Abriu os olhos lentamente, a claridade do ambiente fazia seus olhos arderem. Aos poucos foi tomando consciência de onde estava, os tons neutros branco e preto de seu quarto, unido aos móveis amadeirados luxuosos em estilo oriental de mesmo tom, eram inconfundíveis.
A janela de vidro, que pegava a parede inteira do lado direito de seu quarto, estava coberta por uma cortina branca. E embora seu quarto estivesse confortável, devido a lareira, sabia que lá fora a temperatura era outra.
Levantando, Khan sentou em sua cama com dificuldade. Uma fisgada incomoda consumiu seu braço esquerdo, o fazendo sentir um choque que se espalhou por todo o membro superior.
Respirando fundo, ele levou os olhos até seu braço. Havia uma agulha na curva do mesmo, e seguindo com os olhos o tubo acoplado ao aço pontiagudo, observou por um momento a bolsa de sangue que alimentava sua veia.
Sua mente estava lenta, mas, assistir o sangue pingando da bolsa o fez recordar do motivo de estar daquela forma. Tinha perdido os sentidos antes mesmo de chegar ao jardim, e não saber se seu trabalho havia sido concluído com sucesso o deixou incomodado.
Puxando a agulha, um filete de sangue saiu de seu braço, sujando os lençóis brancos que antes o cobriam. Sem se importar, Khan levantou. Porém, no momento em que fez isso, tudo a sua volta girou, e ele precisou se apoiar no suporte de soro em que a bolsa de sangue estava.
Seu estômago revirava.
— KHAN! – A voz de Huan preencheu o quarto, e seu irmão veio a seu encontro. Não sabia em que momento ele tinha chego, não o tinha ouvido.
– Chame o médico! – Exigiu da empregada que o acompanhava. Khan a viu correr pelo corredor, ao mesmo tempo em que ouvia a pergunta do irmão.
— O que está fazendo quando deveria estar deitado?
— A missão... – O questionou, ignorando a questão que lhe fizera.
— Nós conseguimos, como sempre. Agora deite-se. – Orientou.
Respirando fundo, Khan voltou para a cama e se sentou, encostando-se no encosto dela.
— A garota... – Não conseguia terminar uma frase, sua garganta ardia. O estranho cansaço, misturado ao mal estar, o impedia.
— Está onde deveria estar, com seu povo.
Erguendo a cabeça e a encostando no encosto da cama, Khan fechou os olhos. Conseguia sentir o perfume da pele dela nitidamente, mesmo estando a quilômetros. Sua mente o tinha gravado de uma forma que seria impossível esquecer.
Era doce, suave, e lembrava pêssego.
Tinha total consciência do que havia sentido naquela noite, a Princesa havia sido a responsável pelas sensações físicas que lhe invadiram, assim como pela sua vulnerabilidade. Estar em contato com ela o tinha afetado de forma indescritível, e só tinha uma explicação plausível para isso. Eles estavam ligados.
Quando, como, e o porquê, era um total mistério. No entanto, sendo constantemente perseguida por demônios, e carregando uma alma Celestial, o destino da Princesa lhe revelava que talvez Beleth fosse a causa de tudo aquilo. Ele precisava descobrir o motivo, pois odiava ser pego de surpresa.
Já tinha sido pego uma vez, não haveria uma segunda!
— Dormiu por três dias, o que diabos aconteceu com você?
Khan respirou fundo.
— Por algum motivo, não consegui me regenerar.
— O médico mencionou isso, mas ainda assim, não faz sentido. De todos nesse lugar, você é o único que nunca teve esse problema!
— Agradeço por me lembrar da cena medíocre que protagonizei. – Mencionou, deixando o tom irritado sobressair.
— Não falei nesse sentido.
— Muitos devem ter regozijado.
— Não descarto, mas, me refiro ao choque que todos sentimos quando o vimos daquela forma. O pai ficou tão preocupado que, sequer se despediu direito dos príncipes.
— Quanto exagero.
— Khan... Você estava morto. Tiveram que reanimá-lo quatro vezes, e quando conseguiram fazer seu coração voltar, seu pulso estava tão baixo que tiveram que intubá-lo de imediato.
Voltando a abrir os olhos, ele pendeu a cabeça na direção do irmão e o encarou.
— O que?!
Sentando na poltrona próxima a cama, Huan apoiou os cotovelos nos joelhos e passou a mão direita no rosto, voltando a olhá-lo.
