O sentimento que o seu corpo transmitiu me chamou a atenção porque era o mesmo que eu buscava naquele lugar. RESPIRAR!
De forma quase involuntária,atravessei os abustos que nos separavam e me aproximei mantendo uma certa distância.
A dama não me ouviu chegar, ela estava concentranda demais respirando lentamente enquanto o vento fazia uma bagunça ao seu redor espalhando seus cabelos e seu cheiro por todos os lados.
Dei um passo para frente e fiquei a pouquíssimo metros dela, hipnotizado. Voltei a inalar o seu perfume e tudo o que sentir foi a necessidade de me aproximar um pouco mais. Porém não conseguir mover o pé, só conseguir admirar o belo corpo curvilíneo dentro de um elegante vestido verde. Uma visão excepcionalmente atraente.
As costas nua deixava evidente os pelinhos eriçados por causa do frio e isso me deixou um pouco constrangido porque era impossível desviar os olhos dos contornos do seu corpo sem me sentir atraído.
Dei um passo para trás no intuito de me afastar, mas parei no mesmo lugar quando ela abriu os braços e inalou o ar que chicoteava os seus cabelos fazendo-os voar.
O movimento me pegou de surpresa. O rosto erguido para o céu e as palmas das mãos na altura dos ombros me lembrou um passarinho.
Passei a analisar com cuidado seus movimentos, principalmente quando ela deu um passo à frente e o salto fino fez um barulho na cerâmica.
Minhas mãos automaticamente foram para frente na tentativa de segurá-la, mas logo me surprendi ao vê-la voltar se equilibrar sobre os saltos.
Diferente do lugar onde eu estava, aquele não tinha um parapeito para se apoiar. Era um penhasco de aproximadamente dez metros de altura, mas ela não parecia se importar, pelo contrário, estava disposta a desafiar a gravidade ficando cada vez mais exposta.
Uma corrente de adrenalina passou pelo meu corpo.
" O que ela pretendia fazer?
Sem esperar por uma reposta me aproximei e agarrei a sua cintura por trás apertando seu corpo contra o meu.
Ela tremeu entre os meus braços com o susto do impacto e se contorceu por um instante, se debatendo, inconformada por interromper os seus planos, mas me mantive firme apertando o seu corpo esguio entre os meus braços para mantê-la em segurança.
A respiração que antes parecia calma foi ficando mais agitada e turbulenta, algo que me pareceu completamente surreal. Não conseguir entender o motivo pelo qual uma mulher com uma áurea tão singela decidiu se jogar de um penhasco. Mas estava focado demais em segurá-la para parar para pensar.
— Me solte! Eu imploro, por favor! — chiou baixinho.
— Não posso!
— Por que não?
— Porque se deixá-la saltar pularei atrás de ti!
Ela inalou o ar e novamente tentou se soltar.
— Quem é você?
— Não importa! Se pretende fazer isso teremos que fazer os dois juntos.
Falei arrogante.
Ela estremeceu.
Por alguns minutos me concentrei apenas em abraça-lá, ouvindo um chiado baixinho, um choro contido que querendo ou não me arrancou um pouco de piedade.
Aos poucos fui presenciado seu choro ficar mais forte. Ela chorou nos meus braços como se fosse uma criança. O impacto das suas lágrimas chegou a ultrapassar o tecido do smoking e atingir a minha pele por baixo da camisa preta que usava.Contudo, não se ouvia um só ruído do seu choro. Parecia querer controlá-lo mesmo tudo dentro dela parecer gritar
— Eii... vai ficar tudo bem! — Aquilo saiu da minha boca sem que eu estivesse planejado.
— como você sabe?
— Porque tudo passa. Nada pode ser tão ruim a ponto de não existir uma solução.
— Você tá errado! Não existe solução para minha vida.
— Vai por mim, sei bem do que estou falando! A vida as vezes pode parecer uma merda, mas nada pode ser tão ruim a ponto de não existir uma saída.
Ela respirou fundo e encostou a cabeça no meu peito, parecendo mais calma.
— Você definiu bem a minha vida.
— Uma merda?— brinquei e ouvi uma risada baixa.
— Quase isso.— Sussurrou — É meio idiota o que vou dizer, talvez infantil, mas as vezes é como se eu estivesse vivendo uma vida que não me pertence, como se eu fosse uma coadjuvante da minha própria história. Eu não sei em qual momento deixei que me tornasse isso, mas olho para mim, para o meu reflexo no espelho e tudo o que vejo é uma casca.—Estava tentando entender suas palavras quando ela voltou a falar — Me desculpe, posso parecer louca, mas não é assim, nao desse jeito. Deixa quieto,você não iria me entender.
