Parceira

Naquela hora, eu realmente não me senti tão incomodado como estou agora. As palavras daquela mulher ficaram impregnadas na minha cabeça, como se fosse algo ruim, mas eram apenas palavras normais.

— César, como não sabemos o que aconteceu com seu celular, use este. É um pouco antigo, mas deve ser o suficiente para você se distrair. — acabei não precisando perguntar a ele sobre o meu celular.

Arthuro saiu para o trabalho, e eu liguei a televisão, esperando encontrar algo interessante. No final, acabei mexendo no celular. Queria procurar minhas redes sociais, então criei uma conta nova, e digitei meu nome. Não foi difícil encontrar meu perfil comercial, não havia nada que me desse muitas pistas, sem contar que não parecia ter uma conta pessoal que seguisse aquele perfil.

Após vinte minutos, decidi pesquisar o nome de Arthuro, e então notei que um perfil com minha foto o seguia. O nome era peculiar, por isso não foi fácil de encontrar. Era privado, tinham no mínimo cem publicações, mas eu não podia ver. Então, seguindo o mesmo raciocínio, procurei o perfil de Aisha. Claro, também era um nome peculiar, seguia apenas três pessoas, mas não pude ver, já que era privado.

— Parece que não vou conseguir nada hoje… — Deitei no sofá, e acabei pegando no sono.

Dessa vez, não tive nenhum sonho, mas eu estava ouvindo uma voz suave e doce me chamando repetidamente.

— César… — era tão suave, que tocava meu coração intensamente.

Sua voz ficou cada vez mais baixa, e logo, era como se estivesse sussurrando no meu ouvido. Era confortável, estranho, mas, ao mesmo tempo, me causava arrepios intensos. Quando abri os meus olhos, Arthuro já havia voltado.

— Sinceramente, nunca vi você conseguir dormir à tarde. Você dizia que te fazia mal, e você lembrava de alguma coisa ruim. — Nem mesmo um oi, ou alguma coisa, ele apenas foi dizendo isso.

— … — fiquei em silêncio, encarando o que ele estava fazendo.

Arthuro não disse mais nada, e me senti constrangido. Realmente seria melhor começar a trabalhar o mais cedo possível, pois não era como se eu tivesse outra coisa para fazer.

— Acho que… vou começar a trabalhar amanhã, tudo bem por você? — perguntei.

— Seria ótimo! — ele sorriu de orelha a orelha, provavelmente precisa muito de mim no trabalho.

À noite, não consegui ter sono. Não era ansiedade ou algo relacionado, provavelmente minha insônia foi por conta do longo sono que tive durante a tarde. No dia seguinte, vesti um terno que encontrei na mala. Pelo visto, eu tenho bom gosto, já que ficou impecável em mim.

— Haha, agora parece o César que conheço! — Arthuro deu um leve tapa nas minhas costas, e então me puxou quando fiquei parado no lugar.

Nós saímos, e eu fiquei observando a cidade pela janela do carro. Era um lugar lindo, e grande, mas não me trazia nenhuma nostalgia. Não muito tempo depois, chegamos a um prédio. Arthuro sorriu quando notou minha expressão surpresa.

— Foi a mesma reação que você teve quando veio aqui pela primeira vez que o prédio ficou pronto. — eu estava analisando os mínimos detalhes, significava que somos amigos há bastante tempo.

Continuei em silêncio, então entramos no prédio. Algumas pessoas me encararam, outras vieram me cumprimentar. Provavelmente todos estavam cientes que perdi minha memória, já que me desejavam melhoras, e diziam sentirem muito pela morte de ''Aisha''. Queria perguntar se algum deles a conhecia, mas não tive tempo, já que Arthuro praticamente me arrastou até uma sala.

— Ta-da! Esse é o seu escritório pessoal, então tudo que deixou, está aqui! Claro, pedi para Celine organizar, já que estava uma bagunça. — Celine, é a mesma mulher de ontem.

— Não precisava incomodar outra pessoa para fazer isso, sem contar que pelo que entendi, ela entrou recentemente na empresa. — coloquei na mesa a bolsa que trouxe com algumas poucas coisas.

— Incomodar? Ela mesma se ofereceu! Você sabe, ela te admira muito. — era estranho, algo sobre ela me deixava tenso.

— Entendo. — realmente tudo estava bem organizado e limpo.

— Aliás, tenho uma novidade! Celine pediu para ser a sua parceira, tudo bem, certo? Eu disse que poderia, afinal vai ser melhor para você do que estar sozinho! — ele sorriu como se não fosse nada de mais.

Nesse momento, eu me sentei na cadeira, cruzei os braços, e o encarei.

— Normalmente age assim? Não me pergunta nada, toma decisões e me diz apenas no final. Isso não me parece certo! — Arthuro arregalou os olhos, em choque.

— Velhos hábitos nunca mudam, mesmo sem memória, você continua assustador. — ele sorriu. — Enfim, preciso sair, você pode começar analisando os documentos que estão aí. Celine chegará mais tarde hoje, então aproveite um pouco do seu tempo sozinho.

Ele saiu, e eu comecei a abrir as gavetas. Os documentos estavam em ordem alfabética, tudo que eu precisava estava lá. Notei que tinha um celular, mas estava bloqueado e com a bateria baixa. O carregador também estava na gaveta, então deixei carregando.

— A foto na tela de bloqueio, duas mãos entrelaçadas. Suponho que seja Aisha e eu? — comparei com a minha mão, era realmente.

Peguei o primeiro documento, eu estava investigando um homem chamado ''Arlan Castro''. A solicitação era da sua esposa, e as informações que continha, eram sobre os lugares que frequentava, suas amizades, contatos de trabalho. Ela queria saber o que ele escondia dela, não parecia ser apenas um caso de traição.

Liguei meu computador, mas também estava bloqueado, tentei pensar em possíveis senhas, mas não tinha muitas opções. Fiquei frustrado, então, alguém bateu na porta. Era Celine.

— Bom dia! — ela entrou, colocando sua bolsa no pequeno sofá no canto da sala. — Estou feliz por trabalhar com você, César! — ela sorriu, dizendo meu nome como se fôssemos próximos. Senti um arrepio quando ela disse meu nome, mas tentei fingir naturalidade.

— Bom dia, Senhorita Celine. — continuei pensando em possíveis senhas, ignorando a presença dela.

Então, quando menos percebi, ela estava do meu lado, olhando para o meu computador. Antes que eu pudesse questionar, ela disse:

— Está procurando a senha? Sabe, quando estava limpando tudo, encontrei um papel amassado, tinha algumas letras e números. Trouxe comigo caso você precisasse, que tal tentar? — ela me olhou com expectativa, e eu peguei o papel que ela me entregou e digitei o que estava escrito lá.

O computador desbloqueou, e ela sorriu alegremente.

— Oh, obrigado pela ajuda. — imediatamente fui abrir alguns arquivos, mas parei ao perceber que ela estava olhando atentamente.

Ao notar meu incomodo, ela se afastou.

— Sinto muito! Pensei que estaria tudo bem olhar, já que sou sua parceira. — ela ficou de cabeça baixa.

— Acho que sabe que isso é falta de educação, certo? Deixarei passar, pois você me ajudou.

Fiquei olhando para Celine, ainda sem saber como lidar com ela.

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