Foi separada de Khan logo que saiu do lago, trocou olhares com ele, mas não o manteve por muito tempo. Sentia que os olhos castanhos a seguiam, mas estando cercado por seus parentes, ele não podia simplesmente deixá-los. O parabenizavam pela revelação da cerimônia, algo que nem ela mesma conseguia entender o significado.
Uma Deusa Espiritual, o que isso dizia sobre ela afinal? O oráculo de seu povo tinha dito que sua Descendência vinha de Iansã, e era assim que a viam em seu reino. Embora tivesse a habilidade inata divinatória que herdara de sua mãe, também possuía a habilidade inata ligada a guerra provinda de seu pai.
No entanto, nunca fora treinada para a batalha.
Criada como uma espécie de santa, era usada apenas quando desejavam que sua presença influenciasse os sentimentos dos outros. Até tudo sair do controle e se tornar uma praga para seu próprio povo, atraindo apenas destruição.
Era somente uma criança quando as desgraças cobriram o reino, e o Rei, após condená-la ao isolamento, pôs um fim a tudo na base da força. Seu pai se orgulhava desse feito, mas esquecia que fora ele próprio que a usara desde o início. Ouvindo Fayola, usufruiu o poder contido em seu sangue para atrair olhares para as riquezas de Ifé Ilé. Isso faria o reino crescer, de acordo com ela.
A rainha estava certa. Sua presença atraiu muitos compradores, mas não para os produtos. Todos eles queriam somente a ela. Muitos morreram naquele dia, tantos, que ainda conseguia sentir o cheiro do sangue pelos corredores do castelo. Seu pai encontrou uma forma de esconder o ocorrido, e proibiu a todos de mencioná-lo.
No fundo de seu coração, Yê sabia que a culpa era sua. Se não tivesse nascido daquele jeito, nem mesmo seu pai ou Fayola teriam cogitado usá-la. Onde quer que fosse, atraia desgraça, e por isso tinha sido vendida. Para desgraçar outros, e não seu povo. Precisava ficar longe de Khan, se não quisesse machucá-lo da mesma maneira. Independente do fato de tê-la comprado por estarem ligados, não merecia ser afetado por ela e seus malefícios.
Levada até um dos quartos de hospedes depois da cerimônia, a Anciã e as sacerdotisas tiraram suas roupas molhadas, lhe ajudaram com o banho e a vestiram em uma lingerie que fez Aiyê sentir seu rosto queimar. O tecido da vestimenta era vermelho, feito inteiramente em renda. A roupa, se é que podia chama-la assim, era pequena e revelava toda a sua pele.
— “Tenho mesmo que vestir... Isso?” – Questionou ela a senhora, que no momento tirava os acessórios de seus cabelos e o arrumava no processo. Outra sacerdotisa fazia uma espécie de ritual, sem dar atenção a ela.
— “Sim, minha senhora. Embora a vestimenta da cerimônia seja tradicional, estamos em tempos modernos.” – Ao fim das palavras da mulher, as demais riram. Aflita, olhou para Iniko pelo espelho. Ela assistia as mulheres sem dizer nada. Encostada na parede perto da porta, sequer a olhava. Parecia perdida em sua própria mente.
Tinha lhe servido um chá momentos antes, mas depois disso, havia se fechado. Não sabia o que lhe acontecia, provavelmente se sentia da mesma forma. Estranha ao estar naquele lugar enorme, localizado em uma ilha particular, cheio de pessoas desconhecidas e sérias.
Após vestir as peças, que se somavam em uma espécie de top sutiã, uma saia e uma peça intima inferior, a Anciã Nuwa cobriu Aiyê com um robe que só se mantinha fechado porque ela o segurava. O tecido era tão fino e transparente quanto o das pequenas roupas que vestia por baixo dele. Seu coração disparava.
— “É linda, e jovem mestre Khan está louco por você. Ele pode parecer frio algumas vezes, mas não é indiferente. Se conseguir entendê-lo em seus gestos, não precisará de palavras para decifrá-lo.”
Acenando em afirmação, Yê respondeu a mulher de forma automática. Suas mãos tremiam, sua mente divagava sobre o que lhe aconteceria a partir dali. Não conseguiu prestar atenção no que lhe dissera.
Sua chegada foi anunciada e sem demora as postas do quarto foram abertas. Avistou Khan sentado na beirada da cama, vestia apenas uma calça branca. Exibia na beleza pálida símbolos estranhos, que ela nunca tinha visto antes. Cobriam seu braço esquerdo e um pouco de seu peito. Deveriam ter sido feitos com ferro quente, pois eram visivelmente queimaduras.
De olhos fechados, tinha as sobrancelhas franzidas. Parecia desconfortável com algo. Seria ainda o efeito de seu sangue?
Se aproximando em passos lentos, decidiu ficar distante. Não sabia como ele reagiria se chegasse muito perto. Seu sangue mexia com as piores emoções, qualquer coisa poderia ser um motivador. Desde um gesto a um olhar. Se ele a interpretasse errado, seria seu fim, e nem poderia o culpar se ele decidisse castiga-la.
Esperou que ele percebesse sua presença, mas Khan parecia absorto. Precisava ficar longe, mas estando perto, sem saber o motivo, teve vontade de tocá-lo. Ergueu a mão direita, a levou até o rosto dele, mas Khan a segurou antes que conseguisse. Não apertava, apenas segurava sua mão.
Abrindo os olhos, os deslizou sobre seu corpo e depois a fitou.
— Yê... Quem te vestiu desse jeito? – Leu apreensiva a pergunta que os lábios dele lhe fizeram. Os olhos comumente cansados estavam mais caídos que o normal. Aquele dia tinha sido longo, mas de alguma forma, Khan ainda se mantinha incrivelmente bem mentalmente.