— O clã inteiro virou um caos por uma noite. Os Anciãos acusaram o pai de lhe enviar em uma missão suicida, de pôr o clã em risco...
Velhos filhos da puta! Deveriam estar festejando, ao mesmo tempo em que oravam todos os dias para ele morrer. Quando se tornasse líder, se livraria de cada um deles.
— No fim, o pai esfregou na cara deles que a missão tinha sido um sucesso, independente do seu estado. Eles não tinham como contestar.
— Não bastasse isso... Mei-Hui decidiu “acampar” na sua sala. Tive que praticamente escorraçá-la daqui. Estava irritando os empregados, mandando neles como se fosse sua esposa. Precisa pôr um fim nisso, antes que ela ultrapasse os limites.
Khan soltou ar pelo nariz, dando um riso de canto.
— Ela é insuportável, mas é útil. Por enquanto, preciso dela. – Finalizou, limpando a garganta.
— Você é quem sabe. Mudando de assunto... O Rei Zaire entrou em contato com o clã, queria lhe agradecer pessoalmente, mas, devido seu estado, decidiu esperar. Nosso pai marcou uma visita ao reino após sua recuperação.
— Hum. – Khan resmungou, voltando a lembrar da garota que por pouco não havia lhe matado. Se irritava só de recordar da sensação de vulnerabilidade. Precisava ir até o reino dela o quanto antes, encontrar uma forma de tomar o controle da situação, iria até o inferno se precisasse para desfazer aquilo!
Uma batida na porta interrompeu seus pensamentos.
— Entre. – Huan autorizou.
— Jovem mestre, como se sente? – O médico da família o questionou, se aproximando da cama.
— Péssimo! – Khan foi direto, deixando um pouco de sua irritação ser exposta. – Sinto ânsia, tontura e fraqueza.
— Bem... Seus sintomas condizem com os esperados, dado que perdeu muito sangue. – Comentou, passando os olhos pelo seu braço, notando que havia tirado o acesso que alimentava sua veia. — O jovem mestre tinha ferimentos profundos nas costas, além, é claro, de ainda conter pedaços de ferro em sua carne em alguns deles. No entanto, o que de fato me preocupou foi a ausência de regeneração. – Khan o encarou.
— Também estou preocupado com isso. – Confessou.
Ying o observou por alguns segundos e voltou os olhos a sua ficha, escrevendo nela.
— Em que momento percebeu que não estava se regenerando?
— Quando fui atingido por um raio.
Surpreso, o médico o encarou.
— Isso explica as queimaduras... – Mencionou, voltando a anotar. – Ao que parece foi algo passageiro, mas seria bom prestar mais atenção ao que causou esse efeito em seu organismo. Afinal, não deve ser um raio comum.
Na verdade, era. Naquele momento Khan tinha total consciência de que ele só o havia afetado por causa da garota.
— E quanto minha energia?
— Se o jovem mestre não se recusar a receber o sangue que deveria estar indo para sua veia nesse exato momento, logo estará totalmente recuperado. – Ying o advertiu, olhando-o por cima dos óculos.
Ele estava sendo educado, mas aquilo não era uma orientação, sequer um pedido.
— Farei isso. – Khan o assegurou.
— Ótimo. Irei preparar um coquetel de vitaminas, para que sua recuperação seja mais rápida. Não pule nenhuma refeição, e saia para caminhar por pelo menos uma hora todos os dias.
Ouvia tudo atentamente, faria tudo o que Ying lhe pedisse, pois queria estar totalmente recuperado. Afinal, tinha um encontro para comparecer, e não o prolongaria mais.
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Atualizado até capítulo 117
Comments
Brennda Germany's
Todos, um a um, certamente um dia serão rendidos pelo amor, não importa a raça, tribo, classe ou nação. nem gênero nem idade, a paixão vem para todos....
é que nem a música 🎷
ninguém vai sofrer sozinho
todo mundo vai sofrer....
2024-10-24
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roseli rosa martins floriano
nossa a coisa estava feia, parece quando alguém sofre um acidente e depois contamos como ele estava a pessoa não consegue se ver naquela situação
2024-12-05
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TomNunes022004
Ata, achei que ele tinha se teletransportado pro quarto dele,kkkkk. é uma coisa que eu faria se tivesse esse poder ,iria logo pro meu quarto primeiro.
2024-12-01
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