Nao tinha dúvidas, aquele olhar cheio de alegria, sonhos e espectativa era da Elizabeth. Mas a Elizabeth que conheci recentemente não a Elizabeth filha do Escobar que via nas manchetes de jornais e sites de fofocas. Aquela nada mais era que um troféu sem vida que Escobar exibia para a sociedade
Coloquei novamente no lugar e seguir as vozes que vinha da cozinha acompanhada pelo cheiro de café.
Não tinha o costume de ouvir atrás da porta, mas não queria me intromer em uma conversa onde não fui chamado, virei as costas e antes de me afastar ouvi meu nome. Elas estavam falando ao meu respeito então tinha o direito de escutar.
— Não, Dora! Não é nada disso que você está pensando!
— por que então, minha filha? Esse casamento assim as presas o que te fez tomar essa decisão tão precipitada?
— Você conhece o meus motivos, Dora! — Liz afirmou chorosa.
— Filha! Você só está trocando de prisão.
— vai ser diferente, Dora! Eu sei, eu sinto! Longe do meu pai, dessa vida. Estou deixando tudo para trás. Quero recomeçar. Quero viver.
— Pense bem.
— Já pensei! Estou indo para Londres essa noite e nada no mundo vai me impedir de sair do país.
— Seu pai nunca vai permitir!
— Ele vai!
— como tem tanta certeza ?
— Jhon! Nunca vi meu pai perder a fala com alguém. De uma certa forma jhon intimidou o senhor Escobar e foi por isso que aceitei me casar com ele. Porque tenho certeza que jhon levará isso até o fim.
— Minha filha, você é tão preciosa.
— Dora, me escuta! Eu sei que o José e você só suporta aquela mansão porque me amam, mas... eu não vou estar mais lá e nada impede que os dois peçam demissão e sigam suas vidas.
— Filha, nós dois somos dois velhotes, como conseguiríamos outros empregos.
— Eu mando dinheiro. Eu vou trabalhar e quero que vocês tenham uma vida feliz.
— minha menina.
— Por favor, Dora! Me promete que não vai voltar para aquele lugar.
Esbarrei em um vaso de planta no chão e as duas se calaram.
— Jhon? — Elizabeth me chamou.
— Eu... Han... Estava procurando o banheiro. — menti, colocando a terra que caiu da planta de volta no vaso.
— É no corredor a esquerda — Dora informou.
— Ah... sim! Obrigado.
Lavei minha mão no banheiro e quando estava voltando esbarrei na Dora saindo de um dos quartos.
— Cadê a Elizabeth? — Perguntei olhando em volta.
— Está lá fora com o José. Meu marido — Ela tratou de explicar quando ameacei ir atrás. — Filho, posso ter uma palavrinha com você? É rápido não quero que a Liz escute.
— Sim, claro... mas e a...
— Eles vão demorar, aqueles dois quando se juntam tem assunto para mais de horas. Por aqui! Vamos no jardim nos fundos.
A acompanhei pelo lado de fora. Ela parou e se sentou num banco de ferro enferrujado me pedindo para acompanha-la.
— Estou bem em pé — Neguei, sem querer ser indelicado.
Não deu muito certo porque ela voltou a insistir batendo no assento. Concordei penando na saúde da senhora. Ela ficaria com torcecolo me encarando de baixo
— Vou direto ao assunto.
— Fico feliz com isso!
— Liz é minha vida, Jhon.
Assenti olhando para as minhas mãos.
— não sei o que ela contou, senhora!
— O suficiente para saber que todos os sonhos que pensei que tivessem tirado dela voltassem. Há muito tempo não via a esperança brilhar naqueles olhos e hoje quando olhei para ela foi a primeira coisa que percebi. — Ela tocou minha mão e puxou para si. Olhei fundo nos olhos daquela mulher com uma sensação de familiaridade. Minha mãe teria quase a mesma idade se ainda estivesse viva e aquela casa me recordava a casa humilde que vivi minha infância antes de tudo acontecer— Ela é uma boa menina, não a magoe, por favor.
— Eu...
