Capítulo 20

O apartamento de Fernanda era decorado com simplicidade, mas havia uma atmosfera acolhedora que parecia refletir sua personalidade. Além do sofá e da estante, havia alguns quadros nas paredes, adicionando um toque de cor ao ambiente. Uma pequena mesa de centro ficava entre o sofá e a televisão, onde alguns livros estavam empilhados. A cozinha, mesmo sendo parte integrante da sala de estar, estava organizada, com utensílios pendurados e eletrodomésticos bem dispostos. Enquanto eu aguardava nervosamente, minha mente estava uma bagunça. Olhando para a porta aberta do quarto dela, percebi algumas fotos espalhadas sobre a escrivaninha. Poderiam ser lembranças de momentos felizes ou talvez lembranças de um passado que agora parecia distante.

Quando Fernanda voltou com a água, seus olhos intensos encontraram os meus, e senti como se estivesse diante de um enigma a ser desvendado. Havia algo em seu olhar que eu não conseguia decifrar, algo que me deixava ainda mais tenso. Eu me perguntava o que ela estava pensando naquele momento, se estava magoada, irritada ou simplesmente desapontada. Com um suspiro, ela finalmente se sentou ao meu lado, e o silêncio que se seguiu era quase ensurdecedor.

- Isso é uma brincadeira, né? - ela disse, incrédula, cruzando os braços.

- Como eu queria que fosse. - respondi, respirando fundo, sentindo o peso da situação.

- O que você acha que o casamento ? - ela perguntou, sua frustração transparecendo em seu tom de voz.

- O casamento é algo sério, é para a vida toda... - comecei, tentando explicar.

- Você sabe que é sério, então por que me faz esse pedido? - ela interrompeu, seus olhos buscando respostas nos meus.

- Fernanda, você não está entendendo a gravidade da situação. Meu pai vai tirar o projeto das nossas mãos, ele acredita que você e o Garcia vão pegar o projeto. - expliquei, sentindo a tensão aumentar. - Eu confio em você e nele, mas meu pai não. Ele já passou por uma situação semelhante antes e não quer repetir isso.

- Por que você não deixa ele comandar? - ela perguntou, claramente intrigada com a minha decisão.

- Você quer mesmo perder o projeto que vai fazer sua carreira decolar? - perguntei, buscando enfatizar a importância da situação.

- Eric, isso não é justo. - Fernanda disse com um tom de frustração evidente em sua voz.

- Eu sei que não é justo, Fernanda. Mas estamos lidando com a realidade aqui. Se não encontrarmos uma solução rápida, meu pai vai tomar medidas drásticas. - Respondi, tentando transmitir a urgência da situação.

- E você acha que casar é a solução? - Ela perguntou, parecendo incrédula.

- Não é a solução ideal, eu sei. Mas é a única opção que vejo agora para manter o controle do projeto e evitar um desastre. - Expliquei, sentindo o peso das palavras que acabara de proferir.

- E como será esse casamento? - ela perguntou frustrada. - Não quero envolver minha família nisso.

- Vamos casar apenas no civil. - respondi. - E para ser justo, vamos fazer um contrato?

- Você está assistindo muita novela. - ela foi ironica.

- Neste contrato, haverá algumas cláusulas que definirão o que podemos ou não fazer.

- Tipo?

- Tem algo para eu anotar? - ela se levantou e foi até o quarto. Logo voltou com o caderno e uma caneta. - Vamos fazer as cláusulas.

- Primeiro, você não vai me tocar. - ela disse brava.

- Ué, mas isso é impossível, como vou pegar na sua mão se precisar? - indaguei, tentando entender.

- Não digo nesse sentido, você entendeu. - ela disse um pouco envergonhada.

- Ah, claro! - respondi, começando a escrever. - Entendi. Vou colocar: Nenhum toque físico, exceto em caso de emergência médica.

- Ótimo. - ela disse, concordando.

Enquanto escrevíamos a cláusula, eu ficava pensando como seria morar junto com ela, estar com ela na mesma casa. Uma mistura de empolgação e nervosismo tomava conta de mim, mas também havia uma dose de antecipação e esperança pelo que estava por vir.

- Bem, eu acho que isso. Vou digitar o contrato e trazer amanhã, o que acha? - sugeri.

- Pode ser. - concordou ela.

- Além disso, podemos incluir também sobre não dormirmos juntos e ficarmos juntos apenas em público, entre outras coisas. - acrescentei.

Depois de discutirmos os termos do contrato, concordamos em revisá-lo e finalizá-lo no dia seguinte.

- E o casamento vai ocorrer neste sábado! - disse, me levantando do sofá.

- O que? - ela levantou-se assustada. - Eu não posso casar no sábado.

- E por que não? - perguntei, surpreso.

- Eu não tenho dinheiro para o vestido... - ela murmurou preocupada.

- Eu vou organizar tudo, não se preocupe. Aliás, sou eu que te coloquei nesta enrascada. - assegurei, tentando tranquilizá-la.

Saí do apartamento de Fernanda com a mente cheia de pensamentos sobre nosso casamento e a perspectiva de morarmos juntos. Apesar de saber que tudo era uma farsa, eu estava surpreendentemente animado com a ideia. De volta à casa, encontrei meu pai na sala, concentrado na leitura do jornal. Me aproximei dele, sentindo uma mistura de emoções.

- Pai, meu casamento será neste sábado. - anunciei, buscando sua atenção. - Ao ouvir minha voz, ele ergueu os olhos do jornal, visivelmente surpreso com a notícia.

- Neste sábado? - Ele repetiu, quase em choque. - Meu filho, mas está muito próximo. São apenas quatro dias.

Assenti, ciente da proximidade da data.

- Sim, eu sei. Mas já está tudo decidido. Amanhã vou procurar uma casa para morar com minha esposa. Quero que esteja tudo pronto para ela poder viajar.

Meu pai pareceu preocupado com a rapidez dos acontecimentos.

- E os convidados? E a festa?

- Será apenas um casamento civil, nós e o Senhor Garcia. - expliquei, tentando tranquilizá-lo.

- E os pais da noiva? - ele questionou.

- Eles não poderão vir, estão fora do país...- eu disse.

- Não vão vir ao próprio casamento da filha? - meu pai pareceu confuso.

- Eles entenderam perfeitamente. Quem não entendeu foi o Senhor pai. - falei um pouco irritado. - O casamento já está marcado, e ponto final.

Meu pai olhou para mim, notando a seriedade em meu tom de voz. Ele pareceu ponderar por um momento antes de finalmente assentir, compreendendo que não havia espaço para argumentos ou mudanças de planos.

- Entendo. - ele murmurou, voltando sua atenção ao jornal. - Bem, então vamos nos preparar para esse grande dia.

Assenti, sentindo um misto de determinação e ansiedade em relação ao que estava por vir.

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