Coronel João Silva
O silêncio pesado pairava no escritório após a saída de Pedro, deixando apenas o Coronel João Silva e o capataz Ricardo frente a frente. O ar estava carregado de tensão, enquanto o Coronel estudava o rosto de Ricardo com uma expressão severa.
"Então, Ricardo, fale-me sobre a situação da água", disse o Coronel, sua voz grave ecoando pelo escritório.
Ricardo respirou fundo antes de responder, sentindo o peso da responsabilidade sobre seus ombros. Ele sabia que a notícia que tinha para dar não seria bem recebida pelo Coronel, mas era seu dever informá-lo da situação real.
"Dentro de semanas, estaremos sem água, senhor", respondeu Ricardo, seu tom sério e direto. "Os reservatórios estão quase secos, e não temos fontes alternativas de abastecimento. Precisamos agir rapidamente para evitar uma crise ainda maior."
O Coronel cerrou os punhos, sua expressão endurecendo ainda mais diante da notícia preocupante. Ele sabia que a água era um recurso vital para a fazenda Kilassa, e sem ela, estavam todos em sérios apuros.
"Entendo", disse o Coronel, sua voz calma, mas firme. "E quanto à proposta dos Almeidas? O que você sugere?"
Ricardo ponderou por um momento antes de responder, escolhendo suas palavras com cuidado. Ele sabia que qualquer decisão que fosse tomada teria consequências significativas para a fazenda Kilassa e para todos os seus habitantes.
"A proposta dos Almeidas é uma opção viável, senhor", começou Ricardo. "Eles estão dispostos a fornecer água em troca do pagamento da luz da fazenda Quilombo. Isso garantiria o abastecimento de água para nós, mas também significaria uma dependência dos Almeidas e uma perda de controle sobre nossos recursos."
O Coronel assentiu, absorvendo as informações. Ele sabia que tinha que pesar cuidadosamente suas opções e considerar todas as consequências antes de tomar uma decisão final.
"E quanto aos fazendeiros que aceitaram a proposta dos Almeidas?" perguntou o Coronel, sua voz dura e autoritária.
Ricardo suspirou, sabendo que essa parte da conversa seria ainda mais delicada. Ele sabia que muitos fazendeiros estavam lutando para sobreviver e que a oferta dos Almeidas era uma tentação difícil de resistir.
"Alguns fazendeiros aceitaram a proposta dos Almeidas, senhor", admitiu Ricardo. "Eles estão preocupados com a falta de água e com o bem-estar de seus animais. Mas outros se recusaram a ceder, preferindo arriscar a falta de água do que ceder aos Almeidas."
O Coronel balançou a cabeça, sua expressão mostrando sua frustração e desapontamento. Ele sabia que não podia permitir que os fazendeiros desafiassem sua autoridade e aceitassem propostas de fora sem seu consentimento.
"Esses fazendeiros precisam ser punidos", disse o Coronel, sua voz dura e implacável. "E quanto aos preços da luz, Ricardo? O que você sugere?"
Ricardo hesitou por um momento, ponderando sobre a melhor abordagem para lidar com a situação. Ele sabia que aumentar os preços da luz afetaria a todos na fazenda, mas também sabia que era uma medida necessária para garantir a sustentabilidade da fazenda Kilassa.
"Aumentar os preços da luz para todos seria uma maneira de compensar as perdas e garantir uma fonte de receita adicional", sugeriu Ricardo. "Isso nos permitiria investir em soluções de longo prazo para o problema da água e garantir a sobrevivência da fazenda a longo prazo."
O Coronel assentiu, reconhecendo a lógica por trás da sugestão de Ricardo. Ele sabia que não seria uma decisão popular, mas também sabia que era necessária para garantir o futuro da fazenda Kilassa.
"Muito bem, Ricardo", disse o Coronel, sua voz firme e autoritária. "Faça os preparativos necessários para aumentar os preços da luz e lidar com os fazendeiros que aceitaram a proposta dos Almeidas. Não podemos permitir que ninguém desafie nossa autoridade ou comprometa a segurança da fazenda Kilassa."
Ricardo assentiu, sabendo que tinha muito trabalho pela frente. Ele estava determinado a fazer o que fosse necessário para proteger a fazenda Kilassa e garantir sua sobrevivência, custe o que custasse.
Enquanto a tensão pairava no ar no escritório da fazenda Kilassa, o Coronel João Silva permanecia firme em sua determinação de restaurar a honra de sua família e derrotar seus inimigos. Sua postura era imponente, seus olhos brilhavam com a intensidade de sua convicção. Não havia dúvidas de que ele faria tudo ao seu alcance para alcançar seus objetivos.
Pedro, seu coração ardia de ódio e raiva, uma fervura interna que ameaçava consumi-lo por inteiro. Era uma mistura confusa de sentimentos, onde a frustração se misturava ao remorso por ter desafiado seu pai daquela forma.
