Ovos cremosos mexidos e bacon frito, uma combinação perfeita acompanhada com café. Equilibro a bandeja ao entrar no quarto perfumado. A senhorita Griffin está enrolada no edredom com seu cabelão espalhado pelo fundo branco.
— Eu sei que você está acordada. — Me sento na borda da cama pousando a bandeja ao lado dela.
Ela abre um dos olhos parando de fingir.
— E eu sei que você está atrasado.
Sua expressão parece estranha ao ver o café da manhã que fiz para ela. Porém, ela consegue ser menos fria ao tocar em meu braço. Seu toque é como um agradecimento, também é uma recordação da noite passada. Eu queria ter ido mais longe, mas algo me diz que ela só ficaria nos beijos.
— Somos dois — me afasto dela, esticando os braços. — Nos vemos mais tarde.
...
O dia transcorre muito bem, apesar de ser ignorado pela professora substituta. Ela consegue se transformar em outra pessoa quando está de frente para a turma. E sou o único a ter o privilégio de presenciar seu outro lado.
Preciso fugir da Scarlett durante a saída, ninguém vai estragar meu dia. Eu nem mesmo recebi qualquer missão perigosa que me faria ficar longe de espelhos.
Agora é só ir para casa e ficar relembrando por horas cada detalhe da noite passada.
Estou a duas quadras de casa quando escuto uma irritante voz familiar.
— Aí, seu merdinha, quero ver toda aquela coragem agora.
Seguro as alças da mochila, percebendo meu bom humor escorrendo por meus dedos. Me viro para Charles e sua cara amassada com uma faca na mão. Meu Deus, o cara não sabe nem segurar uma faquinha. Qual a dificuldade?
Olho de esguelha notando que seu parceiro está muito afastado, mostrando seu nervosismo, o que significa que serei acertado pelas costas por outro merdinha covarde em 1... 2... 3...
Giro a cabeça a tempo de ver um magricela erguendo uma barra de ferro e descendo com ela em minhas costas. Inclino o corpo após a pancada. Isso até que dói um pouquinho.
— É o seguinte, você vai deixar eu te acertar dez vezes e então eu te deixo ir.
— Certo. — Permaneço calmo com muito arrependimento de ter tido pena dele naquele dia.
Charles corre como um louco na minha direção erguendo a faca, sem nenhuma dificuldade consigo me esquivar e derrubá-lo com uma rasteira. O magricela tenta me acertar de novo, mas o empurro chutando seu peito, fazendo a barra cair em cima dele. Já o último continua no canto me encarando com muito medo. Levanto o polegar para ele, o garoto sai correndo.
Charles fica de joelhos com as mãos unidas.
— Não me bate, por favor.
— Tá bom. — Bagunço o cabelo dele.
— Sério? — Charles está quase chorando. — Como você fez isso?
— Bebendo muita água.
Bom, beber água é importante, mas tive que comer o pão que o diabo amassou para conseguir este corpo.
Sigo meu caminho ignorando os perdedores no chão, ainda com a cabeça nas nuvens.
É então que sinto falta do meu celular e lembro que esqueci aquela porcaria na sala de aula porque estava como um idiota desligado da realidade.
Dou meia volta me xingando no meu pensamento. Tenho que voltar pra escola. Ninguém merece.
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Atualizado até capítulo 110
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