Capítulo 3: Despertar Sob o Canto do Galo

 

 

 

 

O dia nasceu com a promessa de desafios e deveres, mas para mim, foi um despertar doloroso, marcado pelos sons estridentes dos galos anunciando o início das atividades. O relógio ainda marcava um horário que parecia impiedoso para quem estava acostumado com as confortáveis manhãs na cidade.

 

Para mim, aquela hora e aquele som eram insuportáveis, como uma invasão indesejada do mundo exterior em meu refúgio de sono. Enquanto eu puxava a coberta para cobrir meus ouvidos, minha mãe, incansável em sua determinação, fazia o oposto, expondo-me ao mundo com um movimento decidido.

 

"Daniel, querido, está na hora de levantar", sua voz carregada de autoridade e amor maternal soou, tentando romper os grilhões do sono que me prendiam.

 

Resmungando em protesto, afundei ainda mais no conforto do travesseiro, relutante em aceitar o chamado matinal. "Por que tão cedo, mãe?", minha voz escapou em um murmúrio carregado de sonolência e protesto.

 

Ela riu suavemente, um som que ecoou pelo quarto e se misturou ao ruído da aurora. "No campo, o dia começa cedo, Daniel", explicou, resignação e sabedoria permeando suas palavras. "Você vai se acostumar."

 

Eu protestei, não convencido da necessidade de tal hábito. "Me acostumar? Que história é essa? A senhora bem lá ao fundo sabe que a minha estada é temporária. "

 

Enquanto lutava para manter os olhos abertos, senti-me tentado a mergulhar de volta no abraço reconfortante do sono. Mas as palavras persistentes de minha mãe ecoavam em minha mente, lembrando-me das responsabilidades e tarefas que me aguardavam lá fora, no mundo acordado.

 

"Coloquei à venda todos os imóveis que temos na cidade", ela declarou com firmeza, seu olhar penetrante buscando o meu.

 

O impacto de suas palavras foi como um soco no estômago, fazendo-me despertar completamente para a realidade da situação. Enquanto tentava processar o significado por trás dessa decisão abrupta, uma mistura tumultuada de emoções começou a borbulhar dentro de mim: surpresa, preocupação e até mesmo um leve toque de medo do desconhecido que se aproximava.

 

"Que história é essa, mamãe?" levantei-me da cama com urgência, sentindo o peso da incerteza se acumulando em meus ombros. "A senhora não pode simplesmente fazer isso sem me consultar!"

 

Seus olhos encontraram os meus com uma expressão de desafio misturada com uma pitada de desapontamento. "Daniel, meu filho, você não é exatamente a pessoa certa para reclamar", ela retrucou, sua voz calma, mas carregada de autoridade materna. "O que você faria se estivesse no meu lugar? Por acaso você consultou alguém antes de tomar suas próprias decisões? Você realmente acha que pode vender a fazenda só porque o José morreu?"

 

A pergunta dela ecoou no ar, deixando-me sem palavras por um momento enquanto eu lutava para encontrar uma resposta adequada. Sentia-me como se estivesse sendo pressionado contra a parede, obrigado a justificar minhas próprias ações e desejos diante da firmeza implacável de minha mãe.

 

"Não é só sobre isso, mãe", eu tentei explicar, a frustração começando a se infiltrar em minhas palavras. "Eu tenho meus motivos, minhas próprias razões para querer seguir em frente com isso."

 

Ela arqueou uma sobrancelha, seu olhar fixo em mim com uma intensidade que me fez recuar um passo involuntariamente. "E quais são esses motivos, Daniel?" ela perguntou, sua voz suave, mas carregada de ceticismo.

 

Engoli em seco, lutando para reunir minhas ideias em meio ao turbilhão de pensamentos que se agitavam em minha mente. "É complicado", murmurei finalmente, desviando o olhar para o chão enquanto tentava articular meus pensamentos confusos. "Mas eu não posso simplesmente ficar aqui para sempre, preso ao passado e às expectativas dos outros. Eu preciso seguir em frente, criar minha própria vida."

