Tive que roubar o Jeep do diretor Foster apenas para me afastar da cena maldita presenciada por meus olhos. A senhorita Griffin está encolhida ao meu lado, vestindo meu moletom ao invés de sua blusa rasgada. Está perdida olhando através da janela.
Um chute na têmpora foi o máximo que consegui para derrubá-lo, pois minha verdadeira vontade foi outra. Vasculhei seus bolsos até encontrar a chave do carro. A prioridade era tirar ela de perto do diretor pervertido que a deixou em um estado devastado. A frieza já não está mais presente, é apenas uma mulher com muito medo.
Estaciono o Jeep em frente a casa dela. Espero a professora encaixar a chave da fechadura com muita dificuldade, nenhuma palavra é dirigida a mim enquanto ela vai para o quarto pegar duas peças de roupas e depois se perder no banheiro. Escuto a água caindo.
Me jogo no sofá.
Puxo meu cabelo em frustração.
Normalmente, isso se tornaria um escândalo. Aluno e professora se envolvendo, diretor agredido, furto. No entanto, não há nada de normal em minha vida.
Ligo o celular agitando os polegares para mandar uma mensagem para o número anônimo responsável por me enviar as missões.
Eu: Preciso de um favor, me empreste dois homens.
Fico batendo o pé esperando pela resposta que não demora muito.
Anonymous: Sabe qual é a consequência de um favor, certo?
Repenso mais de uma vez a decisão que estou prestes a tomar.
Eu: Preciso de dois homens, senhor.
Anonymous: Eles estão a caminho.
Um grito se perde em minha garganta, não acredito que isso está acontecendo. Enfio a cabeça entre os joelhos para conter a fúria desencadeada. A dívida acabou de aumentar com esse favor só por causa daquele diretor de merda. Estou com muita vontade socar seu crânio até não sobrar mais nada.
Inspiro me erguendo do sofá e libero o ar a caminho do banheiro. A senhorita Griffin se encontra comigo no corredor com a toalha cobrindo seu corpo. O medo ainda mora em seus olhos de avelã.
— Durma um pouco.
Ela segura meu braço.
— Durma comigo.
Com muita hesitação, afasto uma mecha úmida grudada em sua testa, colocando-a atrás de sua orelha. Nos conhecemos recentemente e eu já fiz muito mais do que deveria. Não posso perdoar Foster.
— Volto mais tarde, preciso limpar a bagunça. — Beijo o topo da cabeça dela e vou embora às pressas antes que ela faça perguntas.
Tenho que dirigir de forma imprudente, passando entre os carros para retornar ao colégio, agarrando com ferocidade o volante. Uma noite turbulenta com vários faróis em minha visão. Dou a volta na área da escola com o Jeep, indo para a parte de trás, e estaciono ao lado de uma PX de onde saem dois homens de jaqueta.
Eles são grandes com caras feias e tatuagens exageradas, o tipo perfeito para o serviço. Um deles se inclina para me inspecionar.
— Iremos mesmo obedecer um pirralho?
Em outra ocasião, estaria morrendo de medo dos olhares sobre mim. A questão aqui é que estou sacrificando o resto da minha liberdade para fazer algo tão pequeno. Cerro os punhos mandando a concentração se romper com a dor.
— Esse homem está desmaiado no corredor do colégio — mostro uma imagem do diretor Foster. — Ameacem ele até que fique claro que ele jamais deverá tocar em mulher alguma.
— Nem fodendo que... — o outro levanta os braços com o dedo do meio para cima.
No entanto, seu parceiro dá um tapa na cabeça dele.
— É uma ordem direta do chefe, acha mesmo que ele nos mandaria seguir ordens de qualquer um?
Os dois se encaram entrando em um consenso.
— Agradeça pelo chefe ser seu tio.
O homem bate no meu ombro. O encaro no fundo dos olhos porque é assim que as coisas funcionam com essa gente; a coragem e o destemor representam um indivíduo melhor do que suas palavras. Ele franze o queixo assentindo.
— O que rolou? O diretor mexeu com uma mina sua?
— Não é problema de vocês, adeus. — Dou um chute na porta do jeep com a força necessária para amassar o metal.
Os homens desaparecem ao invadirem a escola.
Apresso meus passos sem olhar para trás.
Essa não é a minha vontade, é apenas a melhor escolha.
Meu desejo real é entrar lá e espancar Foster até a morte. Torturaria ele aos poucos, arrancaria suas unhas, quebraria seus ossos, removeria seus dentes gratuitamente. Meu corpo está quente agora e preciso descarregar a raiva, mas a professora está sozinha e precisa de mim.
Ao retornar para a casa da senhorita Griffin, a encontro em sua cama com roupas de dormir completamente adormecida e com a maquiagem borrada. Não é da minha companhia que precisa, somente de um descanso.
Cubro-a com o edredom até o pescoço, apago a luz.
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Atualizado até capítulo 110
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