Maria
Enquanto estou rodeada de pessoas; policiais e enfermeiros da enfermaria da escola, meu coração está acelerado, martelando no peito como se quisesse escapar. As imagens do que aconteceu se repetem em minha mente, uma e outra vez, como um filme de terror que se recusa a acabar.
Nisso, Théo entra com meu material e, me entregando minha mochila, diz:
— Toma, Maria. Já guardei todo seu material.
Eu apenas assinto, sem forças para falar. A dor e a angústia se misturam dentro de mim, formando um nó apertado na garganta que me impede até mesmo de articular as palavras.
A imagem dela ainda está gravada na minha mente: Carol, do segundo ano, caída no chão com sangue escorrendo ao lado de seu corpo. Ela sempre estava sozinha. Sempre lutando uma batalha invisível que, agora, culminou em sua morte prematura.
Lembro que a mesma também sofria bullying. Eu e Théo tentamos diversas vezes nos aproximar dela para uma possível amizade, mas Carol parecia já ter perdido a confiança e a fé em todos os alunos há muito tempo. E agora, ela se foi, levando consigo todos os seus medos e esperanças.
Não posso julgá-la por isso; é difícil acreditar nas pessoas quando todos parecem estar contra você. E agora, aquela garota já não faz parte mais deste mundo. O peso dessa realidade me atinge com força, fazendo-me sentir pequena e impotente diante da crueldade do mundo.
Pensando nisso, volto a chorar novamente, lágrimas quentes e salgadas escorrendo pelo meu rosto como uma torrente incontrolável de emoções.
— Calma, Maria. Vai ficar tudo bem — diz Théo ao meu lado, sua voz suave tentando me confortar em meio ao caos emocional que me consome.
Mas é difícil digerir isso. A dor é como uma ferida aberta, latejante e insuportável. Olho para Théo, buscando conforto em seu olhar solidário, e ele, entendendo o que sinto, me abraça apertado, como se quisesse me proteger de todo o mal do mundo.
— Estou aqui, amiga. Sempre estarei. Somos uma equipe, lembra? — diz ele, suas palavras carregadas de um amor e lealdade inabaláveis.
Sinto o calor e a segurança do abraço de Théo, mas ainda estou atordoada pelo que vi. As palavras dele são como uma âncora, me mantendo firme em meio à tempestade de emoções que ameaça me arrastar para longe.
Nesse momento, ouço passos firmes se aproximando. Levanto o olhar e vejo o delegado Damon entrando na enfermaria. Seus olhos imediatamente encontram os meus, e percebo uma mistura de surpresa e preocupação em seu olhar, como se estivesse tentando decifrar os segredos ocultos por trás da minha expressão abalada.
Ele se aproxima de nós, e Théo se afasta um pouco, mas ainda mantém uma mão reconfortante no meu ombro, como um escudo protetor contra o desconhecido que se aproxima.
— Maria, sei que é difícil, mas você precisará me acompanhar até a delegacia, para prestar seu depoimento. Os policiais já ligaram para seu pai. Ele irá te encontrar lá. — diz Damon, sua voz suave mas firme, carregada de uma autoridade tranquila que me faz sentir um pouco mais segura em meio ao caos que me cerca.
Eu assinto, sentindo o peso da responsabilidade aumentar sobre meus ombros. As palavras de Damon me fazem perceber a gravidade do que aconteceu e a necessidade de colaborar com as autoridades para buscar justiça para Carol.
Théo aperta meu ombro uma última vez antes de soltar, me dando um olhar encorajador que me dá forças para enfrentar o que vem pela frente.
Caminhamos em silêncio até a viatura de Damon, cada passo uma batalha contra o medo e a incerteza que ameaçam me consumir. A jornada até a delegacia parece longa, cada segundo arrastando-se como uma eternidade de dor e sofrimento.
Na delegacia, encontro meu pai esperando do lado de fora, seu rosto uma máscara de preocupação e angústia. Ele se aproxima rapidamente, me envolvendo em um abraço apertado que me faz sentir um pouco menos sozinha no mundo.
— Estou aqui, filha. Estou aqui meu amor.
As suas palavras trazem um certo conforto em meio ao caos de emoções que estou enfrentando. Damon interrompe, pigarreando, e diz:
— Desculpe por interromper, senhor Vicente, mas ela precisa entrar. Precisamos do seu depoimento o mais rápido possível.
O olhar firme de Damon parece penetrar fundo na minha alma, como se pudesse ler todos os meus segredos mais sombrios. Engulo em seco, tentando controlar o nervosismo que ameaça me dominar na presença dele.
— Claro, delegado. Vamos lá, Maria. Estou com você — diz meu pai, sua voz soando firme e reconfortante.
Respiro fundo, buscando coragem dentro de mim mesma, e me viro para seguir Damon até a sala de interrogatório. Cada passo parece pesar uma tonelada, mas sigo em frente, determinada a fazer o que for necessário para buscar justiça para Carol.
Damon abre a porta e me convida a entrar. A sala é pequena e austera, com uma mesa de metal no centro e duas cadeiras de cada lado. Sento-me timidamente em uma das cadeiras, enquanto Damon assume seu lugar do outro lado da mesa.
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Atualizado até capítulo 65
Comments
Maria Izabel
Parabéns Autora história muito interessante ansiosa para ver o desfecho da Maria com Damon e principalmente para encontrar esse assassino ou assassina
2025-02-11
2
Francilene Sousa
estou gostando até agora 😻 a História é boa mais acho que ele devia usar os sentidos do lobo no caso e acho que ela tbm é uma loba
2025-01-29
1
Maryan Carla Matos Pinto
até agora, muito boa a leitura
2024-12-19
1