— Liz viveu presa, invalidada pela sociedade e pela família. Nada na sua vida foi fácil e isso despertou vários gatilhos no emocional dela — Ela engasgou — Sou babá da Liz desde que a mãe dela morreu e venho acompanhando o seu crescimento e assistindo de perto cada fase da sua vida. Fui obrigada a ensiná-la abaixar a cabeça diante da voz do Escobar e quando percebi o que estava fazendo ja era tarde! As vezes era até fácil seguir as normas dele, Mas muitas dessas regras incluía obrigá-la a obdecer sem questionar. Desistir dos próprios sonhos para agradá-lo.Tudo isso foi acabando com a minha menina.
— Senhora, posso fazer uma pergunta ?— Ela assentiu — No dia que conheci a Elizabeth ela não parecia muito bem... Estava na sacada da mansão...
Não terminei de falar e visualizei o espanto nos olhos da Dora. Ela levou as mãos na boca e arregalou os olhos. Decidi não terminar de falar.
— Não, isso de novo não — Sussurrou.
— Me desculpe, eu não devia ter falado.
— Liz, precisa de supervisão, Jhon! Esse é o meu trabalho.
— Ela já é bem grandinha.
— Promete que ficará de olho nela? Em hipótese alguma a deixe sozinha, por favor!— Implorou
Abri a boca para saber mais sobre o assunto temendo descobri que o que presenciei no terraço não foi a primeira vez, mas Elizabeth apareceu acompanhando de um senhor. Levantei assim que eles se aproximaram.
— vou esperar no carro — Informei passando pelos dois.
Estava abalado demais para continuar naquela casa. Senti um pouquinho de inveja do amor que aquela mulher demonstrou pela Elizabeth. Desejava no fundo que alguém me amasse como filho. Que me defendesse assim como ela a defendeu .
Na sala passei por uma mala que não estava ali de início. Ignorei e voltei para o carro. Já era tarde quando ela saiu da casa arrastando a mala acompanhada pelos dois senhores.
Eles se despediram de forma carinhosa, Elizabeth chorava sem parar ao colocar a mala no branco de trás e abrir a porta do carona.
— Cuide dela, meu filho— Dora pediu.
Assenti e me despedi com um a aceno.
O marido da Dora só me encarou por baixo dos óculos, decidi manter a distância que ele impôs entre nós.
De volta ao hotel, entramos no elevador com aquele mesmo ar de enterro. Elizabeth não estava disposta a conversar, nem eu. O dia, por mais difícil que tenha sido o pior estava por vir. Enfrentar Escobar Alencar e seu ninho de cobras peçonhentas era no mínimo exaustivo.
— Onde eu posso tomar um banho? — Perguntou assim que distravei a porta do quarto com a minha digital.
— A esquerda tem outro quarto! Temos exatamente meia hora para sair.
— O lançamento da revista começa às oito.
— São exatamente sete e trinta. — Afirmei tirando o paletó. — O que falou para convencêr o seu pai a passar o dia fora?
— Que iria me arrumar na casa da Elen! A editora da revista.
— Qual o seu cargo na revista?
— Sou da área do marketing.
— Não entendo muito sobre o assunto nem a importância da festa de hoje.— menti, sabia exatamente o que eles faziam, estudei tudo e todos que trabalhavam no local. Se brincar sabia mais da vida deles do que eles mesmos.
Ela fez um coque nos cabelos e abriu a mala tirando de dentro uma necessaire.
— É simples.— Começou a tirar a maquiagem com um lenço umedecido enquanto falava — Somos uma revista de moda e todos os vestidos que são impressos na revista são apresentados ao telespectadores em corpos reais na festa de hoje. Basicamente é isso.
— uma exposição desnecessária!
Ela riu e meneou a cabeça, negando.
— Temos meia hora, lembra?
— Vai sentir falta dessa vida? — quis saber.
Ela parou tudo e negou. Tão certa quanto o nascer do dia na manhã seguinte.
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Atualizado até capítulo 36
Comments
Andreia Cristina
Liz vida nova tudo novo assim espero
2024-03-07
2
Telma Silva Brito
Tirei a dúvida kkkkkkk,é José,onde vi Antônio kkkkkkkk?
2024-03-07
0
Marines Silva
Agora que o bicho vai pegar 🖤
2024-03-07
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