Capítulo 18 | A Rosa e a Erva Daninha

A Viscondessa de Serafia incessantes vezes ao mês desejava que seu marido fosse um pouco mais consciente de como as ações dele afetavam-na, não no bom sentido. Tão claro como a noite passou para ela, a preocupação não tinha permitido-lhe sequer fechar os olhos.

Era uma completa loucura! Charlotte sequer conseguia entender o rancor de Anastácia pelo Visconde, tanto quando sua inconsequente irmã mais nova, os neurônios de Desmond trabalhavam em um ritmo estranho e longe do entendível.

— Lady Evergreen, precisa repousar! — Em tom exausto, Anna implorou enquanto corria na direção de Charlotte. A criada tomou as mãos da sua senhora, apertando-as com força. — O Visconde irá voltar em breve, estou preocupada com a senhora! Sabe que não pode se esforçar.

Charlotte compadeceu-se com Anna, mas logo retornou seu olhar para os jardins da entrada. Ela adoraria pregar os olhos mesmo que por segundos, mas era impossível. Se soubesse que casar-se com Desmond seria tão árduo… O que estava pensando? Ela ainda se casaria com ele! O maldito era bom de lábia, e, como um peixe ao ver uma isca tentadora, ela havia mordido o anzol.

 — Preciso que meu marido lento perceba que não deve preocupar-me desta forma! — Charlotte puxou suas mão do aperto da criada. Gesticulando freneticamente no ar, ela prosseguiu. — Ele tem todas as dicas, mas sequer consegue ligar os pontos.

— Milady, creio que o senhor desta casa fique mais preocupado com seus repentinos casos de mal estar do que em decifrar o motivo dele. — Derrotada, Anna retornou seus afazeres no cômodo, dando uma atenção especial à penteadeira. Entre as dezenas de maquiagem, aquela embalagem rosa chamou atenção da criada, ela sempre a via entre os produtos, mas a Viscondessa jamais tocara. — Milady, devo fazer algo com isso?

Charlotte destinou seu olhar à criada que

balançava a embalagem no ar.

— Não creio! Livre-se disso! — Charlotte levantou-se abruptamente, a mão repousou sobre seu coração disparado. — O que essa coisa está fazendo aí?

— Foi um presente de sua irmã, Milady — Anne respondeu, confusão clara em sua voz. Charlotte jurou ver um ponto de interrogação acima da cabeça da criada.

— Qual delas? — Charlotte suspirou, ela precisaria ter uma conversa séria se fosse Anastácia.

— A senhorita Natasha.

— Oh — Charlotte não conteve sua surpresa, em um gesto apressado ela estendeu a mão para Anna. — Deixe-me ver.

Vagarosamente, como se abrisse a verdadeira Caixa de Pandora, a Viscondessa abriu a embalagem, não evitando o sorriso ao notar o selo de rosa sobre o pó levemente corado, da exata cor da pele de Charlotte. Preso na tampa havia um recado: desculpe, irmã. Essa era a única embalagem, mas garanto-lhe que não é veneno. Um pouco abaixo da escrita de Natasha, a Viscondessa deparou-se com uma letra diferente, curiosa e única, era a de Anastácia: Infelizmente.

Charlotte perdeu-se no tempo, sorrindo enquanto observava o recado. Ela não notou quando mais uma pessoa entrou no quarto.

— Querida? Está acordada?

— Sim, milorde. Estou acordada. — Em um estalo, Charlotte fechou a embalagem. Ao virar-se para encarar Desmond, um sorriso sombrio surgiu em seus lábios. — Voltou bem?

Anna, que certamente não gostaria de presenciar a discussão, retirou-se enquanto encarava o chão, buscando esconder seu sorriso penoso.

— Sim. — Desmond respondeu seco, conhecia bem sua esposa e em bons termos ele não estava neste momento. No entanto, aquela embalagem era peculiar… — Devo me preocupar?

