Lucas caminhava rapidamente pela rua atravessando para o outro lado, o seu rosto refletindo a tensão da manhã. A conversa com Celma ainda ecoava na sua mente enquanto se aproximava da casa dos seus pais.
Assim que chegou à porta, ainda falando ao telefone, foi recebido com um abraço caloroso de sua mãe, Dona Margarida.
— Meu bebê, você chegou! — disse ela, apertando-o com força.
— Sim, mãe. Estou aqui — respondeu Lucas, tentando terminar a chamada com Celma. — Preciso ir agora, Celma. A gente se fala mais tarde, tá? Cuide-se.
Ele desligou o telefone e se voltou para a mãe, que o olhava com curiosidade.
— Com quem você estava falando, Lucas? — perguntou ela, a voz carregada de suspeita.
Lucas hesitou por um momento, mas o silêncio foi suficiente para Dona Margarida.
— Era a Celma, não era? — ela perguntou, os olhos estreitando.
Lucas suspirou, tentando evitar o confronto.
— Mãe, não começa...
— Eu sabia! — exclamou Dona Margarida. — Quantas vezes eu já te disse para deixar essa garota em paz? Ela é casada, Lucas. Não te queria antes, não é agora que vai te querer.
Lucas continuou andando pela casa, a mãe o seguindo de perto, as palavras dela caindo como marteladas em seus ouvidos.
— Você está se envolvendo em problemas, filho. Deixa essa história para lá. O que aconteceu com o Hugo e a Celma é problema deles, não seu! Eu já ouvi da briga deles.
Lucas não respondeu, mantendo o foco em chegar à sala onde seu pai, Sr. Carlos, tomava seu café da manhã. Ao entrar, saudou-o com um beijo no rosto e puxou uma cadeira para se sentar.
— Bom dia, pai.
Sr. Carlos olhou para sua esposa e depois para Lucas, percebendo a tensão no ar.
— O que está acontecendo, Margarida? — perguntou ele.
— O seu filho, voltou a aproximar-se daquela aí — respondeu ela, cruzando os braços.
Sr. Carlos sorriu, balançando a cabeça.
— Só agora você notou isso? Já faz meses que ele tem falado com ela.
Dona Margarida franziu a testa, claramente contrariada.
— Mas ela é casada!
— Parece que você está desatualizada, mulher. Celma está com problemas no casamento e está passando uns dias na casa dos pais dela.
Dona Margarida bufou, revirando os olhos.
— Isso não muda nada. Lucas, você não deveria se meter nisso. Você não vê o problema que está criando para si mesmo?
Lucas finalmente olhou para sua mãe, a expressão cansada.
— Mãe, eu não sinto nada pela Celma. Isso foi coisa de meninos, já superei há muito tempo.
Mas Sr. Carlos percebeu a verdade nos olhos do filho. Ele sabia que Lucas ainda amava Celma, um amor que nunca havia sido correspondido e que causava dor cada vez que ele via Celma com Hugo.
Dona Margarida, no entanto, não estava convencida.
— Lucas, eu vi como você ficou quando ela se casou com Hugo. Você estava destroçado. Não quero te ver sofrendo de novo.
Lucas tentou sorrir, mas o sorriso não alcançou seus olhos.
— Mãe, eu estou bem. E Celma precisa de amigos agora. Não vou abandoná-la.
A tensão na sala era palpável. Sr. Carlos colocou a mão no ombro do filho, oferecendo apoio silencioso.
— Só tenha cuidado, filho. O amor pode nos levar a fazer coisas impensadas.
Enquanto isso, na casa dos Rodrigues, Celma terminou seu café da manhã em silêncio. Edgar ainda estava discutindo com Sr. Augusto sobre a situação.
— Eu não posso acreditar que vocês deixaram aquele cara escapar impune tantas vezes — disse Edgar, a voz cheia de frustração.
Sr. Augusto suspirou, tentando manter a calma.
— Nós fizemos o que achamos melhor na época, Edgar. Mas agora as coisas mudaram. A Celma precisa de apoio, não de mais conflitos.
