Newark – Nova Jérsei, 6 de Maio de 2018
Assim que pisaram no terminal de contêiners, o clima se mostrou uma adversidade a mais. A chuva caia de forma copiosa, dificultando a visão, enquanto os trovões cortavam o céu, camuflando o som da disputa dos inimigos a poucos metros deles.
Logo que todos saíram dos círculos que continham os selos, ele desapareceu no ar, sendo levado pelo forte vento. Era como se o próprio sangue do portador da habilidade fosse nada mais que fumaça.
— Espalhem-se e aguardem meu sinal! – Khan ordenou, se dirigindo para o centro do caos. Huan guiou os demais membros para os pontos estratégicos, e Cheng se juntou ao irmão mais velho.
Seu trabalho era protegê-lo.
Estalando o pescoço duas vezes, os olhos azuis varreram a área, enquanto sua mente tirava uma foto de cada canto por onde passavam.
— Está com frio? – O mais velho o questionou como provocação. Por mais sarcástico que seu irmão mais novo fosse, ele também tinha suas inseguranças.
— Ha! Ha! – Cheng deu um riso forçado, conseguindo tirar um riso de canto de Khan.
— Não hesite quando eu precisar de você. – Avisou.
— Eu nunca hesito! – O mais novo afirmou, tomando uma postura mais confiante.
Para obter uma visão privilegiada da situação, Khan pulou para cima de um contêiner. O seguindo, Cheng manteve certa distância.
A confusão generalizada se estendia para além do contêiner em que o ser se encontrava. Os três grupos travavam uma batalha sangrenta pela posse do produto, no entanto, nenhuma das partes pretendia ceder.
Os feiticeiros eram o principal pilar de proteção do contêiner, Matteo estava levando a vantagem.
Enquanto uns protegiam o contêiner, os demais enfrentavam os demônios que surgiam de uma cratera formada no terminal.
O Sacerdote que guiava a missão da Mortis Santa naquela noite, tentava romper o escudo que eles haviam erguido envolta do contêiner e de si mesmos. No entanto, estava fracassando. Era óbvio o motivo.
A magia usada pelos feiticeiros do líder Shtrigan não vinha deles, por isso era tão forte. Canalizar energia de um ser de outra dimensão não era algo incomum, mas era arriscado. O preço cobrado era a própria energia daqueles que conjuravam, e cedo ou tarde eles seriam consumidos pela energia que os ajudava.
A menos que tivessem um inibidor de energia, a Mortis Santa jamais conseguiria quebrar o escudo que, por hora, protegia o ser e os feiticeiros. Vendo a fumaça vermelha se acumular envolta do contêiner, totalmente fora de controle, Khan não tinha outra escolha se não intervir.
Por mais que desejasse vê-los ser corroídos pela mesma fumaça os protegia, não era burro. Aquela energia não podia ser controlada, e esse tinha sido o erro deles. Haviam arriscado tudo para conquistar o grande prêmio...
Era realmente uma pena, mas nunca chegariam perto dele.
— Eles estão confiantes. – Cheng comentou, se deixando levar pelo que via.
— Por hora... – Afirmou Khan, fazendo um corte profundo na ponta de seu dedo indicador da mão direita.
Com seu próprio sangue, ele escreveu em seu ante braço e pronunciou em árabe o que escrevia na mesma língua.
— Eizrayiyl. (Azrael)
Surgindo de dentro de um acumulo de fumaça enegrecida que se formou no chão, o grande felino igualmente escuro, jogou uma lufada de ar pelo nariz assim que avistou Khan. O ferimento de seu dedo se curou de imediato, e o sangue com o qual havia escrito o nome do familiar se desfez, sendo absorvido por sua pele.
Passando a mão esquerda sobre a cabeça do leopardo, ele olhou fundo em seus olhos cor de sangue e deu um comando:
— Desfaça aquela barreira.
Assim como havia surgido, a pantera negra desapareceu em um piscar de olhos. Voltando a olhar para o contêiner, Khan esperou.
Surgindo dentro da barreira, Azrael roubou a atenção dos olhares confusos dos feiticeiros. Fitando-os fixamente, os pelos de sua costa se arrepiaram, e tomando uma postura de ataque, o animal avançou.
