— Senhor, Escobar Alencar posso lhe apresentar uma pessoa?
Me limitei em continuar o que eu estava fazendo, sem olhar para saber quem era, acreditando que era algum novo candidato a política atrás de apoio.
— Todos que estão aqui eu já conheço! — Meu pai respondeu com arrogância.
— Não o maior aristocrata de Londres, senhor! permita eu lhe apresentar o nobre cavalheiro? ele veio especialmente prestigiar a sua festa a pedido do seu filho Cesar.
Continuei concentrada em olhar para as unhas dos meus pés enquanto aquele homem, que não fiz questão de levantar o rosto para saber quem era, bajulava o meu pai.
— Do meu filho? — Meu pai perguntou incrédulo, mas deixando transparecer o enorme tom de soberba em sua voz — Pois mande-o vir! Fiquei curioso para conhecê-lo.
— Também estava igualmente curioso para conhecê-lo. Seu filho falou tão bem de você que a curiosidade me fez atravessar o oceano para prestigia-lo.
Aquela voz..
Reconheceria em qualquer lugar...
A voz era de um timbre assustadoramente sombria, mas não me dava medo, me causava uma sensação boa, de estar flutuando em algo profundo e vazio.
Era a mesma sensação de estar na altura de um penhasco a ponto de me jogar.
— Senhor, esse é... Jhon Stone!
O nome ecoou aos meus ouvidos e foi impossivel me manter indiferente. Encarei os sapatos ilustrados a minha frente e, devagar, fui subindo os olhos pelas pernas cumpridas dentro de uma calça de linho fino passando pelo terno do smoking que a pouco estava sobre os meus ombros até encontrar o dono dos olhos mais escuros e sombrios que já vi na vida.
Observei a expressão dura e rígida reforçada pelo corpo forte e sua altura, e no mesmo instante, o nervosismo me deixou trêmula.
Com o movimento calculado ele apertou a mão do meu pai, deixando claro seu poder sobre o mundo.
— Stone...— Meu pai gaguejou balançando a cabeça, negando, em um gesto de incredulidade. Os olhos arregalados refletia uma mistura de surpresa e medo.
Nunca vi o meu pai perder a fala com outra pessoa antes. Todos diziam que esse poder de fazer os outro se calarem se atribuía exclusivamente a ele. Mas diante daquele homem não só vi ele perder a voz como também se mostrar pálido feito papel sufite.
– Muito prazer, Escobar Alencar!
Os dois se encaravam como dois inimigos, meu pai mantinha os olhos arregalados como se estivesse na frente do próprio anjo da morte e jhon... ah, ele se mantinha frio e calculista com um semblante neutro capaz de acabar com qualquer pessoa com sua autoconfiança e poder.
Ainda estava pensando na falta de formalidade em se direcionar ao meu pai como você ao inves de senhor quando seu olhar desceu devagar na minha direção e depois para a minha sandália onde minhas mãos estavam paralisada.
Tentei disfarçar meu nervosismo, feito uma tola sem conseguir dizer nada. Minha boca secou e meu coração disparou com a lembrança de ter beijado o seu pescoço e por pouco não beijado sua boca.
Nunca senti uma atração tão forte por alguém. Mesmo com tudo a minha volta fora de órbita minha mente ficou alguns minutos presa no cheiro do seu pescoço, no perfume em seus smoking. Na forma como me segurou em seus braços... me apertando com firmeza, como me olhou.
— Elizabeth — Ele chamou
Meu nome suou muito bem na voz dele.
— Eu...eu... — Gaguejei
Um som baixo, quase como uma risada, estrondou feito trovão de sua garganta e não acreditei quando ele se ajolhou aos meus pés ficando a centímetro do meu rosto.
— Posso? — Perguntou apontado para a tornozeleira da minha sandália
Soltei a respiração que não sabia que estava segurando e me perdi nos lábios firmes e atrativos por trás da barba grossa. Fui surpreendida novamente pela sensação de estar naquele penhasco escuro e profundo, minha mente silenciosa e vazia.
