O confronto de vontades entre o Coronel João Silva e o velho Adriano era evidente, cada um defendendo seus interesses com firmeza e determinação. Enquanto o sol continuava a subir no horizonte, lançando sua luz sobre a paisagem rural, o embate entre os fazendeiros da região parecia estar apenas começando.
O Coronel João Silva lançou um olhar de desdém em direção ao velho Adriano, sua voz carregada de autoridade e desafio ecoando pela varanda da fazenda.
"Ainda a aldeia, tirei-lhes a luz por esse povo miserável não pagar. É você com a sua fanzendinha Cassanje quer me desafiar?" Ele questionou, suas palavras cortantes como lâminas afiadas. "Ricardo, corte a luz desse velho caduco."
O capataz, obedecendo às ordens do Coronel, acenou com a cabeça em sinal de entendimento e partiu para executar a tarefa designada.
O olhar do Coronel João Silva se voltou então para os outros dois fazendeiros presentes, o Sr. Pereira e o Sr. Martins, esperando por suas respostas. "E vocês? De que lado estão? Vão pagar os novos preços ou também terão que enfrentar as consequências?"
O Sr. Martins, com um sorriso confiante estampado no rosto, respondeu prontamente: "Estamos com o Coronel, é claro. Vamos pagar, não é isso Pereira?" Sua expressão denotava lealdade inabalável ao líder da fazenda Kilassa.
O Sr. Pereira, por sua vez, hesitou por um momento antes de assentir, concordando com a decisão com um aceno de cabeça. "Claro, Martins. Afinal, também não tem sido barato para o Coronel pagar pelo pete", ele comentou, referindo-se aos custos associados à administração da fazenda.
O Coronel João Silva assentiu satisfeito, seu olhar percorrendo os fazendeiros que o apoiavam. Era evidente que a união entre eles fortalecia sua posição e sua determinação em fazer valer sua autoridade sobre a região.
Enquanto a conversa continuava na varanda da fazenda Kilassa, o sol continuava a subir no horizonte, lançando sua luz sobre a paisagem rural que testemunhava o embate de vontades entre os homens que a habitavam.
O velho Adriano montou em seu cavalo, o semblante carregado de frustração e descontentamento. Ele lançou um último olhar de desaprovação na direção do Coronel João Silva antes de começar a se afastar, murmurando para si mesmo: "Até quando viveremos assim? Um dia isso vai acabar..."
Enquanto isso, o Sr. Martins se aproximou do Coronel João Silva, seu olhar determinado refletindo sua decisão. "Coronel, já estamos de saída. Os trabalhos não acabam em nossas fazendas", ele declarou com cortesia, mas firmeza.
O Coronel João Silva observou com um misto de desdém e resignação enquanto o Sr. Martins e o Sr. Pereira se uniam ao velho Adriano, prontos para deixar para trás o conflito que se desenrolava na fazenda Kilassa.
Enquanto seguiam pelo caminho, o velho Adriano não poupou palavras ao questionar seus companheiros de jornada. "Meu Deus, que vergonha. Que tipo de homens são vocês? Que legado deixaram para os vossos netos?", ele lamentou, a incredulidade evidente em sua voz. "A história amanhã vos chamará de covardes!"
O Sr. Martins, no entanto, respondeu com calma e convicção. "Prefiro ser covarde e estar em vida para contar a história. Não morto por ser um valente", ele afirmou, sua postura demonstrando uma mistura de resignação e determinação diante das circunstâncias.
O velho Adriano, montado em seu cavalo, olhou fixamente para o Sr. Martins e o Sr. Pereira, seu rosto contorcido pela frustração e pela indignação. "É sobrevivência", murmurou o Sr. Pereira, tentando convencer a si mesmo tanto quanto aos outros.
"Mas a que custo?" replicou o velho Adriano, sua voz tremendo com emoção. "São vocês, que alteram as histórias, como os sobreviventes de tempos difíceis. Quando na verdade, foram e serão sempre covardes", cuspiu no chão, sua expressão um misto de desgosto e desespero. "Que vergonha."
O Sr. Martins, sempre o mais pragmático do grupo, decidiu intervir. "Velho Adriano, você sabe tão bem que enfrentar o Coronel não é uma boa ideia. O final seria triste. Mas existem outras maneiras."
"Outra maneira?" zombou Adriano. "E qual seria, Martins? Negociar com aqueles que veem nossa terra apenas como um pedaço de terra para ser explorado?"
O Sr. Pereira admitiu com pesar: "Não sei. Mas viver assim também não está dando. E eu não quero aparecer assim na história para meus filhos, que amanhã digam 'o vosso avô foi um covarde'."
O grupo permaneceu em silêncio, cada homem perdido em seus próprios pensamentos e dilemas internos. Enquanto estavam parados no desvio entre a entrada do vilarejo da Kandumba e a entrada da fazenda Quilombo, o velho Adriano virou-se para o Sr. Martins e o Sr. Pereira com determinação. "Vocês fizeram a vossa escolha, estou fazendo a minha. Estou indo para o Quilombo", anunciou, deixando claro que não se curvaria diante da injustiça e da opressão.
Os olhares dos outros dois fazendeiros se encontraram, refletindo a tensão e a incerteza que pairavam no ar. Cada um deles sabia que suas decisões teriam consequências profundas para o futuro da região e para suas próprias vidas.
À medida que o velho Adriano se afastava em direção à fazenda Quilombo, seus passos determinados ecoavam no silêncio da manhã. O Sr. Martins e o Sr. Pereira trocaram um olhar carregado de significado, cientes de que estavam diante de uma encruzilhada crucial em suas vidas.
O Sr. Martins coçou o queixo, pensativo, enquanto observava o velho Adriano desaparecer no horizonte. "Temos água e luz elétrica!"
O Sr. Pereira assentiu, os olhos fixos na figura distante do velho fazendeiro. "É verdade, Martins."
Os dois homens montaram em seus cavalos e começaram a seguir na direção oposta, rumo à Kandumba. O silêncio entre eles era pesado, carregado de tensão e indecisão.
"O que faremos, Martins?" perguntou o Sr. Pereira, buscando orientação em seu companheiro.
O Sr. Martins olhou para frente, a expressão determinada. "Vai para sua fazenda cuidar dela e eu farei o mesmo."
O Sr. Pereira assentiu, sentindo. "Você tem razão, Martins."
Com essa determinação renovada, os dois fazendeiros seguiram em frente, prontos para enfrentar os desafios que os aguardavam. Enquanto o sol continuava a subir no céu, iluminando a paisagem com seus raios dourados, o destino da fazenda Kilassa e de seus habitantes permanecia incerto. Mas uma coisa era certa: a luta pela justiça e pela liberdade estava apenas começando.
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Atualizado até capítulo 54
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