Elizabeth Alencar, 24 anos
Todas essas vozes da minha cabeça ficam altas, eu gostaria de poder cala-las. Elas parecem pensamentos, ou talvez, sejam pensamentos que parecem vozes... O fato é que eu não consigo controlar o que ouço, não consigo fugir de quem fala... É como se estivesse alguém sussurrando no meu ouvindo...
— O que está me pedindo, Cesar?
as palavras saíram da minha boca num tom baixo e engasgado que mal reconheci o timbre da minha voz. A incredulidade e surpresa transparecia na pequena frase.
Encarei o meu irmão com os olhos vermelhos, cheios de lágrimas, e percebi o mesmo desespero que me assolava em suas expressões.
Um homem admirado pelo seu auto controle e confiança agora parecia o mesmo garotinho que quando criança quebrava a janela do vizinho jogando futebol e corria para debaixo da minha cama para se esquivar da surra do papai.
— Você não está me entendendo, eu estou desesperado, Liz — Gritou, levando as duas mãos na cabeça enquanto caminhava de um lado para o outro dentro do escritório.
— Mas eu não posso. Não posso, Cesar! Pode me pedir qualquer coisa que eu faço, mas isso...
Neguei rápido.
Queria fazê-lo entender a atrocidade do seu pedido, mas era nítido que seria impossível pensar ou fazê-lo raciocinar com todo aquele nervosismo.
Caminhei sentindo as pernas bambas até a adega no canto onde a secretária do meu irmão deixava uma jarra de água filtrada e dois copos juntos com as diversas cartas de vinhos e uísques.
Mesmo achando impossível, segurei a jarra entre os dedos trêmulos e me concentrei em despejar a água no copo e não na madeira do móvel ou nos documentos deixados ali de qualquer jeito.
Tremia tanto que as pulseiras de ouro no meu braço seguiam o movimento. Quando voltei a encará-lo ele já estava sem o blazer do terno e tentava sem êxito desfazer o nó da gravata.
— Tome isso vai se acalmar um pouco.
— Veja bem, Liz! — Ele ignorou o copo estendido — O que eu estou pedindo não é algo impossível! —Ele esqueceu o nó da gravata e caminhou até onde eu estava — Você é linda, inteligente, tem um coração nobre. Qualquer homem se apaixonaria por você em um piscar de olhos.
— Por favor, não me peça isso! — Sussurrei, chorosa.
Ele segurou o meu rosto entre as mãos e encostou a testa na minha olhando fundo em meus olhos.
Os olhos azuis na pele morena clara destacava o medo e o seu desepero.
— Liz, você é minha irmãzinha caçula. Nunca pediria isso se não estivesse completamente desesperado.
— O que você fez? Por que não me conta?
Engoli em seco.
— Isso não vem ao caso agora. Já não tem volta.
— E se eu conversar com o papai? Posso tentar convencê-lo.
Cesar negou abruptamente, prensando os olhos e pressionando o meu rosto, senti a pele queimar debaixo dos seus dedos.
— Nem o milagre da sua doçura é capaz de me livrar da dureza do Senhor Escobar, minha andorinha.
— César...— Sussurrei, sentindo a dor das suas palavras.
Toquei suas bochechas e sem saber o que dizer ou o que fazer me joguei em seus braços. Agarrai com toda a força o homem que amava e admirava com muita adoração.
Seu coração estava acelerado, e além disso, o seu corpo se retensou com o meu abraço. Não houve uma demonstração de afeto em suas atitudes, ele ficou parado enquanto o apertei sem a menor cerimônia.
Seus dois metros de altura e seu corpo másculo não significava nada diante daquela situação. Para mim, ele sempre seria o adolescente briguento, cheio de marra, capaz de fazer tudo por mim ate desafiar o papai para me defender. E por isso me sentia tão aflita e na obrigação de ajudá-lo.
— A culpa é minha, Liz. Você sabe como eu sou, adoro contrariar o papai, mas dessa vez fui longe demais. Tão longe que não tenho outra escolha a não ser... — Ele parou e ergui a cabeça para encará-lo — Por favor, eu te imploro. — Falou com desespero.
— Você nunca teve medo dele!
— Dessa vez é diferente!
— Ele vai entender... — Voltei a insistir
— Você o conhece. Se existe uma coisa que ele venera mais que a própria vida é essa revista— Fala em agonia — Liz... Se ele descobrir o que eu fiz...
— O que você fez, Cesar? — Perguntei limpando as lágrimas que começou a escorrer no meu rosto — Pode me contar, sabe disso. Não vou julgar, não vou gritar igual ao papai. Você sabe que pode confiar em mim.
— É eu sei, por isso estou te pedindo .Se não fosse por você eu ja teria desistido disso aqui e do papai ha muito tempo...
— Não fala isso! — Pedi, controlando o choro.
— Ele me odeia, Liz! E essa é a minha última chance de colocar as coisa no lugar e ter nossa liberdade.
— Do que está falando?
— Não importa! Independente do que aconteça daqui para frente quero que lembre que tudo o que eu fiz foi para o seu bem
— César, não estou entendendo!
— preste atenção, Liz! Independente do que eu fale ou faça nunca será o suficiente para agradar o Escobar. Não importa qual dedicado ou responsável eu seja. Qual comprometido ou inteligente. Nada é suficiente para impressiona-lo e estou farto disso. E esse é o meu fim! Quando ele descobrir eu não vou conseguir mais estar perto de você! Estará sozinha!
— Não! Nada pode ser tão grave assim! Ele vai te perdoar, ele sempre perdoa.
— não é bem assim, Liz! Escobar só me suporta, isso é fato.
— Não é verdade, Cesar! Ele te ama.
— Não, meu amor! Ele não me ama! Escobar só ama a si mesmo.
Tudo aquilo estava sendo demais para mim, sentia o peso da destruição do que restou da minha família nas minhas costas. Desde que nossa mãe faleceu eu vinha sustentando a relação entre o meu pai e o meu irmão. Cesar era dez anos mais velho que eu e, apesar da grande diferença de idade, nós sempre fomos unidos, nada nunca foi capaz de nos separar. Mesmo ele indo estudar fora do país a nossa relação continuou a mesma e enfraquecia meu coração vê-lo temendo o nosso pai pela primeira vez. Ele sempre foi o típico menino rebelde que desafiava o nosso pai em qualquer situação, diferente de mim que abaixava a cabeça mesmo quando a situação exigia mantê-la levantada.
Fazer o quê?
Escobar sabia onde majs me doía, usava da minha dor para me calar e me obrigar a fazer as suas vontades.
Suspirei com tristeza, afastando-me dele
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Atualizado até capítulo 36
Comments
Andreia Cristina
nossa esse Escobar é um demônio mesmo até o filho tem pavor dele
2024-03-05
2
Maristela Mota yaman
parece que é boa mas acho que ele deve se vingar de Escobar e não dos filhos pegar tudo de volta e deixar ele na minzera
2024-03-04
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