Ele pigarreiou chamando a minha atenção.
Me levantei meio constrangida e com a minha permissão ele tocou o meu pé.
Sua atitude não passou despercebido pelas pessoas na festa. Paparrazzi tiravam fotos e já imaginava a fofoca do dia seguinte. Os convidados sussurravam e cochichavam sem cerimônia.
Voltei minha atenção para jhon quando sua mão tocou levemente a minha pele causando um rebuliço no meu corpo. Senti cada pelinho da minha perna se arrepiar ficando mais difícil me manter imparcial quando flagrei algumas vezes seu olhar subindo pela fenda do meu vestido e parando bem no alto da minha coxa e, para ser sincera, aquilo não me incomodou. Nada naquele homem me incomodava. Ele parecia o próprio penhasco me puxando para baixo me impulsionando a pular.
— Assim está melhor?— Perguntou firme ao se levantar
— Muito melhor! Obrigada, senhor Stone!
— Apenas Jhon! — Crispou fortemente estendendo novamente a mão na minha direção!
Toquei os seus dedos e permaneci presa naquele olhar tentando encontrar uma luz naquela escuridão profunda.
Ele estava mais misterioso sobre as luzes que iluminavam o jardim.
Os traços do rosto firme, a barba marcante ao redor do maxilar, o queixo quadrado como de um cavalheiro medieval tudo me atraia, cada parte dele até o olhar sombrio quando beijou o dorso da minha mão.
Fiquei parada sem conseguir me mover, estava igualmente ao meu pai, completamente paralisada com a presença e a beleza descomunal daquele homem de cabelos tão negros quanto a escuridão da noite.
— Jhon — repeti o nome com um sorriso tímido diante do olhar intenso.
— Liz — Sussurrou
Nossos olhares se prenderam por mais uma fração de segundo antes do meu pai encontrar a voz.
— Você disse que veio pelo meu filho? — Meu pai perguntou, chamando-lhe a atenção.
Jhon soltou a minha mão e voltou a sua postura inicial com o olhar sombrio.
— Onde ele está? — Jhon perguntou encarando o homem ao seu lado.
— Estava aqui há um instante, senhor! — o homem que o acompanhava respondeu olhando ao redor.
— Dimitri, preciso que o ache, não tenho muito tempo e gostaria de cumprimentá-lo antes de ir.
– Por que não fica mais um pouco? — As palavras escaparam da minha boca sem freios.
— Estarei no país nos próximos dias e pretendo voltar a vê-los o mais breve possível.
— sábado será o lançamento da revisão, ficaremos felizes em recebê-lo — Convidei timidamente.
— Elizabeth — Meu pai me repreendeu — Certamente o senhor Stone tem outros planos para uma noite de sábado na cidade de São Paulo. Não queremos importunar-lo obrigando-o assistir um monte de modelos desfilando com roupas femininas. Isso é para mulheres.
— Engano seu Escobar, adoro moda! Inclusive sou fã da sua revista e do seu estilista. Como é mesmo o nome dele?
— Victor! O nome dele é Victor! — Respondi
— Isso, quem sabe o senhor não me apresenta?
— Claro! por que não? — Meu pai respondeu contra vontade.
— Bom, então nos vemos amanhã! Foi um prazer conhecê-lo, Escobar! Algo me diz que ainda nos veremos muito daqui para frente!
— Que seja! — Meu pai murmurou entre os dentes
— Elizabeth — Sussurrou ao me encarar.
Acenei delicadamente com a esperança de vê-lo novamente amanhã.
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Atualizado até capítulo 36
Comments
Andreia Cristina
tá ficando bom o negócio quero ver quando ele falar do casamento 💒
2024-03-07
2
Charlotte Peson
Eita que o negócio foi avassalador,coitada da Betinha!! Já estou com pena dela !!
2024-03-05
1
Cristiani A.L.
Sentiu a maldade...🤣🤣
2024-03-05
0