Capítulo 6

Como assim ela foi embora? A notícia pegou-me de surpresa, deixando-me perplexo. Saí do café, sentindo-me atordoado, e me sentei na calçada próxima. Ali, mergulhei em pensamentos, questionando-me o motivo pelo qual Fernanda teria partido. Será que foi por minha causa? Eu precisava encontrá-la, precisava entender o que aconteceu. Minha mente estava em turbilhão, repassando cada momento que compartilhamos, cada palavra trocada. O que eu poderia ter feito de errado? O que aconteceu para ela tomar essa decisão? As perguntas ecoavam em minha mente, sem encontrar respostas claras.

Decidi que precisava agir. Levantei-me da calçada, determinado a descobrir o paradeiro de Fernanda. Era uma necessidade quase urgente, como se uma parte de mim estivesse incompleta sem sua presença. Com passos decididos, retornei ao meu carro e decidi começar minha busca pelo paradeiro de Fernanda. Mas por onde começar? Lembrei-me vagamente de algumas informações que ela compartilhou durante nossas conversas no café. Talvez eu pudesse tentar encontrá-la com base nesses detalhes.

Dirigi pelas ruas da cidade, revivendo mentalmente cada momento que passamos juntos. Suas palavras, suas expressões faciais, cada pequeno gesto, tudo isso se tornou um guia para minha busca. Eu estava determinado a encontrá-la, a esclarecer as dúvidas que pairavam em minha mente. Enquanto dirigia, meu coração batia mais rápido. A ansiedade misturava-se com a esperança de que, em algum lugar, Fernanda estivesse bem e que eu pudesse encontrá-la. Era como se uma força invisível me impulsionasse para frente, alimentando minha determinação de reencontrá-la e entender o que aconteceu. Ao chegar, encontrei minha irmã no sofá, distraída com a televisão.

- Oi! - cumprimentei.

- Oi... - ela respondeu, sem desviar os olhos da tela.

Percebi que meus pais não estavam em casa.

- Cadê o papai e a mamãe? - perguntei, olhando ao redor.

- Eles decidiram dar um passeio. Estavam reclamando que ficavam presos em casa, então dei a ideia de saírem um pouco e eles foram...

- Milagre! Mas e você? Por que não foi junto? - questionei.

- Ah, não... Prefiro ficar por aqui... - respondeu, dando de ombros e voltando sua atenção para a TV.

Pensei em ir para o meu quarto, mas ao notar o semblante tristonho de minha irmã, decidi me sentar ao seu lado no sofá para lhe fazer companhia. Ela estava concentrada em um documentário na TV, o que me pareceu um tanto fora do comum, mas optei por não questioná-la sobre isso. Ela ficou surpresa ao me ver permanecer no sofá, pensando que eu iria para o meu quarto, mas logo sorriu e voltou a assistir à televisão.

-Irmã? - Chamei, mas ela não desviou os olhos da tela.

-Oi? - Ela respondeu sem olhar para mim.

-Está tudo bem?

Ela me encarou por alguns segundos, antes de desligar a TV e voltar sua atenção para mim.

-Você está bem, Eric?

-Estou... Mas por que a pergunta?

-É que é meio estranho você estar em casa neste horário e, mais ainda, conversando comigo e se preocupando comigo. Desde que cheguei, você não me perguntou como estou. Você sempre está enfiado naquele lugar e nunca está em família, nos finais de semana sempre tem algo para resolver, sempre está ocupado demais...

Ficamos em silêncio por um momento, apenas nos encarando. Não quis contestar suas palavras, pois ela tinha razão. Desde o incidente, tenho me dedicado quase que exclusivamente ao trabalho, mas desde o dia em que conheci Fernanda, algo mudou dentro de mim.

Decidi me levantar e ir em direção ao quarto, quando ela falou.

-Me desculpe... É que está sendo difícil para mim lidar com tudo isso. Não está sendo fácil a separação. Eu vivi com o Danilo por vários anos e agora tudo acabou...

Seus olhos começaram a se encher de lágrimas, e eu a abracei.

- Me desculpe por estar tão distante, por não perguntar como você está. Você está certa, tenho estado ausente demais. Mas a partir de agora, vou tentar mudar isso.

- Não precisa se desculpar, Eric... Eu sei que não tem sido fácil para você também. - Ela respondeu, soluçando levemente.