 

Após um momento de silêncio tenso, minha mãe quebrou o contato visual, desviando o olhar para o chão enquanto parecia ponderar minhas palavras. Seu suspiro pesado ecoou pela sala, enchendo o ambiente com uma sensação de resignação e cansaço.

 

"Daniel..." ela começou, sua voz suave carregando uma mistura de emoções que eu não conseguia decifrar completamente. "Eu entendo que você tenha seus próprios planos e desejos, mas..." Ela hesitou por um instante, como se buscasse as palavras certas para expressar seus pensamentos.

 

"Não é apenas sobre mim, não é?" eu a interrompi, meu tom soando mais desafiador do que eu pretendia. "Você também tem suas próprias razões para querer vender os imóveis na cidade. A morte do papai afetou a todos nós, mãe. Não acha que devemos conversar sobre isso como uma família, em vez de tomar decisões unilaterais?"

 

Minha mãe levantou os olhos para me encarar, sua expressão uma mistura de surpresa e desapontamento. "Daniel, eu..." Ela suspirou novamente, parecendo buscar paciência enquanto tentava controlar suas próprias emoções. "Você não entende, filho. Eu fiz o que achei que era melhor para todos nós. Não foi uma decisão fácil para mim, acredite."

 

"Mas por que não podemos discutir isso juntos, como uma família?" minha frustração transpareceu em minhas palavras, a sensação de impotência crescendo dentro de mim. "Você sabe que eu não concordo com a venda dos imóveis, mãe. Isso não é justo."

 

Ela abaixou o olhar, seus ombros caindo ligeiramente sob o peso da responsabilidade que carregava. "Eu sei que não é fácil para você, Daniel", ela admitiu, sua voz soando cansada e resignada. "Mas às vezes precisamos fazer escolhas difíceis pelo bem de todos. E agora que você está de volta, precisamos nos unir como uma família e enfrentar os desafios que estão diante de nós."

 

Antes que eu pudesse responder, ela ergueu a cabeça novamente, seus olhos fixos nos meus com uma determinação renovada. "Agora que você não tem para onde ir, assunto encerrado. Levante-se, o trabalho te espera lá fora", ela disse, sua voz firme e autoritária como se estivesse dando uma ordem.

 

Fiquei momentaneamente surpreso com sua resposta direta, sentindo uma mistura de ressentimento e resignação se agitar dentro de mim. Ela ainda estava magoada comigo, isso era evidente. Mas eu sabia que precisava encontrar uma maneira de superar nossas diferenças e trabalhar juntos para enfrentar os desafios que estavam por vir.

 

Enquanto me dirigia sonolento para a cozinha, as vozes familiares de minha mãe e Lídia me recebiam, misturadas ao aroma acolhedor do café e do pão fresco. Mesmo com a fadiga me pesando, era reconfortante estar rodeado por aquelas presenças familiares.

 

"Daniel, querido, você parece um tanto abatido", comentou Lídia, sua voz carregada de preocupação enquanto ela me servia uma xícara de café. "Talvez uma boa xícara deste café fresco o anime."

 

"Obrigado, Lídia", murmurei, aceitando a xícara com gratidão. O calor do café era reconfortante, se infiltrando em meu corpo e dissipando um pouco da exaustão que me envolvia.

 

Minha mãe, sentada à mesa, observou-me com uma expressão gentil. "Está se sentindo melhor, Daniel?" ela perguntou, seu olhar preocupado fixo em mim.

 

"Sim, mãe", respondi, forçando um sorriso. "Só preciso de um pouco mais de café para despertar completamente."

 

Ela assentiu compreensivamente, seu olhar transmitindo compaixão. "Leva um tempo para se acostumar com a rotina da fazenda novamente, querido. Mas você vai se adaptar, eu prometo."

 

Nesse momento, Miguel irrompeu na cozinha, sua expressão surpresa ao me ver acordado a essa hora da manhã era evidente. Seus olhos arregalados me observaram, antes de se voltarem para minha mãe.

