Gateway Arch é um arco memorial gigante do Missouri, não há nada melhor do que um passeio em um domingo após uma semana cansativa de trabalho. Visitei o museu ao entrar no arco, depois tive que ir em um trem até o outro lado, até mesmo um "guia" com rabo de cavalo deu informações sobre a criação do Gateway Arch para o grupo de visitantes em que eu estou.
Agora estamos prestes a subir até o topo do arco por meio de cápsulas que comportam cinco pessoas. Desço a escada e escolho a única que tem apenas uma pessoa. Ficamos parados diante das portas duplas aguardando o retorno da cápsula, funcionando exatamente como um elevador. Às vezes dou algumas olhadelas para meu acompanhante, sentindo que o conheço de algum lugar. É um homem elegante coberto pelo preto desde sua camisa regata, deixando seus braços grandes expostos, até sua calça delicada. Seus sapatos fogem da combinação, optando pela cor branca. Em seu pulso há um relógio de alguns milhões de dólares.
De fato, um homem elegante. Me sinto extremamente simples com a minha blusa de malha e uma saia com abertura do lado esquerdo.
Espera um segundo... Homem elegante?
Estico o pescoço para ver seu rosto. Seus olhos estão por baixo dos óculos escuros. Ele se vira para mim, confirmando minha suspeita.
— Se seu objetivo era ofuscar o Gateway Arch, você conseguiu.
De acordo com suas palavras, ele já havia notado minha presença bem antes. É o mesmo jogo de quando nos encontramos no restaurante.
Deixo seu elogio no ar enquanto as portas duplas se abrem. Entramos na cápsula, sentados um de frente para o outro, e começamos a subir. Não sou do tipo claustrofóbica, mas estar aqui com ele causa um efeito semelhante.
— Parabéns para mim, então — minto para esconder a surpresa. — Tinha apenas 40% de chance de dar certo.
— Foi de propósito? — pergunta, tirando os óculos escuros para me fitar com seus olhos sem nenhum vestígio de brilho.
— Por que seria? — jogo os cabelos por cima do ombro, conseguindo por completo sua atenção. — Você se acha alguém tão especial para não ser esquecido?
— Podemos colocar assim. — Confirma ele com um sorriso.
O sorriso do desgraçado é tão convidativo que preciso focar em outra coisa em seu rosto. Um defeito. Provavelmente a barba por fazer, mas ele fica bonito assim também.
Saímos da cápsula já no topo do arco. Nossos passos sincronizam pelo caminho curvado. Há outras pessoas aqui apoiadas à parede para observar a paisagem. Paro ao lado de uma das aberturas retangulares e contemplo o Missouri daqui de cima, o Old Courthouse, um ringue de patinação, a cúpula, e o próprio Mississipi. Mesmo fisgada por essa vista incrível, a voz dele consegue me desconcentrar.
— Eros — diz ele casualmente ao meu lado.
Tombo a cabeça para o lado sem saber se acabou de revelar seu nome ou se apenas inventou agora.
— O deus do erotismo?
— Fica mais elegante quando você ignora esse parte, o deus do amor soa bem melhor.
— Discordo.
Dou mais uma olhadinha para ele dentro da regata chegando a conclusão que definitivamente ele se perdeu dos outros seres místicos, pois se parece muito com um maldito deus grego.
— Pode me chamar de Mary.
Volto a observar os prédios se elevando como um exército sendo distribuídos por seus tamanhos opostos abaixo do céu emoldurado por algodão.
— Não sou digno o bastante para saber seu nome completo? — Eros encosta a lateral do corpo me olhando de cima a baixo como se tivesse o poder de me despir sem usar as mãos.
Se fosse para chutar, diria que ele deve ser um empresário, já conheci outros, seus gestos e posturas podem diferir uns dos outros, mesmo que sejam semelhantes. Talvez um empresário mediano pela escolha do restaurante e por estar passeando no Gateway Arch em pleno domingo.
Um sorriso é tudo o que deixo para ele antes de dar as costas e ir embora.
Mesmo estando um passo à sua frente, ainda me sinto encurralada por seus olhos tentando ver através de mim.
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Atualizado até capítulo 110
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