(17) "Confissões e Vigilância: Noite de Incertezas"

Maria

Foi só contar para meu pai sobre o que estava acontecendo que ele ficou furioso com a ideia de alguém me caçando. Isso o levou diretamente até a casa do delegado Damon.

Enquanto estou no meu quarto jogando no celular, ouço uma batida na porta.

— Filha, posso entrar? — meu pai pergunta.

Me sento na cama e respondo:

— Claro, pai.

Ele entra, suspira e se senta ao meu lado na cama.

— Conversei com o delegado. Ele disse que sua segurança e a do Théo são prioridades. Ele vai sair, mas outro oficial ficará de plantão.

Olho surpresa para ele e pergunto:

— Ele vai sair?

Meu pai levanta a sobrancelha, me olhando intrigado.

— Sim. — responde ele.

Tentando disfarçar, digo:

— Está bem, pai. Eu ficarei bem, não se preocupe. Nada acontecerá nem a mim nem ao Théo. Fique tranquilo. Agora, se me der licença, quero dormir.

Meu pai assente, levanta-se e deposita um beijo na minha cabeça.

— Estarei na sala. Qualquer coisa, grita que eu venho correndo.

Assinto, e ele sai do quarto, lançando um último olhar antes de fechar a porta. Deito na cama, braços abertos, olhando fixamente para o teto. Fico alguns minutos pensando: onde será que Damon vai? Será que ele tem namorada? Será que é isso? Irá se encontrar com alguma mulher?

Bufo, frustrada, passando a mão pelo rosto. Levanto-me de um pulo e me dirijo ao espelho do guarda-roupa. Me analiso. A calça do meu pijama parece mais folgada que nunca, a camiseta também. Suspiro profundamente e digo baixinho:

— Olha só para você, Maria. Toda desengonçada, uma adolescente patética. É óbvio que ele não te acha nem um pouco atraente. Sem falar na diferença de idade entre vocês. E ele sendo um delegado, só nos distancia ainda mais.

Engulo em seco após minha lamentação e me jogo na cama novamente, pegando o travesseiro e tapando meu rosto. Grito, abafando o som no travesseiro.

De repente, sinto a cama vibrar. Tiro o travesseiro do rosto e vejo meu celular piscando e vibrando com uma nova mensagem.

Pego o celular e desbloqueio a tela.

📱NÚMERO DESCONHECIDO:

"Oi, Maria. Está tudo bem?"

Olho intrigada para a mensagem e digito:

📱MARIA:

"Quem é!?"

Rapidamente, a resposta chega:

📱???:

"Sou eu... Damon... quer dizer, o delegado Damon."

Meu coração acelera, minhas mãos tremem ligeiramente com a ideia dele ter me enviado essa mensagem. Mas então minha consciência me diz: Não seja tola, garota. É o trabalho dele, você está envolvida em um caso. É óbvio que ele está fazendo sua obrigação.

Um pouco irritada, digito rapidamente:

📱MARIA:

"Estou bem, delegado. Tchau."

Envio a mensagem, mas meu interior grita para que não fosse só isso. Internamente, desejo mais que nunca que ele... bem, deixa para lá. Jogo o celular de lado, tentando afastar os pensamentos que me atormentam.

Meus pensamentos correm soltos. Por que Damon me mandou uma mensagem? Será que ele realmente se importa comigo ou é apenas parte do trabalho? Tento me convencer de que é apenas profissionalismo, mas não consigo evitar sentir uma pontada de esperança.

Olho para o teto, lembrando da intensidade do olhar dele pelo retrovisor, de como me segurou mais cedo. Meu coração acelera novamente, a mistura de medo e atração se fazendo presente.

Respiro fundo, tentando me acalmar. O importante agora é minha segurança e a de Théo. Precisamos descobrir quem está nos caçando e por quê. Tento focar nisso, mas a presença de Damon em minha mente é constante, perturbadora.

Meu celular vibra novamente, me pegando de surpresa. Olho assustada para o aparelho. Ele respondeu? Mas por quê? Eu disse que estava bem. O que será que ele me mandou?O nervosismo toma conta de mim enquanto pego o celular. Talvez eu esteja me iludindo demais.

Desbloqueio a tela e vejo a nova mensagem:

📱DAMON:

"Está em seu quarto?"

Meus olhos se arregalam lendo sua mensagem. O que ele está querendo com isso? De repente, uma nova mensagem sua chega.

📱DAMON:

"Maria? Está aí? Venha até a janela do seu quarto, por favor."

Meu coração dispara. Caminho até a janela, hesitante, e afasto a cortina. Lá está ele, na penumbra do seu quarto, sendo iluminado apenas pela fraca luz. Vejo Damon digitar algo no celular. Logo, meu aparelho vibra com sua nova mensagem.

📱DAMON:

"Olhe próximo à entrada da minha casa. Aquele é Carlos, meu amigo, ele ficará fazendo sua vigilância enquanto eu estiver fora. Pode confiar nele."

Olho para onde ele indicou e vejo um homem alto, de postura firme, próximo à entrada da casa de Damon. Parece atento, vigilante.

Entretanto, sem pensar muito, digito rapidamente:

📱MARIA:

"E você, irá para onde? Ver sua namorada?"

Assim que envio a mensagem, engulo em seco. Ergo a cabeça e olho para Damon através da janela, observando ele ler o que enviei. Ele levanta a cabeça e me encara do outro lado. Meu rosto esquenta. Talvez eu tenha cometido um erro, não devia ter mandado isso. Não é da minha conta sua vida pessoal.

Por um momento, há apenas o silêncio pesado entre nós. Vejo-o digitar algo novamente, e meu celular vibra com sua resposta.

📱DAMON:

"Não tenho namorada, Maria. Estou indo a uma reunião importante."

Sinto uma onda de alívio e um pouco de vergonha. Respiro fundo e decido responder com algo mais apropriado.

📱MARIA:

"Desculpe por perguntar isso."

Sua resposta chega rapidamente.

📱DAMON:

"Não se preocupe. Qualquer coisa, estou a um telefonema de distância."

Sinto uma sensação reconfortante ao ler suas palavras. Mesmo com toda a situação em que estamos, a presença e a preocupação dele são um alívio.

Damon me lança um último olhar antes de se virar e sair do quarto, caminhando em direção a um carro que acaba de parar perto de sua casa. Olho o horário no celular e vejo que já é meia-noite em ponto. Meu Deus, o tempo passou tão rapidamente que nem percebi.

Fico na janela, observando-o partir. Carlos, próximo à entrada, me acena brevemente com a cabeça, assegurando sua presença ali. Volto para dentro, sentindo um misto de emoções.

Coloco o celular de lado e me deito na cama, refletindo sobre tudo que aconteceu. As palavras e os gestos de Damon ressoam na minha mente. Fecho os olhos, tentando encontrar algum descanso.

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