CAPÍTULO 7

Enquanto o carro deslizava pelas ruas iluminadas da cidade, eu permanecia em silêncio, perdida em meus pensamentos tumultuados. Não havia opção de recusa, não quando Benjamin tinha todas as cartas na manga e estava disposto a usá-las contra mim. Eu estava presa em uma teia de compromissos e dívidas, dançando na corda bamba entre o perigo e a oportunidade.

Eu sabia que estava me envolvendo em algo muito maior do que eu mesma, algo que ultrapassava os limites do meu mundo de trapaças e disfarces. Alexsander não era apenas mais um homem rico, ele era um homem tão astuto e implacável quanto Lorenzo e Benjamin juntos. E agora, além de ser uma informante de Lorenzo, eu tinha a tarefa de separar um relacionamento entre um bilionário e uma donzela da alta sociedade.

Era uma briga de gente grande, e eu estava no centro dela, como uma rata lançada no conflito das serpentes. O objetivo delas era engolir uma a outra, sem misericórdia ou piedade. Mas no meio desse caos voraz, eu era a carne fresca, a presa vulnerável prestes a ser devorada. Estava cercada por predadores astutos e implacáveis, e a sensação de ser o alvo principal era avassaladora.

Mas o que podia esperar? Uma hora ou outra, a conta dos meus atos iria chegar. Eu só imaginava que não fosse tão cedo.

— Está tão calada. O que te assombra, Helena? — Benjamin perguntou, interrompendo meus pensamentos sombrios com sua voz suave e provocativa.

Lancei meus olhos sobre ele, cautelosa.

— Não me olhe dessa forma, querida. Posso perder o controle do carro a qualquer momento.

Benjamin apenas riu, mas seus olhos permaneciam fixos em mim, como se buscasse algo nas profundezas da minha alma.

— Se acontecesse, seria uma ótima tragédia para você recitar em um dos seus monólogos — respondi, mantendo um tom leve, apesar da tensão que sentia no ar.

Benjamin sorriu, um sorriso que não alcançou seus olhos.

— Você passou tão pouco tempo comigo, mas me conhece tão bem. Eu chamaria isso de química ou destino?

Dei de ombros, pensativa.

— Então chame do que você quiser. Você pode tudo, não é mesmo?

— Posso, e ao mesmo tempo não. Você me provou que não posso tudo, mas não vou te dar outra chance de fazer isso — sua voz soou firme, determinada. Quase outra ameaça.

— Você levou aquilo para o coração? Quer dizer, um relógio de trilhões simplesmente sumiu do seu braço, mas você ainda se importa com o sentimento de rejeição. Não é como se fosse a pior coisa do mundo — provoquei, mantendo o sarcasmo característico.

Benjamin parou o carro e olhou fixamente para frente, como se estivesse perdido em pensamentos sombrios. Só então percebi as luzes vermelhas do semáforo, e senti um arrepio percorrer minha espinha. Eu queria muito sair daquele automóvel e fugir.

— Não diga coisas que você não sabe, Helena — sua voz soou séria e carregada de significado. — Há coisas piores do que perder bens materiais. A vida é uma delas, por exemplo.

Engoli em seco, sentindo um peso no estômago. Era difícil ignorar a gravidade de suas palavras, especialmente quando ditas com tanta convicção.

Benjamin virou-se para mim, seus olhos fixos e intensos, brilhando com a luz vermelha do semáforo. Era como se ele pudesse ver através de mim, desvendando meus pensamentos mais profundos.

— Ou talvez perder um momento como esses — sua voz era suave, mas carregada de determinação. — Finalmente tenho a dama da noite ao meu alcance, e não quero desperdiçar. Então me diga, para onde você quer ir, Helena?

Meu instinto gritava para que eu fugisse dali, para longe daquele homem e de toda a confusão que ele representava. Mas uma parte de mim sabia que não havia escapatória, não naquele momento. Respirei fundo, tentando manter a compostura.

— Posso pagar um motel de luxo para nós, se preferir. Ou até mesmo reservar um dos lugares mais exclusivos da cidade. O que você desejar, eu providenciarei. Mas antes, precisamos resolver alguns assuntos pendentes. Então, para onde vamos?

A tensão no ar era palpável, e eu sabia que qualquer decisão que tomasse naquele momento teria consequências.

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