Tiro meu moletom quando me aproximo de casa, o cheiro dela está abraçado no tecido. E como não estaria? Dormimos agarrados, nem seria exagero dizer que essa foi a melhor noite do ano. Assim que acordei, a senhorita Griffin ainda estava dormindo, então aproveitei para ir embora na ponta dos pés.
Ao entrar na sala sou recebido pelos olhares curiosos dos três, John está incrédulo.
— Desde quando você tem amigos, Benjamin? — pergunta meu pai bebericando do café.
Meu pai é como um titã, seja por seu tamanho ou pelo grave em sua voz.
— Sou um adolescente aproveitando a vida escolar, como não teria?
Minha mãe levanta trazendo seus trovões para a discussão, ela tem a personalidade de uma mulher séria, mas seu temperamento é uma tempestade.
— Sabe quantas reclamações eu ouvi ontem à noite sobre meu querido filho que quebrou o nariz de outro garoto?
— Eu me defendi. Podem me castigar ou fazer qualquer coisa, mas não vou abaixar minha cabeça pra esses caras do colégio.
Meu pai balança a cabeça.
— Gosto muito dessa atitude, mas existem outras formas de resolver isso sem violência, Benjamin.
— Preciso saber onde estava — minha mãe bate o pé repetidas vezes, cada uma batida é um trovão. — Quero a verdade.
Começo a suar frio ao pensar no caos que seria se contasse como foi a minha noite: "vocês não vão acreditar, família, eu dormi com a minha professora de matemática e ela estava usando lingerie". Após colocar meus neurônios para trabalhar e parar de pensar nela, volto para minha defesa:
— Um amigo, eu não queria enfrentar vocês. Não faço de propósito, vocês se esforçam para nos criar, não sou um ingrato.
Não era necessariamente mentira, estava realmente preocupado com a reação deles, mas esqueci de tudo após a mensagem.
— Vamos deixar assim por enquanto, querida. — Meu pai tenta abrir seu guarda-chuva na tempestade, mas minha mãe o encara lançando seus raios.
— Você dormiu bem lá, brother? Sua cara está péssima. — John se levanta, quebrando a tensão.
— Exageramos no jogo. — Coço a parte de trás da cabeça.
Nossa mãe revesa o olhar entre nós acreditando na atuação de John, irmãos mais novos são muito úteis. Agradeço a ele com um olhar. John foi meu sol no meio da tempestade.
...
Tirando os meus pensamentos impróprios durante as aulas, principalmente a aula dela, o dia está indo tranquilo.
A senhorita Griffin não olhou para mim uma única vez, e eu prefiro manter assim. Continuo perplexo com a mudança dela, ontem à noite era um maremoto e agora não passa de um oceano congelado fazendo seu papel como educadora.
O sinal chacoalha o colégio, sou levado pela manada de estudantes como um idiota delirando em sua própria cabeça. Eu me sinto tão bem.
Scarlett começa a andar ao meu lado em direção à saída, nem a chatice dela pode roubar meu bom humor.
— Aí, lindinho, não se fala outra coisa a não ser na nova professora.
Dou de ombros, indiferente.
— O que é novo sempre chama atenção.
E como chama.
Ela estava de lingerie e sem sutiã, como não chamaria atenção?
Pensa em como esses caras ficariam com inveja ao descobrirem o que aconteceu entre nós dois. Os nerdolas e os valentões estão no mesmo patamar, agora eu estou acima de todos.
Recebo uma mensagem de um número desconhecido. Viro um pouco a tela para Scarlett não ver. Meu coração trava quando leio a mensagem.
"Cooperador N°04, você tem cinco horas para derrotar os membros novatos da gangue Gray's"
Desligo o celular sem questionar a ordem. Preciso apenas fazer isso.
— Que confusão é aquela?
Scarlett aponta para a entrada do colégio onde quatro garotos judiam de um menino franzino. Os curiosos se reúnem em volta da bagunça.
Por sorte não me fizeram andar muito.
Abro caminho até chegar até eles.
— Vocês sabem lutar ou apenas latir?
Os quatro deixam o menino ajoelhado e se viram na minha direção.
— Como é? — o esqueleto cabeçudo liderando os outros retardados se aproxima.
— Ficou louco, idiota? — Scarlett puxa meu braço. — Eles são quatro.
— Acredite, ainda é pouco — me solto dela e fico a um passo de distância.
— Sabe quem somos, florzinha? — esqueleto mostra seu bíceps (é um graveto, na verdade) com uma tatuagem torta fazendo referência a tal gangue Gray's.
O líder é derrubado com um soco no queixo, sem qualquer chance de levantar de novo. Os outros voam para cima, mas cuido deles com socos carinhosos enquanto Scarlett grita desesperada.
— Como fez isso? — ela bloqueia a boca enquanto os espectadores atrás dela filmam e aplaudem.
Levanto o polegar para as câmeras e mostro um sorriso bobo.
Olho o horário e corro para ajudar o meu pai na loja pegando o celular e mandando uma mensagem para o número desconhecido.
"Aqui é o cooperador n°04, missão cumprida."
...
Encontro meu pai atendendo os clientes. Ele é dono de uma oficina que possui certa fama, atraindo clientes fiéis. Mesmo tendo seus dois ajudantes, faz questão que eu o ajude para me passar toda sua experiência.
Entro às pressas para trocar de roupa e ajudar os dois mecânicos.
— Aí, Ben — o mecânico número um sai debaixo de um veículo completamente sujo. — Eu acabei de ver seu vídeo, onde aprendeu a brigar daquele jeito?
Coloco as mãos atrás da cabeça. Aqueles desgraçados estão viralizando às minhas custas.
— O joinha dele foi a melhor parte — gargalha o mecânico número dois.
— Não deixem o velho ficar sabendo disso. — Corro para o fundo da oficina, tirando a roupa da mochila.
Eu mexi em um vespeiro de uma galera problemática.
Não tinha uma missão mais simplesinha, não?
A verdade é que estou endividado e para pagar essa dívida preciso completar missões de um chefão barra pesada. Normalmente, as missões apareciam a cada dois meses. Pergunto qual é o objetivo em começar uma guerra com essa gangue, a pior parte é que o ódio deles irá se direcionar contra mim.
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Atualizado até capítulo 110
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