 

"O que você está fazendo acordado a esta hora?" ele exclamou, com uma mistura de espanto e diversão em sua voz.

 

"Ah, a sua mãe me levantou", respondi, com um tom de resignação, enquanto bebia meu café.

 

Miguel soltou uma risada franca, divertido com a situação. "Isso é raro de se ver. Mamãe, você está treinando ele para ser um madrugador agora?"

 

Minha mãe sorriu, seu rosto iluminado pela luz suave da manhã. "Ele precisava de um pouco de incentivo para enfrentar o dia. E, além disso, a Lídia me contou que ele ajudou-te durante a tempestade de ontem à noite."

 

Revirando os olhos, eu ri. "Pode acreditar, Dona Maria. Eu estava lá fora, lidando com os problemas da fazenda, enquanto a senhora estava dormindo confortavelmente em sua cama."

 

Nossa conversa foi interrompida pelo som de um trovão distante, ecoando pelo horizonte. Olhei para a janela, vendo as nuvens escuras se dissiparem lentamente, revelando os primeiros raios de sol da manhã.

 

Enquanto tomava meu café, deixei-me envolver pelo calor reconfortante da cozinha e pela presença tranquilizadora de minha mãe e Lídia. Apesar da luta inicial e da exaustão que ainda sentia, eu sabia que estava no lugar certo, rodeado por aqueles que amava. E com essa certeza como minha âncora, enfrentei o dia que se estendia diante de mim, pronto para o que quer que viesse.

 

A sensação de pertencimento e conforto que a presença de minha mãe e Lídia proporcionava era inegável, mesmo diante dos desafios e das mudanças que a vida na fazenda trazia.

 

Enquanto terminava meu café, Miguel permanecia ao meu lado, trocando olhares de cumplicidade com nossa mãe. Era reconfortante ver que, apesar das diferenças e dos conflitos que surgiam entre nós, ainda éramos uma família unida pelo amor e pelo apoio mútuo.

 

"Daniel, você deveria ir dar uma olhada no estábulo", sugeriu Miguel, quebrando o silêncio enquanto tomávamos o café. "Carlos e Wilson ainda estão lá, precisando de uma mão extra para lidar com os estragos da tempestade."

 

Assenti, reconhecendo a necessidade de ajudar com as tarefas da fazenda. Levantei-me da mesa, sentindo uma nova onda de energia me invadir, impulsionada pela determinação de contribuir para o trabalho árduo que mantinha nossa propriedade funcionando.

 

"Vou lá dar uma olhada", respondi, dirigindo-me em direção à porta. "Vejo vocês mais tarde."

 

Minha mãe lançou-me um olhar de aprovação, seu rosto transbordando de orgulho materno. "Tenha cuidado lá fora, querido. E não se esqueça de colocar uma capa de chuva, parece que a tempestade ainda não acabou completamente."

 

Concordei com um aceno de cabeça, agradecendo pelo lembrete. Antes de sair pela porta, olhei para trás uma última vez, absorvendo a cena reconfortante da cozinha e do caloroso lar que compartilhávamos.

 

Estábulo Reeconstruindo

Ao adentrar o estábulo, o cheiro característico de feno e esterco misturado com a terra molhada pela chuva encheu minhas narinas, trazendo uma sensação familiar e reconfortante. Era como se eu estivesse retornando a um lugar onde pertencia, mesmo que ainda estivesse me acostumando com a ideia.

 

Carlos, Wilson, Velho Chico e Bento estavam ocupados, trabalhando em conjunto para consertar os estragos causados pela tempestade. O som de suas vozes animadas e o tilintar das ferramentas criavam uma atmosfera de colaboração e camaradagem.

 

"Olá pessoal", cumprimentei, descendo do cavalo e aproximando-me do grupo. "O que posso fazer para ajudar?"

