"Olá, Ben, poderia vir até a minha casa? Estou precisando de ajuda para um projeto com a turma. Irei te enviar a localização."
Pulo da cama com a mensagem inesperada da professora substituta. Meu coração começa a dar fortes marteladas em meu peito. Saio do meu quarto batendo a porta e invado o do meu irmão logo em frente ao meu sem ao menos bater.
John está no chão, fecha rapidamente o notebook no meio de suas pernas e me encara com os olhos esbugalhados, deixando algo claro em sua expressão: "para que você acha que inventaram as portas?", o ignoro me agachando ao seu lado para ver a tela do meu celular.
— Você recebe mensagem a essa hora dos professores? — John ergue uma das sobrancelhas.
Viro o celular para mim, ainda incrédulo.
— Não, fiquei surpreso também — minhas mãos ficam inquietas. — Deveria ir?
John vira a tela do celular para ele novamente, analisando.
— Ela é muito gata, você já deveria estar lá.
Assinto para ele porque eu faria isso independente da resposta dele. O que a senhorita Griffin está planejando? Não sou nenhum idiota para acreditar que ela simplesmente não pode pedir ajuda ao próprio diretor (seu amante) com algo tão básico. Claro, não estou afirmando nada, talvez ela seja mesmo nova nesse ramo e precise da ajuda do único aluno que a recebeu bem em seu primeiro dia.
Retorno para meu quarto caçando um moletom azul-escuro e uma calça jogger preta. Peço um Uber deixando uma mensagem pronta para minha mãe dizendo que estou indo visitar um colega. Já está bem tarde. Quem visita um colega a esse horário? Mais importante, que professora pediria um favor desses a essa hora da noite?
Pego o Uber, seguindo a localização dela. A professora substituta mora a algumas quadras depois do colégio e isso me tranquiliza um pouco. Só um pouco. Meus pensamentos estão desordenados. Eu deveria ter recusado, você recusaria caso estivesse em meu lugar, certo? O lado ruim disso tudo é a memória insistente que invade meu julgamento. Eu estou indo porque quero ajudá-la ou porque não consigo esquecer seus lindos contornos?
Estaremos a sós em sua casa.
Tomara que o diretor não esteja lá.
Por que estou desejando isso?
Chacoalho a cabeça quando o motorista me deixa em uma rua deserta. Confiro a localização. Fico na frente da casa dela. A luz da sala está acesa. É uma residência bem simples. Toco a campainha e dou um passo para trás.
O coração quer sair pela boca.
A testa está transpirando.
Guardo as mãos nos bolsos do moletom.
Aperto os olhos.
Escuto a porta se abrindo.
Quando os abro, por baixo dos cílios, vejo a Rainha de Gelo encostada na armação da porta. Pestanejo. A professora substituta usa um vestido que vai até o meio de suas coxas, um daqueles pretos com o tecido fino parecendo que vai rasgar em um simples puxão, não consigo ver o que ela usa por baixo, não porque não posso, é porque não quero. Ela está usando algum tipo de lingerie e ainda me chamou aqui.
Torci para o diretor Foster não estar com ela, agora torço para que ele saía de algum canto e me dê uma desculpa para ir embora.
A senhorita Griffin dá espaço para que eu entre, não diz nada. Continua séria.
Não preciso entrar.
Podemos conversar assim mesmo.
Pernas, vocês não estão me ouvindo, droga?
Não entrem aí!
Não, mãos, não fechem a porta.
Agora estamos a sós na sala dela.
Dou uma olhada em volta, o espaço é bem simplista com uma mesa no centro da sala e um sofá triste e esquecido. Noto um copo vazio e uma garrafa pela metade de uísque sobre a mesa. A professora substituta continua me encarando com seu semblante congelado.
Limpo a garganta.
— Qual é o projeto?
— Não existe projeto — ela dá passos lentos pegando o copo com apenas um gole de uísque restante. — Até existe, mas não preciso da sua ajuda.
Meu coração se aquieta ao entender a situação. Ela deve estar bêbada e fez algo sem noção me chamando aqui. Se pudesse, abriria um sorriso gigante para este momento. Estou tão aliviado.
— Como quiser, vou indo nessa. — Estico o braço para alcançar a maçaneta e meter o pé.
— Precisa obedecer os mais velhos, Benjamin — ela diz meu nome com sua voz trazendo o inverno para a sala e congelando minha esperança. — Me acompanhe.
A senhorita Griffin vai para o quarto dando as costas para mim como se quisesse que eu assistisse seu cabelão ruivo caindo sobre suas costas, como se quisesse que eu visse o vislumbre de sua roupa íntima por baixo da lingerie. Se eu fiquei louco com ela de vestido, o que posso dizer dessa cena?
