Capítulo 16| Me aguarde

Dezoito horas atrás.|

13 de Dezembro

Aquela desgraçada tá aqui.

Desde que o cavera me mostro a foto e o relatório de quem tá saindo dessa porra, eu não consigo nem fechar o olho direito. Ela entrou na minha favela sem eu saber.

O garrafa de whisky cai da mesa quando eu bato a gaveta com força. Um dos vapor se assusta e tenta segura a arma sem tremer.

Puxo a arma.

—Eu quero os nomes. —Aponto a arma pro da esquerda. —Depois eu vou querer os dois olhos do filho da puta na minha mesa.

Nenhum dos dois tem coragem de olhar de frente.

E não é pra ter.

—Fui e-eu ch-efe.

O da direta engasga, sem voz.

—Vaza e manda chamar o açoguero

Ordeno e o da esquerda corre pra sair da sala. E da de cara com Samuel que entra e se senta sem dizer nada.

—Não chefe que isso porra, pelo amor de Deus, não faz isso n...

Ela grita quando eu dou um tiro na perna e cai no chão.

—Se começar a me azucrinar o próximo vai ser no teu pau, caralho.

Me sento de novo na cadeira. O cheiro de sangue já tá por toda sala. Samuel só encara o vapor caído no chão, enquanto bebe o resto de whisky.

Ele ascende um cigarro e me dá outro.

O cara grande com tatuagem até na cabeça entra segurando uma bolsa preta. O filho da puta começa a se debater no chão cheio de sangue. Implorando pela vida.

Agora, que vida? Ele perdeu na hora que quis entrar pros esquema. Me deu a porra da vida dele na minha mão.

Eles querem ser bandido achando que vão ostentar.

Vai ostentar pro diabo no inferno.

Baforo enquanto olho pra ele sendo amarrado e carregado pra fora. Açoguero me olha esperando ordem.

—Quero os dois olhos na minha mesa antes do meio dia. O resto é todo teu.

Ele sorri e sai.

Vai servir de exemplo. Nesse caralho sou eu que mando e só entra quem eu quero e quando eu quero. Vez ou outra ainda deixo uns turista entrar pra olhar porque da dinheiro pra comunidade, sem contar as gringa que gosta de se oferecer pra bandido. Mas meterão ela aqui sem eu saber.

A vagabunda da Bernadete vai prestar conta comigo. Essa puta veio toda cheia de história pro meu lado, que tava sem emprego e sem lugar pra morar, só deixei porque ela ofereceu uma grana boa do último salário que tinha recebido.

Peguei tudo sem pena, nem quis saber como ela ia fazer pra se virar pra arranjar um barraco.

Mas depois de três semanas a desgraçada já tava de casa toda com lajota e tudo mobilhado. Tenho uns informante aí que disseram que ela tá trabalhando no asfalto, mas não tem nada confirmado. E foi ela que botou a sobrinha aqui dentro, disso eu tenho certeza.

—Ela colou aqui antes de ontem.

Samuel não diz o nome dela. E nem eu quero escutar. Mas só de saber que ela teve aqui na boca, a raiva que eu tava tentando controlar, explode.

—Tão achando que essa porra aqui agora é bagunça?! Que qualquer vagabunda pode entrar?!

—Calma aê Henrrique, deixa eu terminar a fita.

Bebo mais um gole do whisky e depois outra tragada.

—Tá lembrado do muleque que a Vanda deu como pagamento?

—Tô, mandei uns caras atrás dela e mandei o aranha da uns sacode no menino.

—Parece que a "confusão" se meteu no meio desse sacode. Ela veio se oferecer pra pagar a dívida.

Não dá pra evitar de encarar Samuel. Puta que pariu essa garota é só problema. Ela tá achando que é quem pra chegar se metendo em caô dos outros?

—E a perturbação já sabe?

—Já, ela foi lá com a Juliana.

Concordo devagar com a cabeça.

—Major tá sabendo?

—Não, não sei. Ela disse que não tava querendo problema Henrrique, deixa a menina quieta. Teu acerto de conta é com o filha da puta do pai dela.

—Meu pau que ela vai entrar no meu morro e achar que vai ficar por isso mermo. Isso aqui não é bagunça, não. Qual foi Samuel? Tá de coração mole só por causa de uma buceta?

—Tá me tirando Henrrique? Tu sabe que considero a Lilli como uma irmã e eu vou te passar a visão hein. Ela não merece sofrer por isso não. A guria só veio porque o pai é um desgraçado.

—Virô defensor de puta, Samuel? Essa desgraçada e a família dela fudeu com esse morro. E não vem pagar de amnésia pro meu lado porque tu sabe bem o sangue da tua mãe foi derramado nisso.

Ele se levanta botando a Glock na cintura.

—Tá caô bater papo contigo, puta que pariu.

Falar da mãe dele é tocar em coisa errada.

Tem muita coisa no passado que tá quieta, escondida. E a volta desse diabo disfarçado de anjo, vai fuder com isso.

—Manda o amarelo voltar pra boca que tem trabalho pra ele fazer.

Ele só acena com a cabeça e sai sem dizer nada. Pego a garrafa e bebo direto, me encostando na cadeira e olhando pro teto.

Então quer dizer que a princesinha dos Sanchez tá na favela...

Me aguarde, Lilliana.

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...Eita que o bixo vai pegar pro lado da coitada....

...Mas iai? O que acharam do primeiro capítulo narrado pelo Henrrique?👀...

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