— Por que não tenta ?
— Porque ninguém quer me ouvir, ninguém nunca houve o que eu tenho a dizer!
— Eu estou te ouvindo!
— Porque um estranho me ouviria se nem as pessoas que convivo estão disposto a fazer isso?
— Eles são todos idiotas! — Ela sorriu novamente. Uma risada calma e angelical que me atingiu como uma serenata — Você pode reverter isso.
— isso o que?
— Sua vida!
— Era o que estava tentando fazer!
Meu corpo vacilou ao olhar para baixo
— Não desse jeito! — Apertei seu corpo, trazendo-a para mim.
— E como então?
— assumindo o controle da sua vida.
Se fez um silêncio. O vento nos atingiu e seu corpo se retesou em meus braços
— Pelo visto você não me conhece!
— Não preciso conhecê-la para saber que não é a pessoa que aparenta ser. Você tem um espírito livre que grita por liberdade, por voar incansavelmente, mas não desse jeito, não matando o que tem de mais precisoso.
Virei seu corpo de frente para mim e como se fosse um passarinho em busca de um ninho ela se aconchegou nos meus braços apoiando a cabeça em meu peito como se fosse o lugar mais seguro do universo. Me assustei com a sensação que me tomou quando a apertei de volta com toda a força contra o meu corpo.
Fechei os olhos e inalei o cheiro inebriante dos fios dos seus cabelos que chicoteava o meu rosto com toda a força me sentindo um miserável por estar confortável com aquela situação. Se Dimitri me visse agora estaria rindo feito um idiota. Ninguém nunca foi capaz de se aproximar ao ponto de querer se abrigar em meus braços, mas aquela moça não só se apegou a mim, como eu estava completamente envolvido em acalma-lá e tira-la de perto daquele penhasco.
Voltei a olhar para baixo e quase congelei a espinha. A mansão da familia Alencar ficava no alto de uma ribanceira e, bem naquele ponto, cortava uma pequena parte de uma cachoeira. A escuridão da noite não impedia de ver as pedras e árvores altas ao redor da pequena correntesa. O vento forte formava um ruído tenebroso batendo contra as árvores lá em baixo.
Quem em sã consciência cultivava aquele espaço?
Toquei em seus cabelos com a mão trêmula enquanto a minha outra mão na sua cintura mantinha o seu corpo bem perto do meu. Tão perto que sua respiração resvala no interior do meu smoking e me fazia estremecer. Me desprendi rapidamente daquele pequeno detalhe e caminhei com ela para um lado menos perigoso. Um canto um pouco mais escuro, porém mais seguro que o lado que ventava sem parar.
— Me desculpe— Ela sussurrou ainda enterrada no meu peito.
— Não tem porquê! — A confortei.
A vibração do corpo dela voltou ao normal e observei com espectativa ela limpar os cantinhos dos olhos com o dorso da mão sem se afastar. Uma de suas mãos continuava apertando as minhas costas com tanta força que suas unhas fincava na minha pele. Eu também me recusava a soltá-la.
—Obrigada por ... você sabe... eu não estava pensando direito...
A voz era de uma doçura que se perdeu com o barulho do vento e me lembrei de já ter ouvido antes em algum lugar, mas meu cérebro se recusava a associar aquela voz angelical a um semblante conhecido.
— Está melhor agora? – perguntei, tocando o seu rosto com a ponta dos dedos.
Queria fazê-la olhar para mim. Queria dar um rosto aquele corpo dentro dos meus braços.
Ela estremeceu e baixou o rosto.
— Está tudo bem agora!
— Está com frio? Vamos dar um jeito nisso.
— Não precisa! — Afirmou
Continuei tirando o terno do smoking para cobri-lá.
— Está melhor? — Perguntei, voltando a abraça-lá por cima do tecido, sentindo falta do calor de sua pele.
— Obrigada... de novo!
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Atualizado até capítulo 36
Comments
Elen ❤️
será que ele desistiu antes de começar? acho que não, infelizmente.
2024-03-28
0
Elen ❤️
ela foi com o verde. agora o pai enlouquece
2024-03-28
0
Andreia Cristina
hum será que ele vai continuar cm esse pensamento quando descobrir quem é ela de fato ele vai se apaixonar ou vai odia la
2024-03-05
1