Charlotte correu sua visão entre o marido e o objeto em sua mão repetidas vezes. A Viscondessa rapidamente jogou a maquiagem para longe, apenas o pequeno recado permaneceu em suas mãos. Nos passos mais longos que pode, ela caminhou em direção ao marido estendendo-lhe o bilhete e dizendo com pressa, atropelando as palavras:

— Não! — A voz da Viscondessa tornou-se aguda — Aquilo… aquilo…! Aquilo foi coisa da Natasha! É só maquiagem! Não havia outras embalagens. Eu estou irritada, mas, meu bem, você é o marido que eu nunca mataria.

Desmond não evitou um riso alto pelo desespero da esposa. Havia graça em cada mínima ação que ela fazia, cada respirar era mais do que encantador aos olhos dele. O Visconde podia estar exausto, desgastado após longas horas sem dormir, seus ombros estavam tensos pelo estresse e cansaço, mas, no instante em

Charlotte aproximou-se, a palavra “cansaço" desapareceu de seu vocabulário. Ignorando o bilhete, ele puxou-a para próximo de si, uma das mãos envolta na cintura da esposa, os lábios de ambos permaneceram a poucos centímetros de se tocar.

— Você tem as declarações mais…

— Estranhas? — Charlotte interrompeu enquanto admirava de perto os olhos âmbar.

— O marido que você não mataria me parece exatamente… uma declaração estranha. Não há outras palavras. — Rapidamente, Desmond cobriu os lábios da esposa com os seus.

— Não me julgue, eu tive meus motivos para… — Charlotte limpou a garganta enquanto jogava seus braços por cima dos ombros do marido. — …cometer maridocídio.

— Não vamos falar daquele lixo. — A expressão de Desmond tornou-se fechada, mas logo suavizou, como um lapso de rancor o ódio — Há algo mais importante, por que minha esposa está irritada?

— Porque deixou eu e seu filho preocupados. — Ela disse, seco, disfarçando a animação em finalmente contar as boas novas.

— Como? — Desmond congelou, as palavras embolaram em sua mente como um ninho de pássaro. Ele estava em choque, sem reação.

— Estou grávida, Desmond. Queria que notasse por si mesmo, porém… ah! Meu marido é muito lerdo! — Enfim, um sorriso entendeu-se pelo rosto da Viscondessa, iluminado e único.

— Eu pensei que… — Desmond sentiu lágrimas se formarem em seus olhos.

— Eu também, — Charlotte impulsionou-se, o suficiente para que pudesse descansar a cabeça sobre o ombro de Desmond. Na ponta dos pés ela permaneceu. Eu também pensei que jamais poderia ter filhos. — mas milagres acontecem.

No minuto em que os pensamentos do Visconde alinharam-se, ele suspirou. Assim como no dia em que Charlotte aceitou-o como marido, ele abraçou-a. Ela era o amor da sua vida, por sua cabeça nunca algo diferente havia habitado. Ela amava ela e amaria da mesma forma o filho que Charlotte carregava.

