Guardo minhas mãos dentro dos bolsos do moletom preto. Mantenho a cabeça erguida, fazendo todos se desviarem do meu caminho pelos corredores. Posso escutá-los perfeitamente comentando sobre o acontecido há algumas horas. Pelo visto, sou oficialmente o delinquente odiado. Bom, "odiado" é exagero, os nerdolas estão me admirando e algumas garotas até mesmo mostram interesse.
Uma alma inconveniente decide permanecer no meu caminho.
— Oi, lindinho, o que acha que está fazendo?
Scarlett coloca as mãos na cintura inclinando levemente o torso.
Dou de ombros fazendo uma cara feia.
— Indo pra casa?
— Você quebrou o nariz de um garoto e agora ele está em um estado irreconhecível. Como pode andar por aí tão tranquilo, idiota?
Scarlett aponta o dedo na minha cara. Ela é chamativa, seja pelo degradê castanho presente em seus cabelos toda vez que sua cabeça se mexe ou pela blusa justa expondo a barriga e um piercing. Também veste uma jaqueta com seu ex time de líderes de torcida.
...— Algumas informações sobre Scarlett Hoover —...
...1° Tem 17 anos....
...2° Foi adotada aos sete anos de idade....
...3° Colocou seu primeiro piercing no aniversário de onze anos escondida do pai adotivo....
Levanto o punho.
— Foi só um soquinho, ele é muito dramático, isso sim.
— É melhor irmos embora antes que mais garotos venham atrás de você.
Scarlett me puxa pelo braço às pressas. Não somos namorados, mas é o que parece aos olhos alheios. Há três anos poderíamos ter tido alguma coisa quando me confessei com uma carta de amor idiota e fui recompensado com uma humilhação pública onde a menina dos piercings gritou por todos os telhados que jamais daria bola para um latino de merda.
Bom, agora quem não quer sou eu. Tenho que aturá-la como colega porque não posso fazer nada a respeito, mas não vou mais dar moral como fiz há três anos. Relacionamentos servem apenas para gerar dor de cabeça, viver dia após dia no mesmo estresse, acumulando coisas desnecessárias.
Percebo que tem algo a mais chamando atenção da galera durante a saída. A professora substituta passa por mim com seu salto alto e seu cabelão ruivo. Desacelero os passos captando a fragrância que ela deixou para trás; um aroma gelado assim como suas palavras.
Alguma vez na vida já me senti tão atraído assim?
Escapo dos braços de Scarlett e ando depressa na mesma direção que Amaryllis Griffin foi.
— Ah, pode ir na frente, Scarlett, tenho que resolver uma coisa. — Grito por cima do ombro.
— Vai procurar confusão de novo, garoto?
Seguindo o trajeto dela, dou a volta pelo colégio passando pelos diversos carros dos alunos. Percebo que a professora substituta continua caminhando se afastando do estacionamento e indo para o canto mais deserto, talvez ali esteja seu carro.
Descarto a ideia assim que ela abre a porta do passageiro de um Jeep azul. Apenas uma pessoa possui um Jeep nesse lugar. Por um instante, vejo o diretor Foster ao volante, vidrado na mulher que se senta ao seu lado, uma expressão de pura depravação. A professora vira a cabeça na minha direção antes de bater a porta, por sorte me escondo antes de ser flagrado.
Não faz sentido eu me sentir frustrado por um motivo tão idiota desses, quem se importa se o diretor está trepando com ela? O que eu tenho a ver com isso? Por que eu a segui para início de conversa?
— Você é muito rápido.
Scarlett está atrás de mim, arquejando fortemente com as mãos no joelho.
— Mandei ir pra casa. — Passo por ela irritado por sabe se lá qual motivo.
— Vamos para a minha — rapidamente ela se propõe a caminhar ao meu lado. —Deixa eu cuidar do seu punho.
— Está preocupada comigo? — deixo um riso escapar. — Deveria fazer companhia para o garoto que está no hospital.
— Claro que é só uma desculpa, idiota — declara, socando meu braço. — Quero é ver o que tem debaixo da sua camisa.
Scarlett cobre a boca, envergonhada. Logo seu rosto fica vermelho virando a cabeça de um lado para o outro.
— Quem sabe algum dia. — Balanço a mão no ar.
— Sério mesmo? — ela segura meu braço mais uma vez.
Ignoro os puxões de Scarlett.
Estou concentrado em saber por que fui correndo atrás dela, conversamos por alguns minutos na diretoria mais cedo, ela é linda e atraente, atraente pra cacete. Não é muito difícil encontrar pessoas com essas características por aqui, mas nenhuma delas poderia ter um cheiro tão frio. O diretor Foster está saboreando o perfume dela e isso me incomoda.
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Atualizado até capítulo 110
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