 

Carlos, o capataz da fazenda, ergueu a cabeça e sorriu ao me ver. "Daniel, que bom que você está aqui", disse ele, com uma expressão de alívio. "Estamos precisando de mais mãos para terminar de arrumar os estragos da tempestade."

 

"Sem problemas", respondi, prontamente me juntando ao grupo. "O que precisa ser feito primeiro?"

 

Wilson, um dos trabalhadores mais antigos da fazenda, apontou para uma pilha de feno molhado no canto do estábulo. "Precisamos retirar esse feno todo e substituir por feno seco. Não podemos deixar que fique úmido por muito tempo, senão pode estragar."

 

Assenti, compreendendo a urgência da situação. Juntos, começamos a trabalhar, movendo o feno molhado para fora do estábulo e trazendo feno seco para substituí-lo. Enquanto trabalhávamos, trocávamos piadas e histórias, compartilhando momentos de descontração em meio ao trabalho árduo.

 

Velho Chico, o mais experiente do grupo, contava histórias sobre os tempos antigos da fazenda, fazendo-nos rir com suas memórias engraçadas e suas observações perspicazes sobre a vida no campo.

 

"Vocês não sabem o que é uma tempestade de verdade até terem enfrentado uma como aquela de 1978", ele brincava, sacudindo a cabeça com ar de nostalgia. "Aquela sim foi uma tempestade de respeito!"

 

Bento, o mais jovem do grupo, estava sempre pronto para uma piada, fazendo-nos rir com suas travessuras e brincadeiras. Sua energia contagiante ajudava a manter o clima leve e descontraído, mesmo diante das dificuldades que enfrentávamos.

 

Enquanto trabalhávamos juntos, uma sensação de camaradagem e união se estabelecia entre nós. Apesar das diferenças de idade e experiência, éramos todos parte de uma equipe, unidos pelo objetivo comum de restaurar a fazenda e garantir seu sucesso futuro.

 

"Vocês são um bando de preguiçosos!", brincou Carlos, provocando risadas entre nós. "Ainda bem que o Daniel veio nos ajudar, senão estaríamos aqui até o ano que vem!"

 

Rimos da observação de Carlos, compartilhando um momento de descontração em meio ao trabalho árduo. Mesmo diante dos desafios que enfrentávamos, era reconfortante saber que tínhamos uns aos outros para contar e que juntos éramos capazes de superar qualquer obstáculo que surgisse em nosso caminho.

 

Conforme eu me aproximava de Carlos, que estava ocupado empilhando feno seco, decidi iniciar uma conversa para saber mais sobre a história da fazenda.

 

"Carlos, você está aqui há quanto tempo?" perguntei, tentando iniciar uma conversa enquanto ajudava no trabalho.

 

Carlos parou por um momento, apoiando-se na pá e olhando para mim com um sorriso nostálgico. "Bem, eu comecei como ajudante aqui na fazenda quando ainda era um garoto", ele começou, com um brilho de lembrança em seus olhos. "Isso foi há quase trinta anos. Despois da morte António Mendes, desde então, fui subindo na hierarquia e, eventualmente, me tornei o capataz."

 

Fiquei impressionado com a longa história de Carlos na fazenda e com sua dedicação ao trabalho ao longo dos anos. "É incrível como você conhece cada canto deste lugar", comentei, admirando sua experiência.

 

Enquanto continuávamos a trabalhar, o Velho Chico se aproximou, ouvindo nossa conversa. Sua expressão séria e pensativa indicava que ele tinha algo a dizer.

 

"Daniel, meu filho", começou o Velho Chico, chamando minha atenção. "Eu não posso deixar de pensar na situação financeira difícil em que a fazenda se encontra."

 

Eu me virei para ele, interessado em ouvir suas observações sobre a situação da fazenda. "O que você quer dizer, Velho Chico?"

 

Ele suspirou, sacudindo a cabeça com pesar. "Eu vi muitas coisas ao longo dos anos, menino Daniel", ele começou, sua voz carregada de nostalgia e preocupação. "Seu avô Hungo Almeida, que Deus o tenha, era um homem sábio e visionário. Ele expandiu estas terras com maestria e sabedoria, enfrentando desafios e superando obstáculos."

