Após dar vinte voltas na sala, corrigindo mentalmente as atividades através do tablet, vejo um celular em cima de uma das mesas, lembro que o assento pertence a Benjamin. Guardo o aparelho na bolsa com as outras coisas e me preparo para ir embora.
Ao atravessar o corredor vazio percebo que passei um bom tempo dentro da sala, devo ser uma das últimas pessoas a sair.
— Amaryllis Griffin!
A voz autoritária do diretor Foster me surpreende. Tem mais ligações perdidas dele no meu celular do que estrelas no céu, pensei em brincar mais um pouco, mas tentar qualquer coisa com ele perdeu a graça.
Olho por cima do ombro me preparando para usar um discurso que vai deixar claro nossas posições aqui, não quero ninguém no meu pé. O diretor caminha até mim com passos pesados.
— Olá, diretor...
— Calada, vagabunda. — O diretor Foster segura meu braço com brutalidade.
— Me solta. — Aumento o tom da voz com muito medo repentino
— Eu disse que seria minha. — Foster sopra seu hálito quente não muito agradável em meu rosto.
— Me larga ou eu vou gritar. — Tento puxar meu braço, mas ele é forte demais.
Foster pressiona meu corpo contra o seu, distribuindo beijos nojentos em meu pescoço.
— Não fique se achando, estamos sozinhos.
Sou arrastada até a porta de uma das salas me debatendo com tudo o que tenho, não vou desistir de me soltar, ele não vai ter o que quer. Meus braços são mobilizados, não posso nem mesmo acertar o meio de suas pernas.
Não vou me render!
Foster me arremessa no chão, o impacto na parte de trás da minha cabeça me deixa tonta, completamente mole. Ele fica por cima segurando meus pulsos. Minha visão fica embaçada. Minha blusa começa a ser rasgada. Sinto uma lágrima chegar.
Não, não...
— Você é minha! — o rosto dele está contra o meu, está salivando, um cão sedento prestes a abocanhar seu pedaço de carne.
Fecho os olhos.
Preciso aguentar até o fim.
Sem demonstrar nenhuma fraqueza, nenhum suspiro irá escapar da minha boca. Sem chorar ou tremer.
Estou aterrorizada..
Jamais baixarei a cabeça para esse tipo de lixo.
Completamente aterrorizada.
De repente, o peso sobre mim desaparece me possibilitando uma respiração. Agora o diretor está agonizando ao meu lado com ambas as mãos na testa até não demonstrar mais nenhum movimento.
— Está machucada? — Benjamin se agacha ao meu lado segurando meu rosto.
Por que ele está aqui? Como Foster está desmaiado no chão? Começo a suar frio sendo consumida pela situação. Procuro câmeras pelo corredor e não encontro nenhuma.
Isso é ruim.
Péssimo.
Pela primeira vez estou lidando com as consequências das minhas escolhas ruins. Foster pode ser manipulável, mas em questão de contatos ele tem muito mais poder que eu. Depois disso, duvido que ele não tente mover montanhas para destruir minha vida. Ainda tem o garoto arrastado para isso por minha causa.
Minha culpa.
Pelos meus cálculos, nem mesmo fugir do Missouri me ajudaria a escapar das garras dele.
— O que fazemos agora? — me agarro no moletom de Benjamin como se ele fosse o adulto ali pronto para resolver meus problemas. Ele me abraça sem dizer uma palavra. — O que vamos... Fazer?
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Atualizado até capítulo 110
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