CAPÍTULO 11

O apartamento de Isabella era bem localizado na cidade, e seu interior era ainda mais impressionante do que o prédio em si. Móveis modernos e elegantes preenchiam os espaços, cada peça escolhida com cuidado para criar uma sensação de luxo e sofisticação.

Lorenzo havia arquitetado bem a mentira; apesar da desconfiança inicial, Isabella acreditou direitinho na história. Sua desconfiança era mais sobre o homem ao seu lado do que sobre mim. E não era para menos. Mal ela sabia que, quando menos esperasse, eu arrancaria aquele homem das suas garras.

Assim eu esperava, pelo menos. Era eu ou eles, e eu não queria pagar para ver. Minha vida estava em jogo.

De certa forma, os planos de Lorenzo e Benjamin se complementavam. Se eu conseguisse dominar aquele homem, teria acesso a todos os seus planos. Alexsander não era apenas um peão qualquer; ele era a chave para desvendar toda a trama que Lorenzo havia urdido. A verdadeira dificuldade, porém, estava em sua devoção cega a Isabella.

Alexsander era um enigma, mas parecia ter olhos apenas para ela. Isabella, com seus olhos e charme casual, conseguia prender sua atenção de uma maneira que eu só podia imaginar como subverter. Mesmo que eu desfilasse nua na sua frente, ele provavelmente não notaria. Para ele, Isabella sempre seria o centro das atenções.

Observando a interação entre eles, percebi que precisaria de uma estratégia mais sutil. Isabella, por mais desavisada que fosse, tinha um instinto de proteção aguçado quando se tratava de Alexsander. Ela sabia, mesmo que inconscientemente, que havia algo de valor em sua posse.

— Então, Helena — disse Alexsander, quebrando meus pensamentos. — Como está se ajustando à vida em Nova York?

— Bem — respondi, tentando soar casual. — É uma cidade fascinante. E este apartamento é maravilhoso. Isabella tem muito bom gosto.

— Ah, obrigada — Isabella respondeu, sorrindo. — Fiz o meu melhor para deixar tudo confortável. Espero que goste de morar aqui.

— Tenho certeza de que sim — respondi, mantendo o tom leve. — Estou ansiosa para aprender e contribuir.

O foco de Isabella saiu de mim rapidamente, e ela ignorou minha presença na sala. Mudando de assunto, ela colocou a mão na dele, sorrindo de maneira quase possessiva. Se eu tivesse um pingo de vergonha na cara, teria me constrangido. Mas me mantive firme, observando a cena com atenção.

— Podemos sair hoje à noite, depois do trabalho? — perguntou ela, adotando um tom doce. — Eu imaginei que...

— Hoje não. Tenho um compromisso — interrompeu Alexsander, com uma firmeza que cortava o ar.

— E eu não posso ir? — ela insistiu, fazendo uma voz manhosa que me deu vontade de vomitar.

O que ele via nessa garota, afinal? Ela era bela, mas os neurônios eram escassos. Seu comportamento infantil e pegajoso me irritava profundamente, e me perguntei como alguém como Alexsander podia se interessar por ela.

Eu duvidava que Alexsander fosse tão simplório quanto Isabella. Não, havia uma malícia naqueles olhos que eu não conseguia definir. Isso me dava arrepios na espinha.

— Não dessa vez, Bella — ele disse suavemente, mas com uma autoridade inegável. — É um encontro de negócios, algo que você acharia tedioso.

Isabella fez um beicinho, mas não insistiu mais. Ela desviou o olhar, claramente magoada, mas tentando não demonstrar. Alexsander voltou sua atenção para mim, seus olhos analisando-me com uma intensidade que me fez sentir exposta.

— Helena, se precisar de algo, não hesite em pedir — disse ele, sua voz agora mais gentil. — Lorenzo falou muito bem de você. Espero que esteja à altura das expectativas. Acredito que Bella vá cuidar muito bem de você, já que ele disse que você mesma preferiu ficar em um ambiente mais feminino como esse, ao invés de ir para casa dele. Não poderia ter feito uma escolha melhor

— Farei o meu melhor para não decepcionar — respondi, mantendo o tom confiante. Por dentro, eu sentia o peso das expectativas e a necessidade de navegar cuidadosamente por esse terreno traiçoeiro.

A interação entre eles era reveladora. Isabella era possessiva e carente, enquanto Alexsander mantinha uma fachada de paciência e condescendência. Eu sabia que teria que usar essa dinâmica a meu favor se quisesse alcançar meus objetivos.

Depois de mais algumas trocas de palavras triviais, Isabella finalmente me direcionou para o meu quarto. O espaço era pequeno, mas bem decorado, com uma vista agradável da cidade. Coloquei minha mochila no chão e sentei na cama, refletindo sobre os próximos passos.

Cada movimento precisava ser calculado com precisão. Ganhar a confiança de Alexsander e simultaneamente desestabilizar a relação dele com Isabella seria um jogo delicado. Mas eu estava preparada para isso. Minha vida dependia do sucesso dessa missão, e eu não podia me dar ao luxo de falhar.

Enquanto desfazia minhas malas, ouvi risos abafados vindo da sala. Isabella e Alexsander estavam conversando novamente, suas vozes misturadas em uma cacofonia de intimidade que só servia para reforçar minha determinação.

Eles achavam que eu era apenas uma estudante ingênua, mas logo perceberiam o erro fatal de me subestimar. Eu estava ali para cumprir uma missão, e não pararia por nada até alcançar meu objetivo.

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