 

Fiquei intrigado com as histórias que o Velho Chico estava prestes a compartilhar. "O que você quer dizer com isso, Velho Chico?"

 

À medida que o Velho Chico continuava a compartilhar suas histórias sobre as origens da fazenda, fiquei cada vez mais fascinado com o passado que moldou o presente que eu conhecia. Seus relatos transportaram-me para uma época distante, onde meu avô Hungo Almeida, ou Quilombo, como era conhecido pelos mais antigos, desbravou estas terras com tenacidade e visão.

 

"Quilombo era na verdade alcunha do Almeida de Vasconcelos, o seu bisavô", esclareceu o Velho Chico, como se estivesse desvendando um segredo guardado há gerações. Sua voz, agora carregada de uma mistura de reverência e mistério, capturou minha atenção de imediato. "Ele chegou aqui com os primeiros colonos, estabelecendo-se em Kandumba como um dos pioneiros da região. Aqui, ele criou sua família, tendo quatro filhos com diferentes esposas."

 

Absorvi cada palavra do relato do Velho Chico, mergulhando na história da minha própria linhagem. Quilombo, o patriarca visionário, cuja determinação e coragem abriram caminho para o futuro da família Almeida. Enquanto eu contemplava suas realizações, uma sensação de orgulho e admiração começou a crescer dentro de mim.

 

"Seu avô Hungo era diferente dos outros", continuou o Velho Chico, sua voz ressoando com reverência. "Desde jovem, ele mostrou uma paixão pelo trabalho na terra e uma determinação inabalável em manter as terras da família unidas. Ele sabia que essas terras eram mais do que apenas propriedades; eram um legado a ser preservado para as gerações futuras."

 

Enquanto o Velho Chico tecia a história da família, pude sentir uma profunda conexão com minhas raízes e uma responsabilidade renovada para com o legado que herdara. O exemplo de meu avô Hungo Almeida ressoou em mim, inspirando-me a seguir seus passos e honrar o trabalho árduo e a visão que ele tanto valorizava.

 

"É incrível pensar em tudo o que ele conquistou e nas adversidades que enfrentou", comentei, me perdendo nas reflexões sobre o passado glorioso da minha família. "Sinto-me honrado por fazer parte desta linhagem e determinado a continuar o legado que ele deixou para nós."

 

O Velho Chico assentiu, um sorriso satisfeito brincando em seus lábios enrugados. "Tenho certeza de que seu avô estaria orgulhoso do homem em que você se tornou, Daniel", ele declarou, sua voz ecoando com uma mistura de admiração e respeito.

 

Enquanto eu processava as palavras do Velho Chico, senti uma nova determinação surgir dentro de mim. Eu estava determinado a honrar o legado da minha família, protegendo e fortalecendo as terras que tanto significavam para nós. Com o exemplo do meu avô Hungo Almeida como meu guia, eu enfrentaria os desafios que estavam por vir com coragem e determinação, mantendo viva a tradição e o espírito que sempre nos uniram como uma família.

 

Ouvir sobre a história da família e as lutas de gerações passadas para manter a fazenda me fez refletir sobre a importância do legado familiar e da responsabilidade que carregava como herdeiro.

 

"Seu avô Hungo era um homem de grande integridade e determinação", continuou o Velho Chico, com um brilho de admiração em seus olhos. "Ele sempre teve em mente o bem da comunidade e trabalhou incansavelmente para garantir o sucesso da fazenda."

 

Enquanto o Velho Chico compartilhava suas lembranças e reflexões, continuávamos nosso trabalho no estábulo, movendo feno e consertando estruturas danificadas pela tempestade. Suas palavras ecoavam em minha mente, trazendo uma sensação de conexão com as gerações passadas e um senso renovado de propósito em relação ao futuro da fazenda.

