Quando Celine se recuperou, ela permaneceu tremendo. Estava assustada, com medo de algo. Ao olhar para mim, ela se afastou, como se eu fosse alguém ruim.
— Celine, beba a água. Não vou te fazer perguntas, pelo menos não até que se recupere! Quero que saiba que não entendo quem você é realmente, mas sei que está ocultando algo. Eu não vou ficar parado e deixar você me enganar, espero que fique ciente disso! — entreguei a ela um analgésico, e também água.
Ela estava hesitante, mas bebeu. Seu sono voltou não muito tempo depois. Fiquei observando Celine dormir, estava incomodado demais, queria acabar com todo esse mistério de uma vez.
Acabei pegando no sono em algum momento, mas a sensação que senti ao dormir, isso era bom ao menos.
[…]
— Bom dia, vizinha! — passei por Celine como todos os dias.
— Bom dia, sua esposa, onde ela está? — ela estava animada.
— Senhorita Celine, peço desculpas por dizer isso, mas poderia parar de tentar se aproximar de Aisha? Ela está incomodada, deve ter percebido como minha esposa é antissocial, afinal, já moramos aqui há dois anos. — podia se dizer que ainda era no começo, eu estava a conhecendo.
— Sinto muito, realmente queria me dar bem com essa. — suspirei, me sentindo desconfortável.
Aisha sempre foi muito ciumenta, ela odiava qualquer mulher que ao menos falasse comigo. Celine sempre foi extrovertida, e tinha uma boa amizade com todos da vizinhança. No nosso primeiro dia aqui, ela ofereceu toda a sua ajuda, mas Aisha recusou.
— Eu que peço desculpas pelo comportamento dela, agradeço por ser compreensiva! — naquele dia, eu ainda estava começando minha vida ao lado de Aisha.
Já nos considerávamos casados, mas queríamos oficializar. Comecei a trabalhar o mais cedo possível, assim poderíamos construir um futuro juntos.
Naquele dia, eu realmente achei que tudo ficaria normal, mas…
— ME SOLTA, POR FAVOR! — Aisha estava agarrando o cabelo de Celine.
— SUA NOJENTA! — corri para separá-las, mas foi realmente difícil.
Tive que puxar Aisha para dentro de casa, e tranquei com a chave.
— Aisha, por que estavam brigando? — eu perguntei.
— César, ela quer te roubar de mim! E-Ela quer o meu lugar ao seu lado, eu sei disso… — às vezes, Aisha agia dessa maneira.
Com o tempo, me acostumei com a personalidade dela. Segundo os médicos, ela não tinha nenhum problema psicológico.
— Está tudo bem, ninguém vai me roubar de você… — queria apenas que ela fosse mais confiante.
Aisha cresceu sozinha, sem amor, sem carinho e família. Eu entendia o lado dela, tinha medo de ser abandonada. Sinceramente, jamais faria isso com ela, pois assim como ela se tornou dependente de mim, também me tornei por ela.
— César, é melhor você nunca sair do meu lado! — acariciei a cabeça dela, tentando demonstrar que jamais a abandonaria.
[…]
Acordei, percebendo que dormi ao lado de Celine. Ela parecia melhor, mas ainda estava com febre. Era sábado, então não precisávamos ir ao trabalho. Deixei ela dormir, e então foi preparar o café da manhã.
Fiquei pensando sobre o sonho de antes, aquela lembrança do meu passado me confirmou que Celine realmente não era amiga de Aisha. Mas do que isso, fez com que eu notasse que eu amava Aisha desesperadamente, assim como ela.
— Uh, panquecas? — notei que já estava fazendo isso instintivamente.
Apenas continuei conforme o que vinha na minha mente. Algum tempo depois, Celine apareceu na cozinha, ainda sonolenta. Ela me abraçou de repente por trás, me deixando surpreso.
— César, panquecas de novo? — ela estava com os olhos meio fechados.
Isso me causou arrepios, e então, uma memória me veio à cabeça. Aisha fazia isso constantemente comigo.
— Celine! — eu me virei, encarando para ela.
Quando Celine percebeu, se afastou imediatamente de mim.
— Desculpe, eu ainda não estou completamente recuperada… — ela tocou na própria cabeça, como se estivesse com dor.
— Está tudo bem… — não, não está nada bem…
Servi as panquecas, e então Celine provou. Fiquei observando sua reação, ao menos ela estava gostando da refeição. Mais tarde, antes que pudesse perguntar sobre o que aconteceu antes, Celine disse que iria para casa tomar banho, e que voltaria mais tarde.
Fiz o mesmo, tomei banho para espairecer. Comecei a me sentir vazio e solitário, como se algo estivesse faltando. Minha cabeça começou a doer, por isso, tomei um remédio. O celular de Aisha vibrou, e eu corri para olhar. O número desconhecido havia me respondido.
— ''Liara Dominic, faça o seu trabalho e descubra''. — ele queria que eu investigasse. Significava que esse nome tem alguma relação com a morte de Aisha.
Eu sabia que o assassino não me diria diretamente quem é, mas não estava preocupado em investigar, afinal, era sobre a mulher que eu amava. Aisha ainda era um mistério para mim, mas eu já estava recuperando gradualmente, o que sentia por ela.
Me lembrei que não havia olhado os documentos que minha irmã me entregou, por isso, abri para tentar descobrir mais sobre Aisha.
— ''Aisha Lima'', ela mesma escolheu seu sobrenome. Nasceu em outra cidade, viveu em um orfanato até os cinco anos, e fugiu, pois sofria maus-tratos. Viveu na rua até os quinze, quando uma família a acolheu. Depois de uma denúncia à polícia, ela desapareceu, e não teve mais contato com eles. — era uma denúncia sobre abusos psicológicos, ela mesma fez, mas ninguém acreditou nela, por isso o caso foi encerrado.
Também dizia que com dezoito anos, Aisha veio para essa cidade. Começou a trabalhar por meio período em uma loja de estampados, o salário era ruim, mas ela conseguiu sobreviver. Voltou a estudar, pois não conseguiu completar o ensino médio. Segundo aquelas informações, nos conhecemos quando tínhamos vinte anos. Aisha e eu começamos a sair com frequência, e quando não estávamos juntos, ela ia a outros lugares constantemente. Ao que parece, Aisha tinha uma melhor amiga, Liara Dominic, a mesma mulher que aquele número desconhecido mandou.
Aparentemente, elas pararam de se falar um ano depois.
— Liara… quem é essa? — fiquei me perguntando.
As outras informações apenas diziam que ela começou a fazer secretamente um tratamento para ter um bebê, isso já havia sido depois da morte da nossa filha.
— ME SOLTA! — Escutei Celine gritar.
Então, também ouvi uma voz masculina, gritando do lado de fora. Alguém estava discutindo com ela.
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Atualizado até capítulo 44
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