou na cama, a expressão séria.
— Eu não posso ficar parado enquanto aquele cara continua vivendo a vida dele, como se nada tivesse acontecido. Ele precisa pagar pelo que fez.
Celma suspirou, tentando manter a calma.
— Eu entendo, Edgar. Mas fazer justiça com as próprias mãos não vai resolver nada. Eu já tomei as medidas legais. Ele vai ter que enfrentar as consequências.
Edgar balançou a cabeça, inconformado.
— Você é sempre tão calma, Celma. Mas eu não posso aceitar isso. Ele te machucou e traiu, e agora você está tentando seguir em frente, enquanto ele está solto por aí.
Celma desviou o olhar, a dor evidente em seu rosto.
— Eu sei, Edgar. E isso me machuca todos os dias. Mas eu preciso pensar em mim agora. Não posso deixar que o ódio e o ressentimento me consumam.
Edgar olhou para a irmã, sentindo-se impotente. Ele queria protegê-la, mas sabia que Celma estava certa.
— Tudo bem, Celma. Mas saiba que estou aqui para o que precisar.
Celma sorriu, agradecida.
— Obrigada, Edgar. Eu sei que posso contar com você.
Enquanto isso, Hugo estava andando pela cidade, tentando encontrar algum sentido em sua vida. Ele sentia a necessidade de confrontar Celma, de tentar entender o que havia acontecido. Quando passou em frente à casa dos pais dela, sentiu um misto de raiva e desespero. Ele sabia que não seria bem-vindo ali, mas precisava falar com ela.
Ele respirou fundo e caminhou até a porta. Antes que pudesse tocar a campainha, a porta se abriu, revelando Celma, que estava saindo para o trabalho.
— Hugo? O que você está fazendo aqui?
Hugo tentou manter a calma, mas sua voz traía sua ansiedade.
— Eu preciso falar com você. Por favor.
Celma olhou ao redor, nervosa. Dona Teresa, que estava na cozinha, ouviu a voz de Hugo e foi ver o que estava acontecendo.
— Quem é, Celma? — perguntou Dona Teresa.
— Ninguém, mãe. Só alguém querendo informações — respondeu Celma rapidamente, fechando a porta atrás de si e puxando Hugo para o lado da casa.
Dona Teresa observou a cena de longe, preocupada.
— O que você quer, Hugo? — perguntou Celma, a voz baixa para não atrair a atenção de Edgar.
— Eu só preciso falar com você. Tentar entender o que aconteceu.
Celma o olhou, a expressão fechada.
— O que aconteceu, Hugo, é que você me traiu. Você quebrou a nossa confiança. E eu não posso simplesmente esquecer isso.
Hugo sentiu um aperto no coração, mas não desistiu.
— Eu sei que errei, Celma. Mas você também me traiu. Nós dois erramos. Eu ainda te amo e quero fazer isso dar certo.
Celma balançou a cabeça, incrédula.
— Fazer dar certo? Hugo, você me agrediu. Você me traiu várias vezes. Como podemos fazer isso dar certo?
Hugo tentou segurar as lágrimas, mas falhou.
— Eu sei que errei. Mas por favor, me dê uma chance. Eu quero consertar as coisas.
Celma olhou para Hugo, sentindo uma mistura de pena e raiva.
— Hugo, você precisa entender que não é tão simples assim. Eu preciso de tempo. Preciso pensar no que é melhor para mim.
Hugo assentiu, sentindo-se derrotado.
— Tudo bem. Eu vou respeitar o seu tempo. Mas saiba que eu ainda te amo, Celma.
Celma não respondeu, apenas virou-se e entrou de volta na casa, fechando a porta atrás de si. Hugo ficou ali, parado, sentindo-se mais perdido do que nunca.
Naquela mesma manhã, na casa dos pais de Lucas, o clima era igualmente tenso. Dona Margarida não conseguia esconder sua preocupação com o filho. Ela sabia que Lucas estava envolvido demais na vida de Celma e temia as consequências disso.
— Lucas, por favor, pense bem no que você está fazendo — disse ela, enquanto ele se preparava para sair. — Eu não quero te ver sofrer novamente.
Lucas parou por um momento, olhando para sua mãe.
— Mãe, eu entendo sua preocupação. Mas Celma precisa de amigos agora. E eu vou estar lá para ela, não importa o que aconteça.
Dona Margarida suspirou, sabendo que não podia mudar a cabeça do filho.
— Só tome cuidado, meu filho. O amor pode ser uma coisa complicada.
Lucas sorriu para sua mãe, tentando tranquilizá-la.
— Eu sei, mãe. E eu vou tomar cuidado. Prometo.
Enquanto ele saía de casa, o relógio na parede marcava o tempo, cada segundo parecendo mais longo que o anterior. A incerteza do futuro pesava sobre todos, e as decisões tomadas naquele momento moldariam os dias que estavam por vir.
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Atualizado até capítulo 62
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