- Ainda assim, isso não justifica minha ausência. Você é minha irmã e deveria estar em primeiro lugar para mim, não importa o que aconteça. Prometo que vou me esforçar para estar mais presente.

Ela me olhou nos olhos, seus traços ainda marcados pela tristeza, mas também com um brilho de esperança.

- Obrigada, Eric... Eu realmente precisava ouvir isso. E saiba que estou aqui para você também, sempre que precisar.

- Obrigado, irmã. Você é incrível. Vamos superar isso juntos, ok?

Escutamos a porta abrir e meus pais entraram animados.

- Stefani, você não quis o passeio, foi ótimo..- disse minha mãe, segurando o braço do meu pai. - Eric? - Minha mãe olhou para mim, claramente surpresa. - Você aqui neste horário, aconteceu alguma coisa?

- Não, mãe, eu apenas tirei o dia de folga. - respondi, pegando o controle remoto da mão da minha irmã.

- Isso é bom, meu filho. Aliás, você precisa descansar muito. Sabe que daqui a alguns dias o senhor Garcia vai fazer uma proposta boa para nossa empresa. - comentou meu pai, sentando-se na poltrona.

- O menino está de folga, Augusto. Pare de falar de trabalho. - interveio minha mãe, com um olhar repreensivo para meu pai.

Aquele final de semana havia sido maravilhoso, passando momentos preciosos com minha família. Na segunda-feira, decidi não chegar tão cedo ao trabalho, aproveitando para tomar café com a família, como prometido. No entanto, mesmo nesses momentos de calma, a pressa sempre parecia acompanhar-me. Dirigi-me para o escritório e cumprimentei todos na recepção, até que minha secretária me informou que alguém estava me esperando na sala. Abri a porta e lá estava Melissa.

- O que faz aqui? - perguntei, tentando manter minha voz firme.

- Vim vê-lo! - ela respondeu, girando na minha cadeira de escritório. Ela usava um vestido vermelho, ajustado ao corpo, emanando uma aura sensual que me incomodava profundamente.

- Não, você não veio me ver. Não posso acreditar que esteja fazendo isso com o Fred - eu disse, minha voz carregada de desapontamento.

Melissa se levantou da cadeira e começou a se aproximar de mim, mas eu rapidamente fiz um gesto com a mão para que ela parasse.

- Calma, gatinho! - ela disse com um sorriso travesso nos lábios.

- Gatinho nada. Você é a namorada do meu melhor amigo. Saia da minha sala agora! - minha voz soou firme, mas por dentro eu estava fervendo de frustração e raiva.

Melissa continuava avançando em minha direção, seus comentários invasivos ecoando na sala. Seus elogios não tinham o efeito desejado; em vez disso, senti uma mistura de desconforto e irritação crescer dentro de mim.

- Eu vim te ver... Você é tão belo, charmoso. Se soubesse que o Fred tinha um amigo gato assim, não teria aceitado namorar com ele! - ela disse, cada palavra soando como um insulto disfarçado de flerte.

- Irei chamar a segurança. Irei contar tudo para o Fred... - ameacei, minha paciência esgotada diante de sua ousadia.

Ela soltou uma gargalhada, parecendo se deleitar com a situação, e seus olhos se fixaram em uma foto de mim e Fred, tirada durante uma viagem ao Caribe. Aquilo me deixou ainda mais desconfortável.

- O Fred não vai acreditar em você. Ele está cego por mim - ela provocou, seus olhos cintilando com uma confiança arrogante.

- Sua louca, saia daqui!! - gritei, minha voz ecoando pela sala, enquanto tentava conter a explosão de raiva que ameaçava me dominar.

Depois que Melissa saiu, deixando um rastro de desconforto e irritação em seu caminho, sentei-me no sofá e respirei fundo, tentando acalmar os nervos. Seu último gesto, um cochicho enigmático e perturbador, ecoou em minha mente, deixando-me inquieto.

Decidi agir. Dirigi-me à recepção e pedi à minha secretária para garantir que Melissa não entrasse mais naquele lugar. Ela pareceu surpresa com minha ordem direta, mas rapidamente assentiu e prometeu cuidar disso.

Ao retornar ao meu escritório, senti um peso sendo levantado de meus ombros. Embora a presença de Melissa ainda pairasse no ar, eu estava determinado a não deixar suas palavras ou suas ações afetarem meu dia. Era hora de me concentrar no trabalho e nas coisas importantes da vida, deixando para trás aquilo que só trazia perturbação.

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