Capítulos
1 Prólogo
2 Capítulo 1 | Um estranho muito irritante
3 Capítulo 2 | Um estranho muito irritante - parte II
4 Capítulo 3 | Uma estranha muito familiar
5 Capítulo 4 | Os irmãos
6 Capítulo 5 | A raiz da coincidência
7 Capítulo 6 | Enfim, a coincidência
8 Capítulo 7 | Aquele labirinto de folhas
9 Capítulo 8 | O verde pode ser uma cor viciante
10 Capítulo 9 | Problemas de terceiros, ou não
11 Capítulo 10 | Captain Harry Roderick
12 Capítulo 11 | Três irmãs e uma distração
13 Capítulo 12 | Você está em todo o lugar?
14 Capítulo 13 | Uma rainha em seu trono improvisado
15 Capítulo 14 | A escuridão brilha
16 Capítulo 15 | A garota acometida pela praga
17 Capítulo 16 | Você não sabe o quão bela pode ser.
18 Capítulo 17 | As vítimas
19 Capítulo 18 | A Rosa e a Erva Daninha
20 Capítulo 19 | Croissants
21 Capítulo 20 | O mundo não é gentil com muitos
22 Capítulo 21 | Campo de dente-de-leão
23 Capítulo 22 | Quiçá apenas o início
24 Capítulo 23 | A bagunça de tintas
25 Capítulo 24 | O casal feliz
26 Capítulo 25 | Para você minha mão está sempre estendida
27 Capítulo 26 | Não sentir é diferente de não demonstrar
28 Capítulo 27 | Até amanhã | +18
29 Capítulo 28 | Mocinhos e piratas
30 Capítulo 29 | Ninguém deveria sofrer assim
31 Capítulo 30 | O fim?
32 Capítulo 31 | Uma pequena curiosidade
33 Capítulo 32 | Obrigada por se importar
34 Capítulo 33 | Família
35 Capítulo 34 | Eu te amo mais do que um dia imaginei que seria capaz
36 Capítulo 35 | Eu vou ficar bem
37 Capítulo 36 | Sangue
38 Capítulo 37 | O Conde de Misty Bossom
39 Capítulo 38 | O fim de uma aflição
40 Capítulo 39 | Três dias
41 Capítulo 40 | A chuva trás boa sorte
42 Capítulo 41 | As chamas consediam luz e calor
43 Capítulo 42 | Felicidade
44 Capítulo 43 | Para que o meu querido...
45 Capítulo 44 | Covardia
46 Capítulo 45 | Final
47 Capítulo 46 | Epílogo
48 FIM
Capítulos

Atualizado até capítulo 48

1
Prólogo
2
Capítulo 1 | Um estranho muito irritante
3
Capítulo 2 | Um estranho muito irritante - parte II
4
Capítulo 3 | Uma estranha muito familiar
5
Capítulo 4 | Os irmãos
6
Capítulo 5 | A raiz da coincidência
7
Capítulo 6 | Enfim, a coincidência
8
Capítulo 7 | Aquele labirinto de folhas
9
Capítulo 8 | O verde pode ser uma cor viciante
10
Capítulo 9 | Problemas de terceiros, ou não
11
Capítulo 10 | Captain Harry Roderick
12
Capítulo 11 | Três irmãs e uma distração
13
Capítulo 12 | Você está em todo o lugar?
14
Capítulo 13 | Uma rainha em seu trono improvisado
15
Capítulo 14 | A escuridão brilha
16
Capítulo 15 | A garota acometida pela praga
17
Capítulo 16 | Você não sabe o quão bela pode ser.
18
Capítulo 17 | As vítimas
19
Capítulo 18 | A Rosa e a Erva Daninha
20
Capítulo 19 | Croissants
21
Capítulo 20 | O mundo não é gentil com muitos
22
Capítulo 21 | Campo de dente-de-leão
23
Capítulo 22 | Quiçá apenas o início
24
Capítulo 23 | A bagunça de tintas
25
Capítulo 24 | O casal feliz
26
Capítulo 25 | Para você minha mão está sempre estendida
27
Capítulo 26 | Não sentir é diferente de não demonstrar
28
Capítulo 27 | Até amanhã | +18
29
Capítulo 28 | Mocinhos e piratas
30
Capítulo 29 | Ninguém deveria sofrer assim
31
Capítulo 30 | O fim?
32
Capítulo 31 | Uma pequena curiosidade
33
Capítulo 32 | Obrigada por se importar
34
Capítulo 33 | Família
35
Capítulo 34 | Eu te amo mais do que um dia imaginei que seria capaz
36
Capítulo 35 | Eu vou ficar bem
37
Capítulo 36 | Sangue
38
Capítulo 37 | O Conde de Misty Bossom
39
Capítulo 38 | O fim de uma aflição
40
Capítulo 39 | Três dias
41
Capítulo 40 | A chuva trás boa sorte
42
Capítulo 41 | As chamas consediam luz e calor
43
Capítulo 42 | Felicidade
44
Capítulo 43 | Para que o meu querido...
45
Capítulo 44 | Covardia
46
Capítulo 45 | Final
47
Capítulo 46 | Epílogo
48
FIM

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