 

Enquanto observávamos com orgulho o estábulo recém-construído, uma sensação de realização se espalhou entre nós. Era como se cada viga e cada prego fossem testemunhas do nosso trabalho árduo e da nossa determinação em restaurar o que a tempestade havia destruído.

 

"Uau, parece que fizemos um bom trabalho", comentei, admirando o resultado final.

 

"Sim, Daniel, ficou incrível", concordou o Carlos, sorrindo amplamente. "Não teríamos conseguido sem a sua ajuda."

 

"É verdade", acrescentou o Velho Chico, olhando para mim com gratidão. "Você trabalhou duro, menino. Seu avô ficaria orgulhoso."

 

Essas palavras encheram meu coração de calor e gratidão. Saber que estava honrando o legado da minha família era mais recompensador do que qualquer elogio.

 

"Obrigado, pessoal", respondi sinceramente. "Foi um esforço em equipe, e estou feliz por poder contribuir."

 

Enquanto nos preparávamos para deixar o estábulo para trás e seguir para nossas próximas tarefas, eu brinquei com o pessoal: "Bem, parece que o trabalho por aqui acabou por hoje. Hora de um merecido banho, não acham?"

 

Todos concordaram animadamente, ansiosos por um momento de descanso e rejuvenescimento após horas de trabalho árduo.

 

"Mas aqui o trabalho não acaba, Daniel", alertou o Bento com um sorriso travesso. "A fazenda sempre tem algo para ser feito."

 

Soltei uma risada, sabendo que ele estava certo. Na fazenda, sempre há algo a ser feito, mas isso faz parte da beleza e do desafio de viver nesta terra.

 

Enquanto nos dirigíamos para os estábulos para cuidar dos cavalos, Carlos tomou a liderança, orientando o pessoal para nos juntarmos a Miguel e os outros nas plantações.

 

"Vamos lá, pessoal, temos mais trabalho pela frente", disse ele, empolgado. "As plantações estão esperando por nós."

 

Apesar da fadiga que começava a se acumular em meus músculos, eu sabia que não podia demonstrar fraqueza. Montei meu cavalo com determinação, pronto para enfrentar os desafios que estavam por vir.

 

Enquanto cavalgávamos em direção às plantações, eu me senti revigorado pela camaradagem e pelo espírito de equipe que permeava nosso grupo. Não importava o quão cansados estávamos, estávamos juntos nessa jornada, unidos pelo objetivo comum de fazer a fazenda prosperar.

 

E com essa determinação impulsionando-nos adiante, enfrentamos o que quer que o dia nos reservasse, prontos para superar qualquer desafio que viesse em nosso caminho.

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Comments

Jivaldina D'Morais Canga

Jivaldina D'Morais Canga

Conversas difíceis são necessárias mas parece que a família quer sempre adiar, para não magoar ou ser retalhado 🤦,por outro lado á motivação te encontra durante o processo ✌️😘