No entanto, me recuso a ir atrás dela. Não sou obrigado a segui-la, vou embora agora e conversar seriamente com ela amanhã. Um aluno e uma professora que mal se conhecem sozinhos em um quarto tarde da noite é algo muito errado. Dessa vez tenho o controle total das minhas pernas.
Tenho um sobressalto ao ouvir o barulho de vidro.
Avanço até o quarto entrando com tudo mais uma vez com o coração chacoalhando. A professora está de pé ao lado de sua cama encarando os cacos do copo sobre o piso.
— Por que me chamou até aqui? — pergunto bastante esgotado.
Ela abre os braços e olha para si mesma nas roupas provocantes.
— Preciso mesmo responder?
Engulo em seco me afogando numa crise histérica. Minha primeira vez foi há dois anos com uma garota que nunca vi na vida, durante uma festa idiota que fui obrigado a ir. Foi algo rápido, uma experiência normal no padrão adolescente. Mas isso... Isso está em outro nível.
— Sou seu aluno, é errado. — Cruzo os braços tentando imitar a expressão intocável dela.
— Bom, se ninguém descobrir, não é tão errado.
— Não tem medo de ser presa?
A senhorita Griffin solta uma breve risada, bem baixinha. Fico surpreso por ela saber rir.
— Quem irá me denunciar? — ela passa por mim. — Está certo, pode ir embora.
Fico sozinho no quarto com minhas pernas bambas. O aroma dela parece ser a minha fraqueza porque toda a minha vontade de ir embora desaparece.
Ela retorna com uma pá e uma vassoura limpando sua bagunça.
Mais uma vez, deixa seu rastro para trás com aquele perfume viciante.
Meus joelhos dobram.
Pernas, me tirem daqui.
A professora substituta se inclina para varrer o restante dos cacos para a pá de forma que consigo ver claramente o decote de sua lingerie, apenas agora percebo que ela está sem sutiã. Meu coração explode na garganta. Pelo visto ela queria que eu soubesse disso porque contínua varrendo naquela posição mesmo não havendo mais cacos no chão.
— Droga... eu topo....
Arregalo os olhos. Até a minha boca está me traindo, o que diabos há de errado com vocês? Estão do lado de quem?
A senhorita Griffin sorri.
— Pode ir se deitando, Benjamin.
Mais uma vez as letras que formam meu nome se debatem pelas paredes como flocos de neve. Ela sai do quarto com sua bagunça.
Ok, corpo. Faça o que bem entender.
Eu me rendo.
Me deito de lado na cama de casal forrada e cheirosa. Não sei o que me aguarda nesta noite. Ela pode ser presa por isso, certo? Deve ser esse o motivo da adrenalina estar triturando meu corpo, estou fazendo algo errado. Mas sou homem o suficiente para assumir a responsabilidade, a questão é como a professora substituta lidaria com isso? Ela tem muito mais a perder do que eu.
Estou de costas para a porta. As luzes se apagam permitindo a escuridão engolir toda a casa. Não escuto os pés descalços dela pelo piso, mas sinto o colchão afundar. Encaro a escuridão e ela me encara de volta. Sinto os braços dela passar por minha cintura me abraçando por trás, sinto o cheiro frio dela, sinto seus seios se pressionando contra minhas costas mesmo que ela esteja usando a lingerie.
Agora ela sabe o quão forte meu coração está batendo.
— Deixe seu nervosismo de lado, só iremos dormir agarradinhos. — A senhorita Griffin faz questão de dizer isso bem perto do meu ouvido.
— Sem problemas...
Minha voz é de um gago que aprendeu a falar corretamente.
Ela pretende mesmo dormir comigo? Pois nunca conseguiria pregar os olhos com meu corpo tão quente.
...
Acredito que as horas tenham corrido.
Já deve ser meia-noite.
Ainda encaro a escuridão, bom, agora consigo enxergar o quarto quase por completo.
A minha professora de matemática ainda está me abraçando, sinto sua respiração na minha nuca. Está dormindo.
Já basta, preciso ir embora.
Aos poucos vou me virando fazendo o colchão balançar.
No momento em que me viro completamente para ela, a professora substituta está me olhando com seu semblante gélido. Ela se aproxima novamente.
Meu rosto é agarrado por mãos delicadas.
Então ela rouba um beijo meu.
É um movimento simples tocando seus lábios nos meus de forma superficial. Depois se afasta.
Não estou mais arrependido de ter batido em sua porta, na verdade, eu queria fazer isso desde o momento em que recebi aquela mensagem.
Seguro a nuca dela pronto para retribuir o beijo, para meu azar, a senhorita Griffin desmaia descansando a cabeça em meu peito. Ela havia bebido o uísque então não pôde resistir ao sono.
Praguejo mentalmente por não tomar uma atitude mais cedo.
Solto um longo suspiro aceitando a derrota.
Deito a cabeça no colchão, me aconchegando com ela em meus braços e fecho os olhos até o sono aparecer.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 110
Comments