Capítulo 8| Bianca

Samuel se despediu de mim a duas horas atrás, mas minha mente fica remoendo a mensagem seguida de uma foto.

João está dormindo ao lado da minha cama em um colchonete no chão, tentei fazer ele mudar de ideia varia vezes, não havia necessidade de ficar em um colchão no chão.

Supus até mesmo que dormisse comigo ou que dormisse em minha cama e eu sem problemas dormiria no colchonete.

Mas segundo ele, homem tem que ser respeitoso e cavalheiro. Sorri quando as palavras saíram dele, além de ficar impressionada com o fato de um garoto nessas condições ter conhecimento sobre cordialidades. Acredito que encontrei uma pessoinha de ouro.

O que me leva a pensar em seus pais, como puderam abandonar uma criança e ainda tratá-lo como pagamento de algo que não teve culpa? Talvez seja a condição, no entanto, meu pai age de forma parecida mesmo tendo em mãos dinheiro suficiente. Age de forma amarga a tudo relacionado a mim, é sempre regra antes de compreensão.

Me culpei diversas vezes por odiá-lo como pai. Tentei imaginar que seu comportamento é de sua criação. Eu estava tentando justificar a ações dele, de forma que eu me sentisse culpada o suficiente para que ele saísse imune.

Mas a verdade é que todos os pais causam danos aos filhos. Não há como evitar, falhar faz parte da natureza do ser humano.

Li uma vez que os filhos são como vidro, há pais que mancham e tentam limpar, uns racham, e poucos outros estilhaçam em pequenos pedaços.

Absorvemos as marcas de quem convivemos grande parte da vida. E então crescemos como eles. Algumas de minhas atitudes, refletem as dele.

[...]

—Bom dia! — Digo para minha tia quando a vejo coando o café na cozinha.

— Bom dia, conseguiu pregar o olho ontem? —Perunta colocando a garrafa em cima da mesa.

— Sim, o João se recusou a dormir na cama, preferiu o colchonete. — Abro a geladeira e tiro uma fatia de mamão, coloco num prato junto com a granola. — Tia onde está a cartela de ovos?

— Eu já fiz o teu ovo mexido, vi tu fazendo ontem e sabia que ia querer hoje.

— Obrigada. —Digo sentando-me á mesa junto com ela.

— Eu já tava esquecendo, falei cá tia lá do menino, ela disse que vem aqui mais tarde buscar ele. E  mandou dizer que era pra te agradecer.

— Sério? Que ótima notícia.—Tiro um pedaço do mamão com a colher.

—Que hora é aí? — Ela pergunta. Olho para o meu celular.

—Sete e quarenta, em ponto.

—Tô atrasada! —Diz e sai da mesa depressa, pegando bolsa, chave e todo tipo de coisa pela frente. —Tô aqui antes do almoço! —Grita do portão e então fecha.

Uso o celular por um tempo respondendo algumas perguntas de Patrick e lhe mando as fotos do passeio que fiz com o João e minha tia. Quando termino meu café vou para o banho, caso contrário fico sonolenta pelo resto da manhã.

Faço o possível para não acordar João enquanto estou no banheiro. Cabelo lavado e corpo renovado, certifico-me que os meus dentes estão limpos, um hidratante no corpo, e protetor solar já que o sol aqui no Rio não brinca em serviço.

O hidratante fica por último assim como a roupa. Um conjuto de algodão, na cor azul empoeirado, a blusa colada não deixa dedos de barriga amostra, o chort casual marca minhas curvas sem aperta-las, nesse calor conforto é praticidade.

Quando saio do banheiro, a criança já não está mais na cama, o local onde dormia está organizado, o colchonete enrolado e as cobertas dobradas.

Quando desço as escadas vejo que o garoto assiste televisão tranquilamente sentado, tomando o seu café. Aproveito para conversar sobre a tia dele, não vejo relutância da sua parte em ir, o que indica que ela cuidará bem dele. Minutos depois escutamos a porta bater.

—Acho que é sua tia João. — Levanto-me —Vá para cima tomar um banho e depois desça, tá bom? — Ele concorda com a cabeça, e vai em direção a escada. Dessa vez a campanhinha toca. —Estou indo!

Ao abrir, uma figura feminina aparece em minha frente, as ondas do seu cabelo me trazem uma sensação familiar. Se fosse em outra situação, estaria sorrindo pelo fato de encontrá-la novamente, no entanto, ela em minha porta pode significar péssimas notícias. Apenas nos encaramos.

—Bianca?

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NOTA DA AUTORA:

Perguntinha rápida; Querem que eu coloque a foto da roupa que a personagem usa junto ao texto, ou apenas a descrição da roupa??

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Comments

Ideusa Maciel

Ideusa Maciel

Sim. vc descreve bem as roupas, porque não vê-las?/CoolGuy/

2024-04-24

1

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