O sol nascia no bairro 21 de Julho, trazendo um novo dia cheio de incertezas para Celma. Ela acordou com o cheiro familiar de café fresco que vinha da cozinha, mas o que realmente a despertou foi a voz furiosa de seu irmão mais velho, Edgar Rodrigues.
— Isso é inaceitável! Como ele ousa tocar na minha irmã? — A voz de Edgar ecoava pela casa, carregada de indignação e raiva.
Celma respirou fundo, tentando acalmar os nervos. Ao descer as escadas, viu Edgar na cozinha, agitando-se como uma tempestade, enquanto seus pais, Sr. Augusto e Dona Teresa, tentavam acalmá-lo.
Edgar sempre fora protetor, mas agora, sua fúria parecia incontrolável.
— Edgar, por favor, acalme-se — pediu Dona Teresa, com uma expressão preocupada no rosto. — Celma precisa de paz agora.
Edgar olhou para sua mãe, os olhos faiscando de raiva.
— Paz? Como ela pode ter paz depois do que aquele desgraçado fez com ela? Ele precisa pagar pelo que fez!
Celma entrou na cozinha, tentando manter a compostura.
— Edgar, por favor, não torne isso mais difícil do que já é. Eu só quero seguir em frente.
Edgar virou-se para ela, o rosto suavizando um pouco ao vê-la.
— Celma, eu sempre soube que o Hugo não prestava. Desde os tempos de faculdade, ele sempre foi um cafetão, um mulherengo. Eu te avisei que ele não mudaria.
Celma suspirou, sentindo o peso das palavras do irmão.
— Eu sei, Edgar. Eu sei. Mas agora não adianta olhar para o passado. Preciso pensar no futuro.
Sr. Augusto, que até então estava calado, finalmente se pronunciou.
— Edgar, eu também estou furioso, mas precisamos pensar no bem-estar da sua irmã agora. Ela está aqui para se recuperar.
A tensão na cozinha era palpável. Celma sentiu os olhos de todos sobre ela, esperando alguma reação. Ela respirou fundo, tentando encontrar as palavras certas.
— Eu sei que todos estão preocupados comigo. Mas, por favor, entendam que preciso de um tempo para processar tudo isso.
Edgar balançou a cabeça, ainda descontente.
— Tudo bem, Celma. Mas saiba que estou aqui e ele tem de saber que tu tens irmão para te proteger. Sempre estive e sempre estarei. Você já não vai voltar naquela casa.
Dona Teresa, tentando aliviar a tensão, serviu café para todos.
— Vamos, todos, sentem-se e não decida pela sua irmã. Precisamos comer algo e conversar com calma.
A família sentou-se à mesa, o ambiente ainda carregado de emoções. Celma pegou sua xícara de café, tentando se concentrar no aroma familiar para se acalmar. Ela sabia que o caminho à frente seria difícil, mas também sabia que tinha o apoio de sua família, especialmente de Edgar.
— Celma — começou Sr. Augusto, olhando para ela com seriedade — nós vamos resolver isso juntos. E você precisa tomar algumas decisões importantes sobre o seu futuro.
Celma assentiu, sentindo uma mistura de medo e alívio.
— Eu sei, pai. E vou precisar da vossa paciência e um pouco de tempo para conseguir passar por isso, antes de decidir algo.
Edgar, ainda com a raiva evidente em seus olhos, segurou a mão da irmã.
— Eu vou fazer o possível e o impossível para te proteger, Celma. E se o Hugo tentar qualquer coisa novamente, ele vai ter que passar por mim primeiro.
O silêncio que se seguiu foi pesado, mas também reconfortante. Celma sabia que sua família estava ao seu lado, pronta para enfrentar qualquer desafio que viesse. E enquanto Edgar podia ser impetuoso, ela sabia que ele sempre agia por amor.
A conversa foi interrompida pelo som do telefone tocando. Dona Teresa levantou-se para atender, deixando todos na expectativa.
