Maria
Já é tarde quando pedalo de volta para casa, deixando meu pai fechar o mercado enquanto sigo na frente. A brisa refrescante agita as folhas das árvores ao longo da rua, balançando meus próprios cabelos em sintonia.
O céu está tingido com cores espetaculares do entardecer, mas minha mente está longe, perdida nos olhos profundos e nas mãos grandes e firmes que me seguraram momentos antes. Enquanto pedalo, sinto minhas bochechas esquentarem ao pensar nele. Quem será ele? Nem mesmo trocamos nossos nomes.
Ao chegar em casa, percebo uma movimentação estranha na casa ao lado. Estava vazia há anos, mas agora parece que alguém voltou a morar lá. Ignorando isso, desço da bicicleta e a guardo no quintal antes de entrar em casa, onde o aconchego do lar me envolve.
Subo rapidamente para tomar um banho e preparar o jantar para mim e meu pai. Enquanto a água quente cai sobre mim, minha mente continua voltada para o encontro inesperado. Quem era aquele homem misterioso? Por que ele mexeu tanto comigo em tão pouco tempo?
(....)
Já vestida com roupas confortáveis, desço para a cozinha e começo a preparar o jantar, distraída pelos pensamentos turbulentos. De repente, meu pai entra na cozinha, deixando as chaves sobre o balcão antes de se dirigir à geladeira e pegar uma garrafa de água.
— Filha, acredita que temos um vizinho depois de anos? — ele diz, com um tom animado.
Enquanto mexo na panela, continuo a conversa.
— Eu percebi mesmo, pai. A casa está com as janelas abertas e algumas caixas do lado de fora.
Ele sorri enquanto enche um copo com água e toma um gole.
— Sim, eu conversei com ele enquanto chegava. Adivinha só? Ele é um delegado.
Olho intrigada para meu pai, surpresa com a revelação.
— Nossa, quem diria que um dia seríamos vizinhos de um delegado.
Meu pai assente, guardando a garrafa de volta na geladeira.
— Pois é, ele disse que o nome dele é... como era mesmo... Damon. Isso, Damon.
O nome ressoa em minha mente, e meu coração acelera involuntariamente. Intrigada, me questiono por que meu coração está reagindo assim apenas ao ouvir esse nome.
— Damon... interessante — murmuro, minha mente ainda tentando processar a conexão.
Meu pai observa minha expressão curiosa e sorri.
— Talvez você o encontre na vizinhança em breve. Agora, irei te ajudar a terminar esse jantar.
Nosso trabalho conjunto na cozinha traz um certo conforto, mas meu pensamento continua voltado para o misterioso delegado que acabou de se mudar para a casa ao lado. Há algo em seu nome que despertou uma curiosidade indescritível em mim, algo que não consigo explicar.
Após terminarmos o jantar, ajudo meu pai a limpar a cozinha enquanto minha mente continua vagando, perdida nos pensamentos sobre os acontecimentos recentes. Cada prato que lavo parece uma distração momentânea de um enigma que ainda não consigo resolver.
Meu pai deposita um beijo sobre minha cabeça antes de se afastar.
— Filha, você termina aqui? Preciso de um banho antes de dormir.
Assinto, forçando um sorriso para tranquilizá-lo.
— Claro, pai. Vai lá, eu finalizo tudo por aqui.
Ele assente e sai da cozinha, deixando-me sozinha com minhas reflexões. Enquanto guardo o último copo, a campainha toca estridentemente, me tirando dos meus pensamentos. Pondero por um momento se devo atender ou não, mas opto por ir até a porta. Ao chegar, dou um suspiro profundo antes de abri-la. E então, quase caio durinha no chão.
Não posso acreditar no que meus olhos estão vendo: é ele, novamente ele, parado na minha porta bem diante de mim. Seus olhos estão fixos em mim, como se pudesse ler minha alma. Engulo em seco, sentindo meu rosto corar diante dele.
Sua voz corta o silêncio constrangedor que se segue entre nós.
— Isso só pode ser uma brincadeira. Não vai me dizer que mora aqui? — diz ele, um pouco ríspido para minha surpresa.
Instintivamente, fecho a cara, com uma expressão de poucos amigos, ao responder:
— Se eu estou aqui, é porque moro. E quem parece estar me seguindo é você.
Ele nega com a cabeça, sorrindo de forma desdenhosa diante do meu comentário, e diz, me olhando de forma enigmática:
— E por que eu iria te seguir, garota? Eu me mudei para a casa ao lado. Devo presumir que o senhor Vicente é seu pai, certo?
Arregalo os olhos, ignorando seu comportamento bruto, e digo surpresa:
— Então é você que é o nosso vizinho delegado!? Você que é o Damon!?
Ele franze o cenho e levanta uma das sobrancelhas, me olhando de forma avaliativa, enquanto responde:
— Isso mesmo. Sou Damon, seu vizinho e delegado. E como você se chama? Afinal, encontrar de forma aleatória com uma pessoa três vezes no mesmo dia, acho que no mínimo temos que saber o nome dela, não acha? Aliás, você já sabe o meu, então...
Neste instante, meu pai nos interrompe, aparecendo na sala, e dizendo:
— Delegado, que prazer vê-lo novamente. Só espero que sua visita não seja nada grave.
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Atualizado até capítulo 65
Comments
Maryan Carla Matos Pinto
vai ser um bom vizinho
2024-12-19
1
Claudia Ribeiro
o pai dela está muito feliz acho que ele o conhecer
2024-09-04
3
Marcia Correa
vai ver ela tem alguma coisa lupina ...ou mãe tinha ... será mesmo que a mãe morreu ???
2024-08-31
6