Não há nada mais angustiante do que hipóteses. Diante de nós, havia várias, mas a cabecinha insegura de Isabella apontava para a pior delas. E eu não achava ruim, desde que me ajudasse no andamento do plano.
Uma mulher quase nua dançava em cima de uma mesa à nossa frente. Seus movimentos eram hipnóticos, atraindo olhares de todos os cantos do clube. Lorenzo estava sentado ali, completamente absorto na figura diante dele. Para não dizer que estava imóvel, ele retirava algumas notas e as colocava delicadamente no seio da moça. Alexsander, sentado ao lado, observava tudo em silêncio.
Eu sabia que o noivo de Isabella não iria fazer nada com a moça. Ele parecia ser do tipo centrado, que só se focava em uma coisa, em uma mulher. Mas para Isabella, aquela cena significava as piores coisas possíveis. Ela podia sentir a traição pulsando, como uma ferida aberta.
— Safado! Descarado! — Isabella exclamou, sua voz carregada de indignação e mágoa.
A dor e a raiva em seu rosto eram evidentes. Ela estava prestes a avançar, mas segurei seu braço, impedindo-a de fazer uma cena maior.
— Calma, Bella. Não adianta fazer um escândalo aqui. Precisamos ser estratégicas. — Sussurrei, tentando manter a voz firme e controlada.
— Estratégicas? — Ela me olhou com os olhos cheios de lágrimas e raiva. — Olhe para ele, Helena! Ele está aqui, nesse lugar nojento, assistindo a isso como se fosse a coisa mais normal do mundo. Como posso ficar calma?
— Eu sei, eu sei. Mas pense comigo. Você quer mesmo confrontá-lo aqui, na frente de todos? Ou prefere esperar e ter uma conversa onde ele não possa escapar, onde ele tenha que te dar explicações?
Ela respirou fundo, tentando controlar a torrente de emoções que ameaçava transbordar.
— Ele me deixou sozinha em casa, enquanto eu estava preocupada com ele, para ficar assistindo a uma mulher quase pelada dançar!
Bella me olhou com uma mágoa nos olhos, e por um momento, precisei deixar "Helena, Dama da Noite" de lado e usar meu coração humano. Ou pelo menos fingir que eu tinha um.
— Bella, eu... — comecei, mas as palavras falharam. Tudo que conseguia fazer era apertar o braço dela em um gesto de solidariedade.
Ela engoliu em seco, as lágrimas se acumulando nos cantos dos olhos. — Eu achava que ele me amava, Helena. Como ele pôde fazer isso comigo?
— Eu sei. Eu sei como dói. — Disse, tentando manter minha voz firme. — Mas isso não significa que você tem que aceitar. Você merece a verdade, e merece alguém que te valorize.
Ela assentiu, mas a mágoa em seus olhos permanecia. — E se ele mentir? E se ele tiver uma desculpa perfeita?
Suspirei, sabendo que essa era uma possibilidade real. — Então teremos que estar preparadas. Mas agora, precisamos sair daqui antes que ele perceba que estamos espionando.
Nós nos movemos discretamente em direção à saída, tentando passar despercebidas. Cada passo parecia pesado, carregado com a tensão e a dor do momento.
Antes de sairmos completamente, não pude resistir a lançar um último olhar para Alexsander. Ele estava de pé agora, claramente perturbado, enquanto Lorenzo continuava distraído com a dançarina. Algo no comportamento de Alexsander havia mudado, e seus olhos varreram o ambiente, talvez em busca de algo ou alguém.
Então, ele se inclinou para Lorenzo e sussurrou algo. Mesmo de longe, consegui ler seus lábios se movendo lentamente: "Não posso fazer isso, desculpe.”
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Atualizado até capítulo 93
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