Celma levantou-se da mesa, tentando evitar mais discussões. Ela se retirou para o quarto, onde começou a se preparar para ir ao trabalho. Enquanto se vestia, ouviu uma batida na porta.
— Entre — disse ela, sabendo que era sua mãe.
Dona Teresa entrou, a expressão preocupada.
— Filha, você já vai voltar ao trabalho? Não acha que é cedo demais?
Celma suspirou, continuando a se arrumar.
— Mãe, eu preciso trabalhar. Ficar em casa só vai me fazer pensar em tudo o que aconteceu. Preciso ocupar minha mente.
Dona Teresa se aproximou, segurando a mão da filha.
— Eu entendo, querida. Mas por favor, não se force além do que pode aguentar. Cuide de si mesma.
Celma sorriu, agradecida pelo apoio da mãe.
— Eu prometo, mãe. Vou me cuidar.
A manhã avançava e a tensão entre as duas casas no bairro 21 de Julho era quase palpável. Celma sabia que a jornada à frente seria cheia de desafios, mas estava determinada a enfrentá-los de frente, com a força e o apoio de sua família e amigos.
Enquanto Lucas se preparava para sair de casa e ir para o trabalho, ele não conseguia deixar de pensar em Celma. O amor que sentia por ela, embora não correspondido, ainda queimava em seu coração. Ele sabia que precisava estar lá para ela, não importa o que sua mãe dissesse.
Dona Margarida, por outro lado, observava o filho com uma mistura de preocupação e resignação. Ela sabia que Lucas era teimoso, e quando ele colocava algo na cabeça, era difícil fazê-lo mudar de ideia.
— Lucas, só tome cuidado — disse ela, enquanto ele se preparava para sair. — Eu só quero o melhor para você.
Lucas deu um sorriso reconfortante para sua mãe, tentando aliviar sua preocupação.
— Eu sei, mãe. E eu também quero o melhor para Celma. Vou fazer o que puder para ajudá-la.
Ele saiu de casa, sentindo o peso das palavras de sua mãe, mas também determinado a ser o apoio que Celma precisava. Enquanto caminhava pelas ruas do bairro, seus pensamentos voltaram para o dia em que Celma se casou com Hugo. A dor que sentiu ao vê-la com outro homem ainda era fresca em sua memória, mas ele sabia que precisava deixar isso no passado.
Celma, por sua vez, estava tentando se concentrar no trabalho. Ela sabia que voltar ao escritório seria difícil, mas era necessário para sua sanidade. Ela não queria ficar presa em casa, revivendo os momentos dolorosos dos últimos dias.
Enquanto ela se preparava para sair, Edgar entrou em seu quarto, a expressão ainda marcada pela raiva.
— Celma, eu não vou deixar isso passar. Hugo vai pagar pelo que fez.
Celma olhou para o irmão, entendendo sua frustração, mas também sabendo que ele precisava se controlar.
— Edgar, por favor. Não faça nada que possa piorar a situação. Eu só quero seguir o meu caminho, ele falhou assim como eu.
Edgar balançou a cabeça, a expressão determinada.
— Eu entendo, Celma. Mas saiba que estarei aqui para te proteger. Sempre.
Celma sorriu, sentindo uma onda de gratidão pelo apoio do irmão.
— Obrigada, Edgar. Eu sei que posso contar com você.
Com isso, ela saiu de casa, determinada a enfrentar o dia, apesar de todos os desafios. O futuro era incerto, mas ela sabia que tinha a força e o apoio necessários para seguir em frente.
O tik tak, tik tak, era o som que vinha do relógio na parede marcando o tempo implacavelmente, lembrando a todos que cada segundo era precioso para desperdiçar-lo, embora incerto, ainda estava por ser escrito.
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Atualizado até capítulo 62
Comments
Solange Araujo
Gente esse Hugo tem que pagar,o Edgar tá certo não pode deixar passar batido não.... credo eu hein 😜
2024-09-08
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