Surpresa, o encarou. Pensou que seu sangue fosse deixa-lo agressivo, impulsivo, como fazia com os outros afetados. Porém, ele estava estranhamente calmo. Contido.
— “Anciã Nuwa.” – Respondeu apenas com a mão esquerda. Ele riu abaixando um pouco a cabeça, expondo pela primeira vez covinhas que tinha dos dois lados de suas bochechas.
Disse algo que ela não conseguiu entender, tinha usado a língua mãe dele. Levando a mão dela até seu rosto, Khan voltou a erguê-lo e a encarou. Estava sério novamente. Puxando Aiyê para si, juntou seus corpos.
Ele estava queimando em febre.
— Estão... Todos querendo me matar nessa casa. – Novamente, leu os lábios dele. Estavam muito próximos, o hálito quente tocava seu rosto trazendo um suave cheiro de canela.
— O que devo fazer? Quero você, mas... Posso tê-la? – Fitando os olhos castanhos avermelhados, que naquele momento tomavam uma coloração mais clara, indo para a violeta, Aiyê piscou. Estava confusa. As perguntas dele eram sinceras, e as emoções que sentia emanar delas eram: desejo e temor. Khan estava com medo de algo, mas não era dela.
As palavras que havia lhe dito no dia em que a pediu em casamento voltaram em sua mente. Ele não a queria, não daquela forma. O que estava acontecendo? Era novamente seu sangue criando sentimentos que não existiam? Nunca tinha visto aquele efeito sobre um afetado. Khan a olhava com desejo, mas também com adoração. Não queria toma-la a força. Lhe pedia permissão?
Tirando sua mão do rosto dele, o encarou. Não sabia o que responder. Demorou alguns segundos para começar a escrever, e quando terminou, se perguntou o porquê tinha dito aquilo.
— “Já sou sua.”
Khan lhe encarou surpreso. Ficou olhando fixamente para seus olhos por alguns segundos, e por fim, lhe deu um riso de canto.
— “Sim. Mas, é isso que quer?”
Mais uma vez não sabia o que responder.
Desde quando tinha escolha?
Algo tomava conta de seu corpo sem que pudesse controlar. Seu coração disparava, mas não de um jeito ruim. O frio em sua barriga lhe dava uma sensação estranhamente prazerosa, algo que nunca tinha experimentado. Ansiava em antecipação por algo que desconhecia, mas que a deixava, de certa forma, desejosa.
Porque se sentia daquela forma? Não sabia, só queria se permitir sentir. Era sua primeira vez escolhendo por si mesma, e queria mais daquilo que ele lhe mostrava. Estava sendo gananciosa?
Erguendo as mãos, o respondeu.
— “Sim.”
Diante sua resposta, ele deu um riso de alivio.
— “Que bom... Porque também já sou seu.” – Confessou, deixando-a em choque.
O que era tudo aquilo? E porque seu interior se deleitava com aquela sensação?
Não teve tempo para encontrar respostas, Khan uniu seus lábios aos dela, beijando-a lentamente, da mesma forma que havia feito no lago. Mas, diferente de antes, Aiyê não se sentia enojada. Não estava sendo forçada, sentia o desejo genuíno dele em cada toque, testando até onde sua aceitação ia.
Sentia o sabor da canela na saliva dele, enquanto a mão esquerda subia, quente, deslizando a ponta dos dedos sobre a pele de sua coxa direita. De forma atrevida, ele invadiu a saia, levantando-a ao mesmo tempo em que sua mão atravessava a alça de sua peça intima.
Arfando, Yê esticou o corpo, o pressionando ainda mais sobre o dele. Rindo, Khan tirou o robe que ainda a cobria e a puxou para seu colo.
Sentada sobre ele, o viu conferir a roupa que vestia. Sentia seu rosto esquentar, queria se cobrir, mas se conteve. Por algum motivo, gostou da sensação de tê-lo passando os olhos sobre ela daquela forma.
— Linda. Adoro a cor da sua pele... – Disse, voltando a beijá-la. Contudo, não se demorou na ação. Desceu distribuindo beijos em seu queixo, pescoço, colo, e continuou descendo.
As mãos deslizavam lentamente por suas coxas, subindo em direção a sua cintura. Apertando-a, Khan a puxou ainda mais para ele. O movimento brusco fez sua intimidade ser pressionada contra a dele. Sentiu o membro duro entre suas pernas, e foi impossível segurar o gemido.
Sedento, ele sugava seu seio direito, ainda coberto pela peça, molhando o tecido fino com sua saliva. Passando a língua sobre o mamilo eriçado, os olhos não saiam dos seus, atento a cada reação que tinha. Com a respiração oscilando, Aiyê segurava o rosto dele com ambas as mãos, inebriada com as sensações novas que inundavam seu corpo, e a visão de Khan apreciando cada parte dele.
A surpreendendo, ele levantou e a deitou na cama. Com os pés na beira, ela fechou as pernas. Inclinando a cabeça um pouco para a esquerda, Khan riu.
— “Quero saber se gostou do que eu fiz.” – Mencionou, colocando as mãos sobre seus joelhos. Entendendo o que ele queria fazer, agarrou os lençóis da cama, mantendo as pernas fechadas.
A encarando, Khan andou até o interruptor do quarto e apagou a luz principal, deixando apenas os abajures acesos nos criados mudos. O quarto foi engolido pela penumbra.
O que ele estava fazendo?
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Atualizado até capítulo 86
Comments
Delha Ribeiro
Eita assim fica melhor ainda 👩❤️💋👨😍😍😍😍
2024-04-04
2
Delha Ribeiro
Pode meu filho, pode sim kkkkkk😁😁😁
2024-04-04
2
Lia Ribeiro
Idílico!
2024-03-18
2