Observo os assentos formando um círculo incompleto na confortável sala destinada aos educadores com paredes brancas enfeitadas com quadros, acredito que sejam medalhas. Títulos orgulhosos como "Melhor Professor do Ano", "Professora Mais Amada". Normalmente estaria revirando os olhos para coisas tão bregas, não busco títulos, busco reconhecimento pelo meu trabalho.
A porta se abre e rapidamente é trancada, o senhor Foster faz questão de trancá-la. Ele abre os braços, seu sorriso consegue se abrir ainda mais, perdendo o jeito de um homem sofisticado, a maioria deles age da mesma forma.
— Está feliz, querida? — pergunta Foster mexendo em sua gravata.
— Bastante, senhor Foster. — Me apoio em uma das cadeiras, percebendo que o olhar dele está preso em minhas pernas.
— Não seja tão formal, querida, estamos a sós.
O homem está completamente paralisado, algum tempo depois ele parece retomar o controle e voa em minha direção agarrando minha cintura enquanto beija meu pescoço. Foster me faz recuar até a parede extrema, minhas mãos passam por seus ombros, sua barba faz cócegas em minha pele.
Duvido muito que ele tenha algum título grande como "Diretor Mais Aclamado do Missouri", mas assim que o conheci, fui fisgada primeiro pela recompensa de ter um caso com ele, e depois pelo mísero fato de que sua boca sabe como me satisfazer.
Foster está apalpando minhas coxas, pronto para iniciar uma guerra ali mesmo, mas é impedido antes que encontre meus lábios. Seguro seu rosto, afastando-o do meu.
— Espere um pouco, teremos muito o que conversar hoje à noite. Tenho que ir trabalhar agora.
Suas orelhas ficam vermelhas e seus olhos estão repletos de desejo, no entanto ele obedece.
— Está bem, tentarei resistir.
A expressão gravada na face de Foster quando nos afastamos é de pura selvageria, quer me devorar de uma vez por todas. Admito gostar um pouco desse lado dele, mesmo que me assuste um pouco. Já deixei homens loucos, mas não cheguei ao ponto de fazê-los me encarar daquela forma como se eu fosse a única coisa que importasse no mundo.
Abandono o diretor Foster, pronta para iniciar meu trabalho. Atravesso dois corredores vazios que logo estarão inundados de adolescentes barulhentos. Paro em frente à minha sala, me preparando com um suspiro e passo pela entrada abraçando meu livro. Os alunos estão despojados, jogando conversa fora, meu bom-dia não sai tão alto quanto deveria sair, porém consigo captar a atenção deles fazendo um barulho bem alto deixando o livro grosso cair sobre a mesa.
— Bom dia, turma — coloco os braços atrás das costas, dando tempo para eles se sentarem direito. Os garotos são os primeiros, as meninas parecem desconfiadas. — Serei sua professora substituta, Amaryllis Griffin.
Sou recebida com um "seja-bem-vinda". Varro a sala pelo mar de cabeças até encontrar um par familiar de olhos. Olhos calmos como âmbar, cabelo preto se embolando no topo de sua cabeça. Benjamin García está no centro da turma com os braços cruzados. Pela largura de seus ombros e o formato de seu rosto, arrisco a imaginar o tipo de homem que irá se tornar. Ele estava quieto antes mesmo da minha presença, o único isolado do bando.
Andando de um lado para o outro, explico como abordaremos cada assunto e não consigo evitar a satisfação de estar finalmente dando aula. Me formei com muito esforço, adquiri experiência em estágios e agora posso me orgulhar disso.
Minha explicação e meu devaneio são interrompidos:
— Ei, professora, tente não ser tão chata como a última.
Localizo o garoto responsável pela interrupção e dou alguns passos até seu assento.
— Ok, estou aberta a sugestões.
Ele mostra seus dentes em um sorriso suspeito, passando as mãos pelo cabelo e encarando seus colegas.
— Que tal brincarmos daquele jogo onde você faz uma pergunta para cada aluno enquanto tira uma peça de roupa?
Continuo séria em meio aos risos que escalam as paredes. Ah, sim, o palhaço. Sempre haverá um, independente de onde você vá.
De repente, Benjamin empurra sua cadeira para trás, fazendo caminho até o garoto piadista, agarra a nuca dele e pressiona seu rosto contra a mesa.
— Mais respeito, Charles, seu merdinha.
A sala fica em silêncio, fomos pegos de surpresa pela atitude dele. Os risos param, menos os cochichos.
— Benjamin, tudo bem. — Levanto a mão, me apressando para evitar uma confusão no meu primeiro dia.
— Eu não fiz nada, filho da puta. — Charles se debate, mas é solto quando o garoto me obedece.
Charles lança um olhar perigoso para o colega, passando a mão na própria nuca. Engulo em seco tentando não perder a postura. Os olhos de todos eles estão caindo em mim agora, estão esperando a adulta aqui mostrar o porquê deveria ser respeitada.
— Vamos jogar, então. — Cruzo os braços parando na frente de Charles.
Ele fica sério, talvez incrédulo. Levanto um dedo e prossigo: — Toda vez que eu fizer uma pergunta e você errar, perderá pontos.
Charles salta da cadeira.
— Espera um momento, eu sou péssimo em matemática.
Pisco lentamente, tomando controle da situação ao perceber que os alunos já não me encaram de maneira suspeita.
— Então, acho bom o senhor estudar bastante.
O silêncio permanece. Lanço uma olhadela de agradecimento para Benjamin, que finalmente encontra um motivo para se sentar novamente. Jurava que as suas palavras eram falsas, pois elas me conquistaram. Prevejo um laço entre nós dois, somos parecidos, não ficamos apenas nas palavras, também sabemos agir.
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Atualizado até capítulo 110
Comments
Toyzin
Mais um para eu ler.
2024-02-12
2