2024-05-20

1

Ver todos
Capítulos
1 Apresentação
2 Capítulo 1: O Retorno do Herdeiro
3 Capítulo 2: Noite de Tempestade
4 Capítulo 3: Despertar Sob o Canto do Galo
5 Capítulo 4: Explorações, Visões e Conflitos
6 Capítulo 5: A Fazenda Kilassa
7 Capítulo 6: Confronto nas Fronteiras I
8 Capitulo: 7 Confronto nas Fronteiras II
9 Capítulo: 8 Confronto nas Fronteiras III
10 Capítulo: 9 Confronto nas Fronteiras IV
11 Capítulo: 10 Raízes de Inquietação: O Conflito Interior de Daniel
12 Capítulo: 11 Terra de Vingança: A Ira do Coronel João Silva
13 Capítulo: 12 Terras de Vingança: A Jornada Solitária de Pedro Silva
14 Capítulo: 13 Caminhos Incertos
15 Capítulo: 14 A Fuga Furtiva
16 Capítulo: 15 A Porta da Verdade
17 Capítulo: 16 Turbulência Emocional: Os Conflitos Internos de Daniel
18 Capítulo: 17 A Verdade Por Trás da Porta: Além das Aparências
19 Capítulo: 18 Confronto ao Amanhecer I
20 Capítulo: 19 Confronto ao Amanhecer II
21 Capítulo: 20 A Determinação do Coração Jovem
22 Capítulo: 21 A Determinação do Coração Jovem: Uma Nova Era Chegando
23 Capítulo: 22 Sob o Sol Escaldante
24 Capítulo: 23 As Venturas na Cachoeira do Lumbinji
25 Capítulo: 24 As Venturas na Cachoeira: O Piquenique no Lumbinji
26 Capítulo: 25 O Dilema de Sofia: Entre amizade e Segredos Pedro Silva
27 Capítulo: 26 Verdades ou Consequências: Na Cachoeira do Lumbinji
28 Capítulo: 27 "Lua Cheia no Vilarejo de Kandumba: Entre Despedidas e Desafios"
29 Capítulo: 28 Mistérios ao Amanhecer
30 Capítulo 29: Kilassa - À Beira da Crise
31 Capítulo: 30 Ecos do Coração de Sofia Mendes
32 Capítulo: 31 Ecos do Coração- O Trío
33 Capitulo: 32 A Fronteira Rompida no Leste de Quilombo
34 Capítulo 33: Confronto na Fronteira do Leste (Quilombo vs Kilassa)
35 Capítulo 34: A Retirada para o Rio Seco - Margens da Fazenda Kilassa
36 Capítulo: 35 Crepúsculo em Kandumba: Entre a Paz
37 Capítulo: 36 Crepúsculo em Kandumba: Entre a Paz e a Guerra
38 Capítulo: 37 Crepúsculo em Kandumba: Guerra é Guerra I
39 Capítulo: 38 Crepúsculo em Kandumba - Guerra é Guerra II
40 Capítulo 39: Ecos do Silêncio
41 Capítulo 40: A Reunião Sagrada e o Julgamento I
42 Capítulo: 41 A Reunião Sagrada e o Julgamento II
43 Capítulo: 42 Crepúsculo de Um Reinado
44 Capítulo 43: Crepúsculo de Um Novo Amanhecer
45 Capítulo: 44 Sob o Manto da Noite – O Retorno do Herdeiro
46 Capítulo: 45 O Segredo dos Deuses – O Herdeiro da Kandumba
47 Capítulo: 46 O Despertar de Quilombo – Uma Nova Ordem
48 Capítulo: 47 Ecos de Quilombo
49 Capítulo: 48 A Visão de Daniel Almeida
50 Capítulo: 49 O Ecos do Vazio - Segredos do Daniel
51 Capítulo 50: Crepúsculo em Quilombo - Uma Tempestade Invisível Mas Real
52 Capítulo: 51 A Dança das Estrelas - O Pedido Sob as Estrelas
53 Capítulo: 52 Ecos do Estábulo - O Anúncio e a Celebração
54 Capítulo: 53 Kandumba: Ecos de Lendas e Esperança
55 Capítulo 54: Renascer em Quilombo - Promessas Sob o Sol de Kandumba
56 Capítulo: 55 Renascer em Quilombo - Noite de Reencontro do Quarteto
57 Capítulo 56: O Sussurro do Destino
58 Capítulo: 57 O Sussurro do Destino - Uma História não Contada
59 Capitulo: 58 O Sussurro do Destino - O Legado das Estrelas
Capítulos

