Damon
Enfim sábado, mas, como sou delegado, muitas vezes nem um final de semana como esse me permite descansar, ainda mais com o caso de homicídio em mãos. Preciso pegar quem matou aquela garota.
Ao sair de casa, avisto o senhor Vicente se despedindo de Maria. A lembrança do que aconteceu ontem à noite me atinge em cheio. Sei que não é certo mentir, mas naquele momento precisei omitir a verdade.
Enquanto penso nisso, me dirijo até a porta do meu carro e aceno para o senhor Vicente, que me olha, mas apenas dá um leve cumprimento de cabeça.
Meu sentido alerta me avisa que ele está agora nutrindo desconfiança de mim, provavelmente por causa da história da coruja e meu comportamento estranho. Preciso ser mais cauteloso; não posso gerar suspeitas.
Ele entra em seu carro e se vai, provavelmente indo abrir seu comércio. Dirijo meu olhar para Maria, que neste instante parece estar procurando algo no quintal. A luz do sol contrastando lindamente com sua pele.
E é aí que me lembro.
— Droga, a bicicleta dela — murmuro, indo abrir meu porta-malas.
Retiro a bicicleta e vou empurrando a mesma até próximo à entrada de sua casa.
— Bom dia, Maria. Está procurando por isso? — digo, parado, segurando a bicicleta.
Ela se vira e, ao ver sua bicicleta, me olha com o cenho franzido e pergunta:
— Por que você está com minha bicicleta?
Dou um leve sorriso ao responder:
— Assim que você saiu da delegacia com seu pai, a diretora ligou e perguntou se você ainda estava lá, pois queria te informar que havia esquecido a bicicleta. Eu me disponibilizei para ir buscar para você. Com toda a confusão de ontem à noite, acabei esquecendo de te entregar. Mas agora ela está aqui.
Ela parece surpresa e um pouco desconfiada, mas se aproxima para pegar a bicicleta. Quando ela segura o guidão, nossos dedos se tocam por um breve momento, e sinto aquela mesma eletricidade percorrer meu corpo.
— Obrigada, delegado Damon — ela diz, a voz baixa e um pouco hesitante.
— Não há de quê, Maria. Espero que esteja se sentindo melhor hoje — respondo, tentando manter a voz calma e controlada, apesar da tensão que sinto.
Ela assente, mas seu olhar ainda está distante, como se revivendo os eventos traumáticos do dia anterior.
— Se precisar de qualquer coisa, estou aqui, ok? — digo, tentando transmitir alguma forma de conforto.
— Eu sei, obrigada — ela responde, ainda sem olhar diretamente para mim.
Ela começa a empurrar a bicicleta em direção à garagem, e eu me viro para voltar ao meu carro. Dou uma última olhada para ela, desejando poder explicar tudo e aliviar suas preocupações, mas sei que não posso.
Dirijo para a delegacia, minha mente dividida entre o caso de homicídio e a confusão de sentimentos que Maria provoca em mim. Preciso manter o foco, mas isso está se tornando cada vez mais difícil com ela tão próxima e, ao mesmo tempo, tão distante.
Conforme dirijo para a delegacia, a mente está a mil. O caso do homicídio e a presença de Maria na minha vida, tudo parece se misturar em um turbilhão de emoções e responsabilidades.
Quando chego à delegacia, a atmosfera é tensa. Policiais discutem teorias, e há um frenesi de atividade incomum para um pacato sábado em Silverwood.
Carlos, meu parceiro, vem ao meu encontro assim que entro.
— Bom dia, Damon. Temos algumas novidades sobre o caso — diz ele, entregando-me uma pasta cheia de relatórios.
— Ótimo. Vamos para a minha sala — respondo, e nos dirigimos para lá.
Ao sentar, começo a folhear os relatórios. Há fotografias da cena do crime, depoimentos de alunos e professores, e os primeiros resultados da perícia. Tento focar, mas a imagem de Maria não sai da minha cabeça. Lembro de sua expressão assustada, mas determinada.
Carlos começa a resumir o que foi descoberto até agora.
— Encontramos algumas impressões digitais no banheiro onde Carol foi encontrada. Ainda estamos processando os dados, mas pode ser uma pista crucial. Além disso, alguns alunos mencionaram ter visto um garoto sair correndo do prédio pouco antes do corpo ser encontrado.
— Alguém identificou esse garoto? — pergunto, tentando me concentrar nos detalhes.
— Estamos verificando os registros, mas ainda nada conclusivo. A maioria dos alunos está em choque, e os depoimentos são confusos.
— Certo. Precisamos continuar investigando todos os ângulos. Nada pode passar despercebido — digo, tentando manter a voz firme.
Enquanto reviso os documentos, algo me chama a atenção. Entre os depoimentos, um nome aparece repetidamente: Théo. O mesmo Théo que estava com Maria na enfermaria ontem.
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Atualizado até capítulo 65
Comments
Maryan Carla Matos Pinto
logo o amigo da Maria
2024-12-19
0
Grace 🌻🌷
Será o Theo um vampiro?
2024-12-11
2
Regina Luzia
a delegado você lindo
2024-08-29
1