Damon
Ainda me sinto um pouco surpreso por descobrir que essa garota, minha parceira na vida, é minha vizinha. Mas recupero-me ao ouvir o comentário do pai dela.
Dirijo meu olhar para ele e sorrio, dizendo:
— Realmente é um prazer revê-lo, senhor Vicente. Não é nada grave, não se preocupe. Só vim avisar que o farol do seu carro está ligado.
Ele bate na testa com uma expressão engraçada e sorri, respondendo:
— Essa minha cabeça... só não a esqueço porque está grudada. Vou desligar. Aliás, vejo que já conheceu minha filha Maria.
Ao ouvir o nome, meus olhos automaticamente encontram os dela. Maria, então é o nome dela. Sorrio, olhando dela para o pai.
— Já nos conhecemos. Ela é muito simpática — digo, com um toque de sarcasmo.
Seu olhar parece me fulminar e ela sai apressada, deixando-me sozinho com seu pai. O senhor Vicente parece um pouco constrangido e comenta:
— Desculpe, Maria é uma boa menina. Às vezes, até parece mais madura do que eu. Mas ela... bem, ainda é uma adolescente, com sentimentos um tanto complexos.
Sua fala me intriga, como se houvesse algo mais. Pigarreando, respondo:
— Claro, senhor, eu entendo. Mas enfim, só queria avisar sobre o farol mesmo. Tenha uma ótima noite.
Ele assente, pedindo desculpas pela distração.
— Boa noite, delegado. Desculpe por não te convidar para entrar.
Rapidamente, respondo:
— Não se preocupe. Preciso ir dormir cedo, pois tenho um dia cheio amanhã.
Nos despedimos mais uma vez, e mesmo da porta, lanço um olhar discreto para a escada, onde Maria se retirou, provavelmente indo para seu quarto.
Caminho de volta para casa, as mãos nos bolsos da calça, enquanto a brisa noturna acaricia meu rosto. A noite promete ser longa, com pensamentos sobre a estranha reviravolta do destino que trouxe Maria para minha vida.
Assim que adentro a casa, observo o quanto espaçosa a mesma é e, neste momento, me sinto literalmente sozinho. Dando um suspiro, prossigo para meu quarto. Ao entrar, vou em direção à janela para fechá-la, e qual não é minha surpresa ao avistar Maria em seu quarto.
— Ah, qual é, universo. Tá de sacanagem, não é? — exclamo, não acreditando que nossos quartos são de frente um para o outro. — Já não bastou ela ser minha vizinha? — bufo irritado, olhando para cima.
Mas então meu olhar é novamente capturado pela presença dela. Sinto a ligação pulsar em minhas veias, o desejo de me aproximar, mais e mais. Ela está sentada na janela, acariciando um gato que provavelmente é de rua.
Seu rosto, iluminado pela suave luz do abajur, parece ainda mais sereno e cativante. O gato ronrona suavemente, e Maria sorri, uma expressão de pura ternura que faz meu coração acelerar.
Observo-a por alguns minutos, incapaz de desviar o olhar. A conexão entre nós é palpável, uma força invisível que me atrai cada vez mais para ela. Cada gesto, cada sorriso dela, parece amplificar essa ligação, deixando-me ainda mais intrigado e confuso.
Afasto-me da janela, tentando ignorar a intensidade dos meus sentimentos. Fecho a janela com um pouco mais de força do que o necessário e me viro, passando a mão pelo cabelo em um gesto de frustração. Tento me concentrar em qualquer outra coisa, mas a imagem de Maria não sai da minha mente.
— Isso vai ser mais complicado do que eu pensei — murmuro para mim mesmo, sentindo o peso do destino em meus ombros.
Decido que um banho gelado pode ajudar a clarear a mente. Enquanto a água fria escorre pelo meu corpo, penso nas implicações de ter minha companheira de vida tão perto e, ao mesmo tempo, tão inacessível. As regras do clã, a diferença de idade, tudo parece conspirar contra nós.
Saio do banho e visto uma roupa confortável, determinado a enfrentar o que quer que o destino tenha reservado para nós. Sei que preciso ser cauteloso, mas a simples ideia de vê-la novamente amanhã faz meu coração bater mais rápido. Deito-me na cama, fechando os olhos e deixando que a exaustão do dia finalmente me vença, com a imagem de Maria sendo a última coisa em minha mente antes de adormecer.
Não sei por quanto tempo dormi, mas deve não ter sido muito. Acordo e, virando de um lado para o outro, não consigo pegar no sono novamente.
— Maldição! Mas que inferno! Pirralha maldita! Droga de conexão — profiro as palavras irritado.
Maria. Esse nome não sai da minha cabeça, e os olhos verdes dela... tão inocentes, tão lindos e puros, não me deixam em paz. Levanto-me, e como o clima esquentou, retiro minha camisa e abro a janela, deixando o ar fresco da noite entrar. Observo o quarto dela, que tem apenas uma fraca luz acesa, lançando sombras suaves pelas paredes.
Me pergunto se ela já está dormindo. Fico aqui por um momento, apoiado no parapeito da janela, tentando acalmar a mente turbulenta. Mas os pensamentos sobre Maria continuam a invadir minha cabeça. A lembrança do toque suave de suas mãos, a expressão em seu rosto quando nossos olhares se encontraram... tudo isso me consome.
— Por que você, Maria? — murmuro para mim mesmo, sentindo a frustração aumentar.
Decido sair um pouco para clarear a mente. Coloco uma camisa novamente e desço as escadas silenciosamente. Saio pela porta dos fundos e caminho até o jardim, onde a brisa noturna e o som distante dos grilos parecem trazer um pouco de paz. Respiro fundo, tentando encontrar algum equilíbrio.
O silêncio da noite é interrompido apenas pelos meus próprios pensamentos. Caminho pelo quintal, tentando organizar a confusão dentro de mim. Como poderia esta jovem, esta humana, ser minha companheira de vida? Como poderia resistir a essa ligação, sabendo que ela é tão forte e inquebrantável?
Olho para o céu estrelado, buscando respostas que sei que não virão facilmente. A lua crescente brilha intensamente, lembrando-me do meu verdadeiro eu, da minha natureza lupina. Essa conexão, essa força que me atrai para Maria, é uma parte inevitável de quem sou.
Mas o que eu posso fazer? Não posso simplesmente ignorar as regras do clã, não posso simplesmente me aproximar dela sem pensar nas consequências. E, além disso, ela é jovem, tem toda uma vida pela frente. Não seria justo arrastá-la para o meu mundo, cheio de perigos e segredos.
Volto a olhar para a janela do quarto dela, ainda iluminada. Será que ela também está pensando em mim? Será que sente algo parecido, mesmo sem entender o que está acontecendo?
— Preciso ser forte — murmuro para mim mesmo, tentando convencer meu coração a obedecer à razão.
Com um último olhar para a janela dela, decido voltar para dentro. O caminho para o quarto parece mais longo do que nunca, mas preciso descansar. Amanhã é um novo dia, e preciso estar preparado para enfrentar o que quer que venha. Mas sei que, de alguma forma, minha vida já mudou para sempre por causa dela, Maria, a garota que agora ocupa todos os meus pensamentos.
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Atualizado até capítulo 65
Comments
Mariauna
ela é uma mestiça com sertesa
2025-01-12
3
loucuras+++
o destino: não não bastou kkkkkkkkk
2024-12-24
1
Ester
nunca vi isso quando é destinada não importa se é humano ou não é inevitável eles sempre tem que ficar juntos a não ser que ele a rejeite
2024-09-08
5