— Olha os pombinhos aqui! — Dimitri gritou no meio do estacionamento vindo na nossa direção com os braços abertos.
— Quem é ele? — Elizabeth perguntou.
Esperei ele se aproximar para responder
— Dimitri, Elizabeth, Elizabeth esse é meu assistente e meu amigo. — Os apresentei sem muita cerimônia. — Dimitri será nossa testemunha.
— Bom, pelo que eu sei vamos precisar de duas testemunhas— Ela pontuou — Muito prazer Dimitri.
— Se tiver alguém em mente estou disposto a ouvir. Quem sabe seu pai ou o seu irmão? — Argumentei sem muita paciência.
— Senhorita, como nenhum dos dois estão disposto a contar a novidade aos familiares tomei a frente e conseguir uma segunda testemunha. Não é ninguém conhecida, mas ela ficou feliz em contribuir depois de uma generosa quantia em dinheiro.
— O que mais pretende comprar, Sr Stone? — Elizabeth perguntou empinando aquele nariz atrevido e cheio de audácia!
— A cidade se for necessário! — Afirmei— Cadê essa tal testemunha, Dimitri?
— Está nos esperando na sala. O juiz e o fotógrafo também.
— Fotógrafo? Quem pediu fotógrafo?— Minha voz saiu alterada
— Desculpa, senhor! Mas precisava registrar esse momento, não resistir. — Dimitri deu de ombro.
Neguei e olhei para Elizabeth que se divertia com o meu estado de espírito.
Ela estava deslumbrante em seu vestido de noiva improvisado. O tecido de cetim branco caia muito bem em suas curvas esguias. Alças finas, decote em V, uma fenda generosa que subia até a altura da coxa deixando muito a desejar.
Um pequeno vermelhidão em sua testa me chamou atenção e quase me arrependi da minha brincadeira dentro do carro.
Dimitri pigarreiou e voltei minha atenção para ele.
— Podemos ir agora, ou não terá dinheiro que faça o juíz esperar. —Falou
— Deixa eu ver se entendi, você também comprou o juíz? — Ela perguntou.
Caminhei na frente sem querer dar mais satisfações.
— Você não me deixou escolhas. Nenhum cartório costuma ficar aberto depois das quinze em um sábado a tarde e nenhum casaria um casal que acabou de se conhecer
Respondi grosso.
Os dois ficaram para trás enquanto eu fui na frente. Pensei que o cartório estaria vazio, mas quando passei pelas portas dei de cara com várias pessoas no saguão da recepção.
— Pensei que teríamos privacidade — Sussurrei para o Dimitre quando ele se posicionou a minha direta.
— E teremos na parte superior.
— Deveria ter marcado em outro lugar.— exigi
— Teria custado mais caro!
— Acho que seu dinheiro acabou, sr Stone— Elizabeth provocou do meu outro lado.
Abotoei o meu paletó e ignorei os olhares em nossa direção, mas não passou despercebido os olhares de admiração de alguns cavalheiros para a dama ao meu lado. Com um isntito quase incontrolável segurei a mão dela entre os meus dedos e contrair o rosto, intimidando os cretinos que mal sabiam disfarçar seus interesses.
— Por aqui! — Dimitri instruiu, mostrando o caminho.
Passamos no meio de dois grupos que cochicharam ao nos ver de mãos dadas.
Com um pouco de dificuldade escutei o nome de Elizabeth Alencar sair da boca de uma delas e uma afirmação quase inaudível do que poderia ser o meu nome relacionado a matéria que saiu em um site de fofocas.
— Estamos dando muito atrativos para imaginação dessas pessoas. — Ela falou
— Não temos nada a esconder ou temos? Logo todos saberemos que estamos casados.
— Casamento de fachada, lembra — Insitiu em me lembrar. — Não precisamos sustentar isso agora, solte a minha mão!
Mandou puxando o braço.
Só Soltei quando entramos no elevador. Ela se afastou e foi para trás do Dimitri.
