Planejado

Aquilo não saiu da minha cabeça, olhei para Arthuro com tanta desconfiança, que ele provavelmente notou que tinha algo errado, íamos embora a tarde, então ele me chamou para conversar depois do almoço.

— O que foi? Não dormiu bem ontem? — ele parecia preocupado.

Nesse momento, decidi jogar com as cartas que eu tinha.

— Eu não consigo lembrar nada sobre Aisha, isso é frustrante. Arthuro, você não sabe nada sobre ela? Sua personalidade ou algo assim? — preferi não dizer que lembrei de algo.

— Tudo que sei, é que ela era obcecada por você. Ela te amava loucamente, ao ponto de ser sufocante para quem olhava de fora. Bom, eu não sei muito sobre ela, vi vocês juntos algumas poucas vezes, tirando quando fizemos uma viagem juntos para cá. — ele continuava indo contra as minhas memórias.

— Você nunca foi me visitar enquanto ela estava lá? — Arthuro ficou exatamente um minuto sem dizer nada.

— Eu sempre te ligava antes, nunca ia quando Aisha estava lá. — era claramente mentira.

Foi a certeza que meu “melhor amigo”, estava mentindo para mim. Agora, eu já não poderia mais confiar em Arthuro.

— Vou ir tomar um ar… — estava me sentindo sufocado. Agora, eu já não tenho ninguém.

Celine também não é alguém que me passe total confiança, Liara muito menos, a única pessoa que me resta é... minha irmã? Evitei os outros até o horário de irmos embora. Tentei ao máximo evitar demonstrar o que eu estava sentindo.

Nós voltamos, Celine e eu fomos deixados em frente ao prédio em que morávamos. Segui sem dizer nada, até que chegássemos ao nosso andar.

— César… — ela puxou a manga da minha camisa. — Você está estranho, aconteceu alguma coisa? — Celine pareceu genuinamente preocupada.

— É apenas dor de cabeça. — entrei imediatamente no meu apartamento.

Estava tão cansado que peguei no sono do jeito que estava. Novamente, eu me perdi naqueles sonhos, que eram minhas memórias reprimidas.

[…]

— Hic… por favor! Por que tenho que me esconder? Irmão, Arthuro me ama! — minha irmã estava desesperada depois da morte dos nossos pais.

Ela era muito apegada a Arthuro, mas eu não poderia deixá-la nas mãos dele.

— Não torne as coisas mais difíceis! Eu te garanto que ele não quer nada sério com você! — foi uma descoberta que fiz um pouco antes do acidente.

Arthuro não amava a minha irmã, estava se encontrando às escondidas com Liara, eu descobri isso inesperadamente. Não quis contar a minha irmã, pois para ela, mesmo se Arthuro quisesse mata-lá, ela o perdoaria. Camille era igual a mim quando se tratava de amor, mas eu ainda era pior.

— Camille, ele quer te fazer mal… — foi trabalhoso convencer Camille, mas ela acabou aceitando.

Arthuro não chorou no velório dela, mas eu menti para minha irmã que sim, porque isso machucaria seu ego.

O sonho mudou de rumo… de repente, eu estava na minha cama, junto a ela, Aisha. Seu rosto não era mais um mistério para mim, pois eu a via. Ela era tão linda, e eu me sentia completo apenas a olhando. Toquei seu rosto sorridente, eu a amava intensamente.

O meu celular tocou, e ela tomou da minha mão. Era Camille que estava ligando, mas Aisha não me deixou explicar a situação. Camille também queria distância dela, não queria conhecer a Aisha. Mesmo sabendo que eu tinha uma irmã mais nova, ela nunca quis conhecer, assim como também foi com os meus pais. Acho que ela fez o certo, afinal, meus pais jamais aprovariam a nossa relação. Eles sabiam que estávamos juntos, e já não me falavam nada sobre ela, porque todas às vezes que falávamos sobre Aisha, brigávamos.

— Essa mulher de novo? — Aisha de levantou, jogando o vaso que ficava perto da cama no chão. — Acho que você esqueceu do aviso que eu te dei! César, você é meu, entendeu? Ninguém pode tirar você de mim! — sim, era sempre dessa forma.

Mas eu… eu… gostava do jeito que ela era. Na verdade, eu era tão apaixonado por Aisha, que sentia que mesmo que ela me apunhalasse, eu ainda estaria ali, por ela. Por isso todos diziam que eu era mais louco que ela, por aceitar essa relação. Aisha era obsessiva, e eu me sentia totalmente dependente dela. A verdade é que toda a história do passado dela, me fazia entender porque ela era assim.

Aisha confiava apenas em mim, ela não tinha mais ninguém no mundo. Por dentro, ela estava totalmente quebrada.

— Aisha, você sabe que eu jamais trairia você… — eu a abracei, ao menos, ela se acalmava quando fazia isso.

[…]

Acordei, sentindo um aperto no peito. A falta dela começou a me incomodar. Aquela cama era tão vazia sem Aisha, eu finalmente estava entendendo o que ela era na minha vida.

Me levantei, tomei banho e fui trabalhar. Não encontrei Celine, pois acabei chegando atrasado. Para piorar, não consegui ficar focado, minha cabeça estava uma bagunça, e a angústia em meu peito não desaparecia.

Arthuro me chamou para almoçar, acabei aceitando para não parecer estranho, mesmo que eu estivesse incomodado.

— Na verdade, eu preciso te informar algo… Celine não vai mais ser sua parceira. — fiquei surpreso ao ouvir isso.

— O quê? — não fazia sentido.

— Acho que está na hora dela começar a fazer seus próprios trabalhos. — havia algo errado nisso, pois Celine ainda era nova e inexperiente no trabalho, e ele a colocou como minha parceira, para me ajudar, já que minha memória foi perdida.

— Ela decidiu isso? — me restava apenas pensar que foi assim.

— É isso. — Arthuro sorriu, mas aquilo não me passou confiança.

Decidi que eu mesmo iria perguntar a Celine mais tarde. Voltei para o trabalho, eu sempre levava o celular de Aisha comigo. Recebi uma nova mensagem daquele número desconhecido.

— “Cuidado, ou dessa vez, será você que estará debaixo da terra. Bom, era para isso ter acontecido, no dia do seu acidente”. — uh? Isso… foi definitivamente uma ameaça.

E se meu acidente também tiver sido planejado? Por que não pensei sobre isso antes?

Fazia sentido, afinal, minha namorada havia sido assassinada, e no mesmo dia, eu sofri um acidente. Perder a memória não era o que deveria ter acontecido. Era para eu morrer naquele dia?

Sim, era isso… mas quem? Quem quis matar Aisha e eu?

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