Erguendo pequenas adagas, os feiticeiros se prepararam. Azrael se lançou para cima de um deles, arrancando com brutalidade o braço que o feiticeiro erguia a adaga. Aterrorizados, os demais feiticeiros abandonaram os círculos de invocação e tentaram recuar, mas com uma velocidade indescritível, o leopardo derrubou um por um, destroçando-os no processo.
Entendendo a aparição de Azrael como o sinal que esperavam de Khan, o grupo que Huan comandava avançou nos soldados da Mortis Santa, se manifestando no campo da batalha ao mesmo tempo em que a barreira estava sendo desfeita por meio da morte daqueles que a tinham erguido.
Sobrando apenas o Sacerdote, Khan suspirou.
— Tente acompanhar. - Avisou o mais novo, desaparecendo do contêiner e aparecendo em cima daquele que o ser se encontrava.
Inclinando a cabeça um pouco para esquerda, Khan encarou o Sacerdote. Ainda que ele estivesse acima dele, planando no ar, quem via a cena percebia que o Descendente do Deus da Guerra tinha a vantagem.
A força esmagadora de sua presença fazia os adversários paralisarem, e era exatamente o que acontecia com o Sacerdote naquele momento. Tremendo, ele se esforçava para manter sua espada erguida. Exibia uma postura de defesa, sem que Khan tivesse demonstrado hostilidade a ele. Eram todos iguais... Tediosos. Sem o mínimo de confiança.
Sem aviso, ele avançou em direção ao Sacerdote, tirando a bainha da espada durante o trajeto, pegando-o de surpresa mesmo que tivesse diante dos olhos dele segundos antes.
A velocidade de seus golpes deixava um rastro por onde a lâmina passava, parando a água da chuva por um breve segundo. Estava admirado, o Sacerdote conseguia tanto defender seus ataques quanto contra atacar, tinha uma resistência e tanto, mas isso era porque Khan estava se contendo. Vendo até onde um soldado da Mortis Santa poderia ir. Contudo, estava cansado de pegar leve.
Deixando o soldado atordoado com ataques consecutivos, em um movimento rápido, cortou a mão que ele segurava a espada. Perdendo a concentração, o Sacerdote despencou, caindo em cima do contêiner.
Antes que pudesse reagir a dor do corte, Khan pousou no contêiner e levou sua mão direita até o pescoço dele, o erguendo do chão.
O Sacerdote tentou se desvencilhar, mas girando a espada, com um único corte na diagonal, Khan o fez parar de se mexer. Metade da cabeça do soldado foi arremessada para longe, enquanto a outra permaneceu grudada em seu corpo, já sem vida.
Jogando o corpo dele para longe, Khan voltou ao seu principal objetivo.
Abaixando, cortou a ponta do indicador direito mais uma vez, e tirando um talismã do bolso, o segurou sobre o ferro do contêiner. Estava prestes a fazer o feitiço quando ouviu o estampido da arma de Cheng. Erguendo seu rosto, avistou um grupo de sete feiticeiros a uma distância curta de onde estava.
Distribuídos pelos contêiners, eles formavam um meio círculo, e pareciam estar evocando algo.
Mais um tirou foi dado, fazendo mais um deles cair. Contudo, nem mesmo a morte dos seus fez com que os demais feiticeiros cessassem o ritual. Como se estivessem em transe, eles pronunciavam algo em uma língua que Khan desconhecia, enquanto apontavam os braços para o céu.
Seguindo com os olhos a direção em que os braços dos inimigos apontavam, Khan franziu a testa, vendo um trovão vermelho iluminar o céu acima de onde estava. Antes que pudesse reagir, um raio o acertou em cheio.
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Atualizado até capítulo 117
Comments
roseli rosa martins floriano
isso me lembrou o rapto do menino dourado, todos se matando e ele tranquilo no meio do caos, porque sabia exatamente o que iria acontecer
2024-12-04
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roseli rosa martins floriano
Ele está lutando só com o mindinho e o sacerdote está se achando o poderoso conseguindo se defender dos golpes
2024-12-04
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roseli rosa martins floriano
esta história está acumulando muitos poderes só espero que a história não se perca no meio de tanta informação
2024-12-04
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