Entramos na sala e realmente não acreditei no circo que o Dimitri organizou em tão pouco tempo.
Um senhor barrigudo e muito sério com um terno que mal comportava o seu tamanho deixando os dois botões presos em sua barriga a ponto de explodir nos esperava embaixo de um arco de flores barata, cheio de pó e artificial. Não sabia para onde olhar, se para a moça com uniforme de faxineira no canto da sala ou para um outro homem que nos cegava com as luzes dos fleshes da câmera fotográfica da época dos dinossauros.
— De onde tirou esse fotógrafo?— Sussurrei para o Dimitri querendo matá-lo.
— É contratado do cartório.
— E aquela moça? — Apontei para a mulher que chorava escandalosamente olhando para Elizabeth.
— Trabalha aqui— respondeu sem jeito
— Me lembre de te matar quando esse circo acabar — murmurei entre os dentes.
Dimitri se afastou com um sorriso largo e seguiu para o lado do juiz que logo pediu para que nos se posicionasse.
Travei minha mandíbula e ofereci o braço para Elizabeth. Uma marcha nupcial surgiu do nada em um alto falante que parecia ter engolido um enxame de abelhas.
Ela apertou meu braço e caminhamos juntos até estar de frente ao juiz e ele começar a cerimônia. Enquanto ele discursava senti os dedos trêmulos e finos dela apertarem o meu braço e uma onda de calor surgiu no meu peito.
Quase trinta e nove anos e nunca passou na minha cabeça que um dia me casaria por amor. Um sentimento que nunca existiu na minha vida amorosa. Gostava de casos passageiros. De noites calorosas..., mas nunca pensei em me casar. Nunca achei merecer um amor igual ao dos meus pais. Eles eram tão apaixonados, tão cúmplices. Ainda lembro o olhar de admiração que o meu pai dirigia para a dona Manuela. Não lembro uma só vez que ele não declarou o seu amor à ela antes de acabar o dia. A paixão deles era intenso. Não é qualquer casal que possui o que eles tinham, os dois juntos pareciam encontro de almas.
E lá estava eu... me casando por pura vingança com a filha do meu inimigo. Não havia aproveitado a minha infância, nem a minha adolescência. Não me permitir viver iguais as outras pessoas. Lutei tanto para ter o poder que tenho hoje no intuito de me sobressair ao Escobar que não tive tempo com casos amorosos.
Olhei de rabo de olho para a minha futura esposa. Linda, tinha que admiti. Um sorriso genuíno no rosto que disfarçava o seu lado atrevido e a sua língua afiada.
Desde que entrei naquele caixote meu único pensamento foi a minha vingança, não podia me distrair, e agora estava tão perto que temia que aquilo no meu peito fosse uma distração.
— Elizabeth Alencar, você aceita jhon Stone como seu legítimo esposo. Promete ser fiel, Amá-lo e respeitá-to na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias das suas vidas até que a morte os separe?”
— Sim — Afirmou sem postergar olhando fundo nos meus olhos.
Foi a minha vez de escutar e quando tive que jurar o cumprimento daquele mandamento diante do juiz minha voz não saiu. O juramento diante do túmulo do meu pai tinha mais peso que aquele juramentado diante da mulher que também era responsável pela morte do meu pai.
Mas por que não conseguia mentir diante daqueles olhos que me implorava para que dissesse sim e cumprisse o juramento para amá-la acima de tudo e de todos até que a morte nos separasse.
— Senhor? — O juiz chamou a minha atenção sem muita paciência.
Respirei fundo e encarei o anel no meu dedo. A única Lembrança que restou do meu pai.
— Sim, aceito! — Repondi rápido sem conseguir encara-lá.
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Atualizado até capítulo 36
Comments
Paulinha Souza
kkkkkkkkkk
2024-03-21
0
Andreia Cristina
enfim casados e agora cm será sua vida
2024-03-07
0
Telma Silva Brito
Quem mais tá lendo imaginando a cena kkkkkkkkk?
2024-03-07
0