Capítulo 12| Marca cinco

O cabelo antes castanho agora está platinado. A pele morena em um tom mais claro que a de Samuel e há presença de uma barba, um bigode fino. Gabriel parece diferente, mas não ao ponto de não reconhecê-lo, principalmente por sua silhueta que no passado não era musculosa e nem cheia de tatuagens.

Ele me analisa e mesmo que a situação não seja umas das melhores, meus lábios se curvam em um sorriso. É tão bom vê-lo novamente.

—Você tem uma barba.

Digo e então os dois gargalham. Antes, quando adolescente Gabriel levava consigo pra todos os lugares um espelho. E em qualquer oportunidade que tinha, tentava nos convencer de que um mero fiapo de cabelo era sua barba que estava começando a crescer. A atitude tirava risos de todos do grupo, o que o irritava na maioria das vezes.

—Cresceu e eu nem vi.

—Não fode, que tu passava até creme nisso seu mentiroso.  —Samuel rebate, brincando.

Percebo o olhar de Gabriel ainda em mim, entretanto, agora há um sorriso.

—Não botei fé na hora que disseram que tu tava aqui.

—Eu peguei até um susto quando vi ela na boca. Pensei que o cigarro tava cás otras parada lá. —Samuel diz.

—E o meu plano era não causar confusão...

—Teu vulgo é confusão, princesa. —Samuel brinca. Mas então se vira para Gabriel. —Fica aí que eu cuido lá de cima. A morena não tá boa das ideia hoje.

Ele deposita batidinhas no ombro do amigo e avança pela escada.

—Imagine se minha intenção fosse causar problemas. —Uma risadinha fraca ecoa de mim.

—Fica suça que as parada lá de cima não é contigo. É só que... Sabe como é né? —Ele respira fundo antes de continuar. —Pô, cinco anos é muito tempo baixinha. Tu sumiu.

Há certa mágoa em seu tom. Não pelo que fiz, mas por ter ido sem me despedir.

—Eu lamento, por isso e por todo resto, Gabriel. E nem eu mesma sei o motivo de eu ter voltado.

—Então tu não tava querendo voltar? —Mais mágoa.

—Não! Que dizer sim! Eu estava. Eu queria, só que. —Faço uma pausa, organizando as palavras.— É justamente por situações como essas que eu relutei em vir.

Olho para cima, para o lugar onde Bia subiu e onde Henrrique está. Gabriel entende e concorda lentamente com a cabeça.

—Ele não pode culpar tu pra sempre.

—Ele tem toda a razão em me odiar. Vocês, teriam.

—Não fode. Tu sabe muito bem que não. —Ele joga a latinha de cerveja em um canto e passa a mão gelada por minha Sintra sem fazer pressão. —Bora, vamo lá pro bar, lá tu fica mais confortável.

Antes que comecemos a andar, o mesmo homem moreno e alto que Henrrique falou no ouvido nos  desce as escadas chamando por Gabriel. No então ele não o chama por seu nome, mas sim por

"Sub"

—É pra ela subir lá. —Ele diz sem descer da escada.

—Ela não quer, manda avisar.

—Ordem do chefe patrão. Ou ela ou é bala na minha cabeça. —Há certo desespero na voz do homem. Henrrique o ameaçou por tão pouco?

Olho para Gabriel com preocupação. Ele parece... Bravo?

—Tá, marca cinco.

Basta essas palavras para que o homem suma pelas escadas.

—Me diga que não é o que eu estou pensado.

—Fica do me lado.

Ele movimenta a mão para cima e para baixo em minha cintura, como se estivesse me consolando e sinalizando para andarmos até as escadas. Não vejo outra opção a não ser acompanhá-lo, embora eu esteja sentindo minhas pernas falhando a cada passo, não quero ser a culpada pela morte de mais ninguém.

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Comments

Edilaine Leticia

Edilaine Leticia

ótimo livro

2024-05-18

0

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