— Alô? Ah, oi, Lucas. — Dona Teresa olhou para Celma com um sorriso. — Sim, ela está aqui. Um momento.
Ela entregou o telefone para Celma, que atendeu com uma mistura de nervosismo e gratidão.
— Oi, Lucas.
— Celma, como você está? — A voz de Lucas era gentil, uma presença calmante em meio ao caos.
— Estou... aguentando — respondeu Celma, tentando manter a voz firme. — Obrigada por tudo ontem. Você foi um grande apoio.
— Você sabe que sempre pode contar comigo — disse Lucas. — Se precisar de qualquer coisa, estarei aqui.
Celma sorriu, sentindo-se um pouco mais leve.
— Obrigada, Lucas. É sempre bom ter os amigos por perto.
— Claro, Celma, qualquer coisa me avise. Estarei aqui do outro lado — disse ele, enquanto se aproximava da porta da casa dos seus pais. — Preciso ir agora, Celma. A gente se fala mais tarde, tá? Cuide-se.
A ligação terminou, e Celma voltou para a mesa, sentindo-se um pouco mais fortalecida. Ela sabia que o caminho à frente seria cheio de desafios, mas com o apoio de sua família e amigos, acreditava que poderia superar qualquer obstáculo.
Edgar, ainda com uma expressão de determinação, olhou para ela.
— Celma, você é mais forte do que pensa. E nós vamos te ajudar a lembrar disso todos os dias.
Celma assentiu, sentindo uma nova força crescer dentro dela. O futuro era incerto, mas ela estava pronta para enfrentá-lo, um passo de cada vez.
Edgar olhou fixamente para Celma, ainda com a expressão endurecida.
— Sabes que eu havia te avisado, Celma. Mas você não me deu ouvidos.
Celma apenas mexia a cabeça, tentando evitar mais conflitos.
— Hugo vai se ver comigo, aí vai.. Eu ainda me lembro como se fosse hoje. Disse para ele: o dia que tocar no corpo da minha irmã, vai ser o dia do seu fim.
Dona Teresa interveio, tentando trazer calma à situação.
— Edgar, para com isso! Não se envolva. Isso é coisa de casal, e além do mais, a Celma está aqui. Ela é maior de idade.
Edgar ficou furioso, seu rosto corando de raiva.
— Vocês são sempre assim, defendendo... — começou ele, mas foi interrompido por Sr. Augusto.
— O caso já está na polícia. E se ele fizer alguma besteira, desta vez não vamos retirar a queixa.
Edgar se chateou, batendo a mão na mesa.
— Quem foi que fez essa besteira de retirar a queixa? Deixavam o cabrão lá! Um homem nunca deve bater em sua mulher.
Celma, sentada à mesa, parecia estar em outro lugar, não comentando nada. Ela conhecia bem o irmão, sabia que dizer para ele não fazer algo só o motivava mais.
— Edgar, por favor, não torne as coisas mais difíceis — disse ela, tentando manter a calma.
Edgar respirou fundo, tentando se controlar.
— Tudo bem, Celma. Mas eu não vou deixar isso passar em branco. Se ele tentar qualquer coisa novamente, eu vou estar lá para esmagá-lo.
Dona Teresa, com um olhar preocupado, tentou acalmar a situação.
— Vamos todos nos acalmar. Celma precisa de paz agora. E nós estamos aqui para apoiá-la. Essa sua atitude não vai ajudá-la!
Celma olhou para a família, sentindo uma mistura de gratidão e tristeza. Sabia que o caminho à frente seria difícil, mas com o apoio deles, sentia-se um pouco mais forte.
O relógio na parede marcava o tempo, lembrando a todos que cada segundo era precioso e que o futuro, embora incerto, ainda estava por ser escrito.
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Atualizado até capítulo 62
Comments
Solange Araujo
Ainda não entendendo muito, mas tem muita coisa pra acontecer... ansiosa
2024-09-08
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