— Quem é ele?
— Merda!— César blasfemou fazendo uma careta de desgosto. — Não precisa saber agora.
— Eu preciso. Quero saber onde vou me meter.
— Eu sempre vou cuidar de você, andorinha. Não precisa ter medo.
— César — Me afastei. Deixando de lado o copo que ainda estava na minha mão e embolando a manga do meu blazer.— Eu quero saber quem é? onde vive? Quantos anos tem. — Aquilo parecia ridículo, mas era necessário.
— só precisa saber que ele estará na festa de aniversário do papai amanhã e no lançamento da nova capa da revista.
– Eu já vi ele antes?
— Não! — Ele sussurrou e não gostei quando desviou o olhar para o chão e levou as mãos aos bolsos.
Cesar era muito transparente. Um homem honesto, trabalhador, descente. Vivia exclusivamente para a revista. Não tinha vida social, seus únicos amigos dava para contar nos dedos de uma mão e eu conhecia cada um.
— Onde você o conheceu?
— Em Londres! — Respirou fundo. — há alguns meses quando fui para Londres a negócios.
— O que exatamente você quer que eu faça?
— Não fala assim, me sinto um mostro te jogando nas garras do lobo.
Ele me deu as costas e caminhou até a janela de vidro com vista para as pessoas trabalhando no setor de baixo.
— E não é isso o que está fazendo? — abracei o meu próprio corpo, sentindo um calafrio. Caminhei até ele. O barulho do meu scarpin era a única coisa que se ouvia na sala. — César olha para mim.
— Eu não posso, Liz. Não depois do que estou te obrigando a fazer.
— Você não esta me obrigando a nada. Se vou aceitar isso será por vontade própria, Mas preste atenção— Toquei o seu braço e o vi estremecer com o simples toque. — Podemos sentar e conversar com calma. Deve ter outro jeito de resolver. E se eu conversar com o papai ?
Ele me olhou de rabo de olho, o que demorou poucos segundos, pois rapidamente ele desviou e isso me irritou ao ponto de achar que não o conhecia suficiente
— Não vai adiantar!
— E se na festa eu conversar com esse homem e explicar...
— O que Liz? O que vai explicar? — Ele virou de frente para mim. Os olhos vermelhos agora transparecia ódio, frieza... desprezo. — Vai chegar com esse seu jeitinho doce e meigo e jogar um pó de pirimpimpim e desfazer minha burrice?
— Não é isso, talvez eu consiga convencê-lo a mudar de ideia. Não sei...uma conversa sincera, um acordo...
— O mundo não é cor de rosa como o papai construiu a sua volta, Elizabeth. Nem tudo se resolve com conversa, com um beijo na testa, cartão sem limite ou uma viagem para o exterior.
— Está sendo injusto, Cesar!
Ele me ignorou
— Não vai ser uma conversa que vai resolver nossos problemas. Isso aqui é podre, ganha quem tem mais poder e dinheiro e eu perdi os dois e estou prestes a destruir o império que o papai construiu.
— O que está dizendo? — O ar faltou em meus pulmões. Dei um passo para trás.
A camisa social azul que estava usando por baixo do blazer blazer de repente pareceu me apertar, me sufocando.
— Isso o que ouviu! Ou você se casa com aquele cara ou tudo que temos vai sumir em um passe de mágica, maninha.
— Você não está falando sério!— Grunhi, sentindo minhas pernas fraquejarem.
Aquilo só podia ser brincadeira, mas meu irmão nunca brincava com coisas relacionadas ao meu pai ainda mais se tratando da revista. Dei mais um passo para trás, esbarrando em uma das poltronas
— Não era isso que você queria? Saber a verdade?
—O que você fez? — Minha voz falhou
— Era so negócios... mas saiu do meu controle agora ou você se casa com um estranho ou perderemos toda fortuna e prestígio que Escobar conquistou durante anos.
Sem reação, cobri a boca tentando assimilar as suas palavras.
Conforme a realidade começava a ser processada na minha mente, no meu estômago abria-se um buraco.
Tinha que ter outra solução!
Uma solução que não me obrigasse a se casar com um desconhecido em troca do meu pai não matar o meu irmão. Porque era isso que aconteceria se Escobar descobrisse que Cesar destruiu o império Alencar.
Um barulho no corredor e depois a porta se abrindo me fez voltar a realidade.
De costas, vi o choque transparecer no olhar do Cesar e não precisei me virar para ter certeza de quem era.
— Quando chegou? Pensei que fosse ver seu pai antes de qualquer coisa!
Ainda estava parada, processando a informação que foi jogada sobre minha responsabilidade quando senti os braços do meu pai me envolver.
— Desculpe, papai! Eleonor me disse que o senhor estava em reunião. — Sussurrei, devolvendo o abraço.
— Nunca mais vou permitir que fique tanto tempo longe! E ainda por cima sozinha. Agora me conta como foi de viagem e porque não pediu para o José te buscar no aeroporto?
— Não foi necessário, chamei um taxi! sobre a viagem não tenho muito o que falar, todos sabem minha paixão por Paris. Ainda vou morar lá um dia!
— Não fale besteira! Seu lugar é ao meu lado!
— O lugar da Liz é onde ela quiser! — César sussurrou
Meu pai o ignorou e agradeci. Menos uma briga para a lista da família Alencar
Minha viagem para Paris foi uma grande divisora de águas. Pela primeira vez durante meus vinte e quatro anos conseguir viajar sozinha. Passei quatro meses sem a supervisão de uma "babá"e dos seguranças.
Ninguém me dizendo o que fazer, como me comportar, me vestir, sentar, sorrir . Foi maravilhoso passear pelas ruas sem ter nenhum paparazzi escondido procurando por uma nova fofoca da mais "perfeita" herdeira Elizabeth Alencar.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 36
Comments
Tânia Silva
ela nem sabe o demônio que o seu pai é.
2024-03-20
0
Andreia Cristina
q irmão canalha a Liz tem cm ele faz a merda e agora quer q ela concerta casando cm um estranho isso chama egoísmo e não amor de irmão pois ele está pensando somente nele
2024-03-05
0
Maristela Mota yaman
como que esse sobrenome fosse alguma coisa quando vc descobrir a verdade vai querer tirar esse sangue ruim de seu pai 😂
2024-03-04
0