Cada passo que ele dava ecoava sua angústia interior. Seus pensamentos estavam em turbulência, seu peito apertado com o peso de suas próprias ações. Ele sabia que havia cruzado uma linha que não podia ser desfeita, e agora estava enfrentando as consequências de seus atos impulsivos.
Seus olhos, normalmente cheios de determinação, agora refletiam a tumultuada batalha que acontecia dentro dele. Ele se sentia perdido, sem rumo, incapaz de encontrar uma solução para a bagunça que ele mesmo criara. A sombra do desapontamento de seu pai pairava sobre ele, uma lembrança constante de sua falha em cumprir suas expectativas.
Enquanto caminhava pelos corredores vazios da fazenda, Pedro tentava encontrar uma maneira de acalmar sua mente agitada. Mas não importava para onde ele se virasse, a sensação de desespero continuava a segui-lo como uma sombra persistente.
"Como fui tão tolo?", murmurou para si mesmo enquanto caminhava pelo corredor, seus passos ecoando no silêncio da noite. "Desapontei meu pai, traí sua confiança... não posso permitir que ele descubra meus segredos, não agora."
Sua mente era um turbilhão de pensamentos conflitantes. Ele revivia a humilhação da derrota na fronteira, a sensação de impotência diante da ira de seu pai. A dor da decepção e a indignação por ter sido repreendido como um simples servo que ousara desafiar a vontade do mestre.
"Eu vou provar para ele que sou digno de seu nome", murmurou Pedro, sua determinação ressoando em suas palavras. "Mostrarei a todos que sou o herdeiro legítimo da fazenda Kilassa, não importa o que aconteça. Sou um Silva"
Seus punhos se cerraram com firmeza, sua mandíbula tensa denunciando a intensidade de suas emoções. Ele planejava cuidadosamente sua vingança, cada detalhe meticulosamente calculado para infligir o máximo de dano possível.
Enquanto caminhava em direção ao vilarejo, Pedro sentia-se envolto em sua própria escuridão interior. A lua lançava uma luz pálida sobre seu rosto sombrio, destacando a determinação em seus olhos e a dureza de sua expressão.
"Aquele insolente não sabe com quem está lidando", resmungou Pedro, seu tom carregado de desprezo e desdém. "Naquele dia, Sofia não estará lá para protegê-lo. E eu farei questão de garantir que ele se arrependa de ter cruzado meu caminho."
Enquanto Pedro avançava pela estrada escura, seu coração pulsava com uma mistura tóxica de raiva e ressentimento. A sombra da noite envolvia seus pensamentos, alimentando sua fúria e alimentando seus planos de vingança. Cada passo era marcado por um desejo implacável de retribuição, uma determinação sombria que o impulsionava adiante.
"Maldita seja, Sofia", ele murmurou para si mesmo, as palavras carregadas de amargura e rancor. "Você vai se arrepender de ter se intrometido nos meus assuntos. E quando chegar o momento certo, eu vou me certificar de que você pague por isso."
Seu coração estava repleto de uma sede insaciável por justiça, uma vontade de punir aqueles que ousaram cruzar seu caminho. A imagem de Sofia dançava em sua mente, seu rosto bonito agora manchado pela traição que ele sentia. Ele não conseguia entender por que ela tinha que interferir, por que ela tinha que se opor a ele.
Pedro respirou fundo, tentando conter a tempestade de emoções que rugia dentro dele. Ele sabia que precisava se acalmar, precisava colocar sua mente em ordem antes de avançar com seus planos. Afinal, a vingança era um jogo paciente, e ele estava determinado a jogá-lo com maestria.
Com passos lentos e calculados, Pedro avançou pela estrada escura, seus pensamentos girando em torno de seus objetivos. Ele sabia que não podia permitir que a raiva o consumisse, que precisava manter sua mente afiada e sua determinação inabalável. Afinal, a vingança se prepara no silêncio, e ele estava determinado a ser seu maestro.
Enquanto avançava pela noite, Pedro podia sentir a presença da escuridão ao seu redor, uma companheira silenciosa que o acompanhava em sua jornada. Ele sabia que não estava sozinho em sua busca por justiça, que havia forças maiores em jogo que o impulsionavam adiante.
Mas mesmo com toda a sua determinação e fúria, uma pequena voz dentro dele sussurrava dúvidas e incertezas. Será que ele estava fazendo a coisa certa? Será que sua busca por vingança o levaria a um caminho sem volta? Ele sacudiu a cabeça, afastando esses pensamentos. Não havia espaço para fraqueza em seu coração, apenas a determinação implacável de um homem determinado a fazer justiça com suas próprias mãos.
Com um último suspiro, Pedro continuou sua jornada pela noite escura, sua mente fixada em seu objetivo final. Não importava o que o aguardava pela frente, ele estava pronto para enfrentar qualquer desafio que o destino lhe reservasse. Afinal, a vingança era uma jornada solitária, e ele estava determinado a trilhar esse caminho até o fim.
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Atualizado até capítulo 59
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