Atualizado até capítulo 59

1
Apresentação
2
Capítulo 1: O Retorno do Herdeiro
3
Capítulo 2: Noite de Tempestade
4
Capítulo 3: Despertar Sob o Canto do Galo
5
Capítulo 4: Explorações, Visões e Conflitos
6
Capítulo 5: A Fazenda Kilassa
7
Capítulo 6: Confronto nas Fronteiras I
8
Capitulo: 7 Confronto nas Fronteiras II
9
Capítulo: 8 Confronto nas Fronteiras III
10
Capítulo: 9 Confronto nas Fronteiras IV
11
Capítulo: 10 Raízes de Inquietação: O Conflito Interior de Daniel
12
Capítulo: 11 Terra de Vingança: A Ira do Coronel João Silva
13
Capítulo: 12 Terras de Vingança: A Jornada Solitária de Pedro Silva
14
Capítulo: 13 Caminhos Incertos
15
Capítulo: 14 A Fuga Furtiva
16
Capítulo: 15 A Porta da Verdade
17
Capítulo: 16 Turbulência Emocional: Os Conflitos Internos de Daniel
18
Capítulo: 17 A Verdade Por Trás da Porta: Além das Aparências
19
Capítulo: 18 Confronto ao Amanhecer I
20
Capítulo: 19 Confronto ao Amanhecer II
21
Capítulo: 20 A Determinação do Coração Jovem
22
Capítulo: 21 A Determinação do Coração Jovem: Uma Nova Era Chegando
23
Capítulo: 22 Sob o Sol Escaldante
24
Capítulo: 23 As Venturas na Cachoeira do Lumbinji
25
Capítulo: 24 As Venturas na Cachoeira: O Piquenique no Lumbinji
26
Capítulo: 25 O Dilema de Sofia: Entre amizade e Segredos Pedro Silva
27
Capítulo: 26 Verdades ou Consequências: Na Cachoeira do Lumbinji
28
Capítulo: 27 "Lua Cheia no Vilarejo de Kandumba: Entre Despedidas e Desafios"
29
Capítulo: 28 Mistérios ao Amanhecer
30
Capítulo 29: Kilassa - À Beira da Crise
31
Capítulo: 30 Ecos do Coração de Sofia Mendes
32
Capítulo: 31 Ecos do Coração- O Trío
33
Capitulo: 32 A Fronteira Rompida no Leste de Quilombo
34
Capítulo 33: Confronto na Fronteira do Leste (Quilombo vs Kilassa)
35
Capítulo 34: A Retirada para o Rio Seco - Margens da Fazenda Kilassa
36
Capítulo: 35 Crepúsculo em Kandumba: Entre a Paz
37
Capítulo: 36 Crepúsculo em Kandumba: Entre a Paz e a Guerra
38
Capítulo: 37 Crepúsculo em Kandumba: Guerra é Guerra I
39
Capítulo: 38 Crepúsculo em Kandumba - Guerra é Guerra II
40
Capítulo 39: Ecos do Silêncio
41
Capítulo 40: A Reunião Sagrada e o Julgamento I
42
Capítulo: 41 A Reunião Sagrada e o Julgamento II
43
Capítulo: 42 Crepúsculo de Um Reinado
44
Capítulo 43: Crepúsculo de Um Novo Amanhecer
45
Capítulo: 44 Sob o Manto da Noite – O Retorno do Herdeiro
46
Capítulo: 45 O Segredo dos Deuses – O Herdeiro da Kandumba
47
Capítulo: 46 O Despertar de Quilombo – Uma Nova Ordem
48
Capítulo: 47 Ecos de Quilombo
49
Capítulo: 48 A Visão de Daniel Almeida
50
Capítulo: 49 O Ecos do Vazio - Segredos do Daniel
51
Capítulo 50: Crepúsculo em Quilombo - Uma Tempestade Invisível Mas Real
52
Capítulo: 51 A Dança das Estrelas - O Pedido Sob as Estrelas
53
Capítulo: 52 Ecos do Estábulo - O Anúncio e a Celebração
54
Capítulo: 53 Kandumba: Ecos de Lendas e Esperança
55
Capítulo 54: Renascer em Quilombo - Promessas Sob o Sol de Kandumba
56
Capítulo: 55 Renascer em Quilombo - Noite de Reencontro do Quarteto
57
Capítulo 56: O Sussurro do Destino
58
Capítulo: 57 O Sussurro do Destino - Uma História não Contada
59
Capitulo: 58 O Sussurro do Destino - O Legado das Estrelas

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